quarta-feira, maio 15, 2013

A GRANDE RAIZ SIMBÓLICA DA RECONQUISTA IBÉRICA - BATALHA DE COVADONGA

Batalha de Covadonga, momento histórico épico, de contornos lendários, que se terá dado na Primavera-Verão de 722.

Da Wikipedia:
Após a queda do Reino Visigodo em 711, resistentes aos Omíadas refugiaram-se no norte da Península Ibérica, na cordilheira Cantábrica, e escolheram Pelágio como rei (718), filho de Fávila, um nobre da corte do rei visigodo Égica. Pelágio fixa a sua capital em Cangas de Onís e encabeça a resistência. Ele recusa pagar tributos aos Omíadas e após reforçar o seu exército com combatentes que continuavam a chegar, ataca pequenas guarnições omíadas da região.
Os omíadas, cujo poder na península se concentrava em Córdova, não parecem preocupados com essa insurreição naquela afastada região montanhosa, sem grande interesse estratégico para eles. Tanto mais que os seus recursos eram absorvidos com as campanhas do outro lado dos Pirenéus, contra o reino franco. Mas após a derrota de 721 em Tolosa, o governador Ambiza (Anbasa ibn Suḥaym Al-Kalbiyy), da Al-Andalus, decide enviar uma expedição punitiva contra as Astúrias, vendo ali uma vitória fácil para elevar o moral das suas tropas. Encarrega Munuza na preparação da expedição. Munuza envia então o general Alqama acompanhado por Oppas1 , irmão do antigo rei visigodo Wittiza e arcebispo de Sevilha, para negociar a rendição dos Asturianos. Após o fracasso das negociações, os Omíadas, em maior número e melhor organizados, perseguem Pelágio e seus homens. Os asturianos levam pouco a pouco os Omíadas ao coração das montanhas até atingirem Covadonga, num estreito vale de fácil defesa, quando apenas restavam 300 homens.
(...)

O número de trezentos traz à memória os famosos Trezentos de Esparta que nas Termópilas enfrentaram, e atrasaram decisivamente, o avanço do Império Persa em terra helénica. Como todas as grandes batalhas, a de Covadonga adquiriu assim contornos lendários, reforçando-lhe o cariz de mito fundador - e, como dizia Fernando Pessoa, o mito é o nada que é tudo. O mito é modelo da História e expressão de uma identidade.

E na Batalha de Covadonga, tão glorificada pelos patriotas espanhóis e relativamente esquecida em Portugal, cristaliza-se, mas no bom sentido, todo um espírito de resistência ao invasor, sendo pois natural que aí convirjam elementos mito-históricos que no Ocidente expressem a mesma ideia de altivez resistente contra um poderoso invasor oriental.

A cena em que Opas tenta convencer Pelágio a render-se, essa então é paradigmática e, embora a sua veracidade seja negada por alguns, não deixa de ter credibilidade: Opas, cuja realidade histórica e papel de traição permanece matéria da história factual independentemente deste episódio, afigura-se aqui como representante do que eventualmente terá sido uma boa parte da hoste cristã, que, talvez seduzida pelas promessas de tolerância da parte do Islão, acabou por aceitar passivamente a invasão norte-africana da Península Ibérica, o que bem pode ter contribuído para que a invasão moura se desse tão rapidamente. De notar que o Islão aceita teoricamente a presença, submissa, de judeus e cristãos, que, em portando-se humildemente diante dos muçulmanos e com estes colaborando, por estes serão «protegidos» como dimis.

Quanto a Pelágio, fosse ou não visigodo, ou talvez um quase bárbaro caudilho ásture, constitui neste episódio o exemplo paradigmático do resistente que não se deixa levar pelo argumento do «dado adquirido» com que Opas esperaria desarmar a sua teimosia. Teimosia esta que talvez tenha levado os Mouros a descreverem-no, e aos seus combatentes das Astúrias, como uns quantos «asnos» a rejeitar o domínio muçulmano. Pois foi a partir da resistência triunfal destes «asnos» que, do extremo norte montanhoso da Hispânia, se foi desenvolvendo um movimento de avanço militar para sul, a chamada Reconquista. É por isso a esta «asnice» que os Hispânicos actuais - Portugueses, Galegos, Asturianos, Castelhanos, Catalães, Bascos, até - devem a sua independência e talvez até a salvaguarda da sua identidade indo-europeia diante das forças do outro lado do Mediterrâneo, onde hoje se ajuntam as vozes de ressentimento contra a derrota muçulmana na Hispânia.
Porque os antepassados dos actuais Ibéricos não foram na fita do dado adquirido e da suposta impossibilidade de resistir à onda invasora oriunda do sul.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Um acontecimento que devia ser celebrado com um feriado nacional!

A teimosia pode ser uma qualidade, quando nos tentam impingir o conformismo da submissão à maioria
só para não ter chatices.

Nada que se ensine mais nas escolas. Batalhas e heróis nacionais? duhh -
isso é tudo coisa de alienados reaccionários!

18 de maio de 2013 às 23:53:00 WEST  

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