DOIS ATENTADOS TERRORISTAS EVENTUALMENTE MUÇULMANOS EM VOLGOGRADO MATAM MAIS DE TRINTA PESSOAS
Fonte: http://www.publico.pt/mundo/noticia/nova-explosao-em-volgogrado-mata-pelo-menos-dez-pessoas-1617918#/0
Pelo segundo dia consecutivo, de novo na cidade que simboliza a resistência
russa e usando o mesmo método da véspera. O atentado suicida que nesta
segunda-feira matou 14 pessoas em Volgogrado fez mais do que semear o medo –
constitui um desafio ao Presidente russo, Vladimir Putin, faz temer pela
segurança dos Jogos Olímpicos de Inverno e mostra que uma década depois do fim
da guerra na Tchetchénia os jihadistas do Cáucaso continuam capazes de lançar
ataques de grande visibilidade fora da região.
“Esta série de explosões visam criar um clima de
terror antes dos Jogos” de Sochi, disse à AFP o analista Pavel Felgenhauer,
resumindo a suspeita que paira desde que, domingo ao início da tarde, um
bombista detonou os explosivos que transportava à entrada da estação de comboio
de Volgogrado, matando 17 pessoas e ferindo outras 40.
Por ordem de Putin, a segurança foi reforçada nos aeroportos e estações da
Rússia – muito movimentados em vésperas do Ano Novo, a festa mais importante no
país. Na manhã desta segunda-feira, um autocarro eléctrico, repleto de
passageiros, explodiu no centro da cidade. O Comité de Investigações Federais
confirmou que foi um novo atentado suicida – o terceiro na cidade desde 21 de
Outubro, quando uma mulher matou seis pessoas num autocarro.
“Pelo segundo dia, estamos aqui a morrer. É um pesadelo”, disse à Reuters uma
mulher em lágrimas junto ao autocarro, reduzido a uma carcaça esventrada. Além
dos 14 mortos, 28 pessoas foram hospitalizadas, cinco das quais em estado
crítico. “Estamos aterrorizados. Toda a gente saiu dos autocarros e dos
eléctricos e continuou o caminho a pé”, disse outra testemunha à agência Ria
Novosti.
Putin, que ainda não falou aos russos desde os atentados, ordenou um novo
reforço da segurança a nível nacional, com especial atenção em Volgogrado, e
enviou à cidade o director do FSB (ex-KGB), Aleksandr Bortnikov. Dezenas de
países, incluindo Portugal, condenaram o atentado antecipando-se ao pedido de
solidariedade da diplomacia russa, que equiparou os atentados em Volgogrado aos
que visaram os EUA ou a Síria. “Não vamos recuar e vamos continuar a luta contra
este inimigo insidioso que só pode ser derrotado em conjunto”, afirmou em
comunicado.
A mesma pista
Vladimir Markin, porta-voz dos investigadores, revelou que os fragmentos
encontrados no autocarro indicam que a bomba era idêntica à detonada na central
de comboios e admitiu que os dois engenhos “podem ter sido preparados no mesmo
local”.
As autoridades voltaram a não identificar o atacante, dizendo apenas
suspeitar de “um homem em cujo corpo foram recolhidos fragmentos enviados para
testes genéticos”. Domingo, as suspeitas recaíram sobre uma mulher, que a
imprensa disse ser oriunda do Daguestão, república vizinha da Tchetchénia, mas
nesta segunda-feira foi divulgado um vídeo de segurança mostrando um homem a
passar pelo detector de metais da estação segundos antes da explosão.
Mas é no Cáucaso do Norte e nos violentos jihadistas da região que
as suspeitas se concentram, em especial depois de Doku Umarov, o guerrilheiro
tchetcheno que se proclama emir do Cáucaso, ter desafiado os radicais a “usarem
a máxima força” para impedir os Jogos de Sochi, uma competição “satânica”
realizada sobre “as ossadas de muitos muçulmanos”.
A organização dos Jogos assegurou que “tudo o que podia ser feito [para
proteger a competição] já foi feito” e o Comité Olímpico Internacional disse
“não ter dúvidas que a Rússia estará à altura da tarefa”. Putin, que presidirá
em Sochi à primeira grande competição em solo russo desde a queda da URSS, não
olhou a gastos para blindar a estância do mar Negro. O trânsito estará vedado a
não residentes a partir de 7 de Janeiro (um mês antes do início dos Jogos), além
dos bilhetes os espectadores terão de pedir passes de acesso ao recinto,
mediante a apresentação de passaporte e haverá drones a vigiar em
permanência o recinto.
Cidade símbolo
“Isto é uma forma de dizer à Rússia ‘vocês podem montar toda a segurança que
quiserem em redor dos Jogos. As pessoas comuns nas maiores e mais conhecidas
cidades não vão estar protegidas'”, disse à AP Edward Turzanski, especialista em
terrorismo do Foreign Policy Research Institute, nos EUA.
Volgogrado é um alvo mais fácil. Situada entre Moscovo (900 km a norte) e
Sochi (700 km a sudoeste), é a metrópole mais próxima do Cáucaso, ao qual está
ligada por várias linhas de autocarro. Volgogrado, antiga Estalinegrado, foi
também palco da grande batalha em que o Exército Vermelho derrotou as tropas de
Hitler, em 1943. “É o símbolo do sofrimento e da vitória na II Guerra Mundial e
foi escolhida precisamente pelos terroristas por causa desse estatuto na mente
dos russos”, explicou ao Washington Post Dmitri Trenin, do Carnegie
Center de Moscovo.
Na imprensa pediu-se mão dura com os terroristas e um deputado do Partido
Liberal (populista) sugeriu o fim da moratória à pena de morte. Mas todos os
sinais indicam que o Kremlin quer tratar este assunto como um caso de polícia e
não um assunto de Estado – elevar o nível de alerta terrorista a nível nacional
poderia criar alarmismo em redor dos Jogos, dizem os analistas. Mas em marcha
está já uma caça ao homem: a televisão Russia Today noticiou que 260 grupos de
busca e 142 equipas de investigadores estão em Volgogrado, tendo revistado mais
de 1500 locais em menos de um dia.
1 Comments:
Horrível... sem comentários!
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