quarta-feira, julho 31, 2013

CIGANOS CAUSAM PROBLEMAS EM FRANÇA

Em França, com a falta de notícias no Verão, a "questão cigana" tradicionalmente entra nas primeiras páginas dos jornais franceses. Neste ano o round dos debates foi iniciado pelo presidente da câmara da cidade de Cholet (departamento de Eure-et-Loir), Gilles Bourdouleix. O presidente da câmara foi ao acampamento de ciganos, que eles ergueram ilegalmente em território particular e pediu que saíssem. Começou uma discussão e como resultado o presidente da câmara chegou a dizer: "Parece que Hitler não matou suficientes ciganos".
As suas palavras são citadas pelo jornal local Le Courrier de l’Ouest. Aliás, Gilles Bourdouleix desmente esta informação. Segundo a sua versão, os ciganos receberam-no com saudações nazis e gritos de "fascista". Semelhante recepção indignou profundamente o presidente da câmara. "Eu somente disse que se eu fosse Hitler, eles estariam mortos". - declarou Bourdouleix. Provavelmente já lamentou mais de uma vez as suas palavras imprudentes. Contra ele foi instaurado inquérito no artigo "crime contra a humanidade" e os companheiros de partido não quiseram vê-lo nas fileiras do Partido União dos Democratas Independentes e expulsaram-no. O deputado do departamento do Eure-et-Loir e representante oficial do Partido União dos Democratas Independentes, Philippe Vigier, explicou à Voz da Rússia porque foi Gilles Bourdouleix obrigado a deixar o partido:
 – Gilles Bourdouleix, presidente da câmara da cidade de Cholet, do departamento de Eure-et-Loir, onde os chamados "romi" ocuparam várias vezes territórios públicos e particulares para os seus acampamentos, o que levou reiteradas vezes a conflitos. No domingo passado ele, mais uma vez, foi a estes territórios ocupados por ciganos e pronunciou palavras que não têm justificativa nem perdão. Ele disse que Hitler, infelizmente, liquidou quantidade insuficiente de ciganos. Em nenhuma circunstância um deputado, representante da república, poderia ter-se permitido dizer tal coisa. Não temos outra saída além de expulsá-lo do partido. Mas não tivemos tempo de fazê-lo, porque o próprio Bourdouleix saiu, declarando que não deseja ser membro do partido de Jean-Louis Borloo.
 – Conversou com ele? Ele lamenta ter perdido o controle?
 – Ele conversou com jornalistas. Em todo o caso, agora não se trata de problema de consciência e sim de procedimento jurídico. Fosse qual fosse o contexto, ele não deveria ter pronunciado estas palavras. Não tem o direito a semelhantes pronunciamentos. Trata-se de genocídio durante a Segunda Guerra Mundial, um dos mais terríveis momentos na história. A sua função, como representante do poder, era resolver a situação. Um presidente da câmara de cidade enfrenta com frequência tais problemas como ocupação de territórios públicos e particulares, conflitos neste terreno também não são raros, mas como presidente de câmara, como político, é obrigado a contribuir para a união da sociedade.
 – Há anos existem problemas com ciganos em França. As autoridades derrubam regularmente os seus acampamentos e expulsam-nos para fora do país, o que causa descontentamento dos defensores dos direitos. Que solução propõe o seu partido?
 – O governo, tanto o anterior como o actual, é obrigado a observar e aplicar a legislação da França. Ninguém tem o direito de ocupar território alheio, o que leva a processo penal e determinadas sanções. 200-300 acampamentos que os ciganos erguem em territórios públicos criam grandes problemas. É uma situação extremamente conflitante, que causa muitos problemas aos deputados e autarcas, e antes de mais nada aos cidadãos. Há leis, foram aprovadas e devem ser cumpridas. Estendem-se a cada pessoa em França, os ciganos não são excepção. Infelizmente, vemos que a legislação é com frequência selectiva.