«CLOUD ATLAS»
Fui ver o filme «Cloud Atlas», dos Wachowski, os mesmo que fizeram o famoso «Matrix». «Pode ser que este não se mostre tão rascamente ideológico como o outro, que diabo, também não podem meter política em tudo, tudo, tudo...», pensei eu...
Ora o enredo é bom e complexo, e não pode negar-se a sua qualidade cinematográfica, em todos os sentidos, do trabalho dos actores ao argumento e à dinâmica do encadeamento dos episódios. Um típico trabalho da elite culturalmente reinante - inteligência ao serviço de uma mundivisão prenhe de universalismo, fraterno-sentimentalismo, esquerdismo colectivista e anti-racismo do mais primário, porque «religiosamente» moralista.
Para começar, abundam negros ao longo do filme, mas nem um deles, nem um só, faz de mau da fita; há brancos bonzinhos, mas todos os maus são inequivocamente brancos.
«Tinha» de haver a cena do bom branco humanista que ajuda um escravo negro e depois é por este ajudado contra um branco mauzão e racista - arranja-se maneira de lhe pôr na boca uma afirmação de ódio racial, mesmo não tendo a natureza da personagem corno a ver com qualquer ideal, apenas com a ganância - e depois o bom branco humanista passa a lutar contra a escravatura, para irritação de um outro mauzóide branco que é racista...
Depois há um assassino profissional branco, bem branco, que é mau mesmo mau e quer matar uma negra porque foi contratado para isso, não há nada de político ou ideológico na sua acção, não se trata de uma actuação racista da sua parte, mas de caminho mostra que é tão mau tão mau tão mau que até mata um cãozinho e logo a seguir a matar o pobre animal profere um insulto racista contra uma mexicana, e mais tarde a mexicana é que salva a negra ao matar o assassino branco (ah, as minorias unidas contra o racista branco, um dos grandes arquétipos esquerdistas do nosso tempo...). E só não apareceu o assassino branco a comer uma criancinha ao pequeno-almoço porque não calhou, talvez fosse demasiado o despropósito de filmar o homicida contratado a tomar a sua refeição matinal. Um adepto sportinguista daqueles mais primários que quisesse satanizar por exemplo um portista ou um benfiquista não faria trabalho mais grosseiramente primário, elaborando por exemplo um curto filme em que se visse um benfiquista/portista a celebrar um golo da sua equipa, a insultar o árbitro por não ter marcado um falso penalti e a seguir a matar um cão, tudo assim, exactamente assim, seguidinho e a toque de caixa, para poupar fita...
A seguir, um branco fraco, cobarde, mas no fundo bonzinho, tem uma espécie de espírito maligno, igualmente branco, a aconselhá-lo a tomar sempre as decisões mais bandalhas, a ponto de num episódio deixar que o seu amigo seja morto por canibais.
Estes canibais por acaso são todos brancos, num futuro pós-qualquercoisacatastrófica, e mesmo estando profusamente tatuados e pintados, à maneira tribal, nota-se perfeitamente que são todos brancos, e todos de olhos azuis, talvez para que na mente de quem vê o filme não restem dúvidas e a associação ao caucasóide seja imediata... canibais maus, maus, maus, sem um toque de humanidade ou nada de bom, claro.
Ora este outro branco do qual se falava mais acima, constantemente aconselhado por um fantasma maligno, acaba por se apaixonar por uma negra doutro povo. Nesse futuro pós-apocalipse, esse branco vive no seio de um povo que se tornou primitivo, quase pré-histórico, com vagas lembranças divinizadas da tecnologia, curiosamente todos estes primitivos são brancos; a negra, entretanto, faz parte dos «prescientes», uma outra parte da humanidade, que manteve conhecimento da tecnologia, e, mais uma vez curiosamente, pelo menos metade dos tais «prescientes» que aparecem no ecrã são negros.
Ora o branco desconfia da negra, até porque a negra, esclarecida, lhe explica que a religião do branco é fundada não em algo divino mas sim numa linda história meramente humana, e às tantas o espírito maligno branco aconselha o branco a matar a negra, e até lhe diz, directamente e com todas as letras, «ela nem é igual a ti, é doutro povo e até é doutra cor, vais deixar que destrua tudo em que acreditas só porque ela te atrai?» (claro, o espírito conselheiro do branco só diz coisas más e dá conselhos maus...) mas o branco consegue resistir ao fantasma e acaba por se juntar à negra e produzir extensa prole mulata, que é a gente do futuro abençoado mais futuro, num planeta distante...
Pelo meio ouvem-se umas lições de moral em jeito de «abertura de espírito», de toque modernaço, do estilo «nova consciência», mas de fundo notoriamente esquerdista, a dada altura uma pobre revoltada até diz que «ser é ser aos olhos de alguém», se me não engano quem definiu assim o ser, de modo relativista, foi Jean-Paul Sarte, o grande guru da intelectualidade ocidental dos anos sessenta, estalinista dos quatro costados, que dizia que a existência precede a essência... materialismo humanista, como se esperaria.
Na mesma onda de «lição de vida» uma voz off diz também que «as fronteiras são feitas para se romperem». As fronteiras «más», entenda-se: a da raça e das convenções sociais tradicionais e tal, tudo o que a modernidade esquerdista quer destruir... até «metem» uma actriz amarela a fazer de branca, e ruiva, a modos que para mostrar como as fronteiras raciais são «relativas», embora se tope perfeitamente que a «branca ruiva» é realmente asiática... Mas as fronteiras são todas para ir abaixo, porque sim, mas atenção que não se fala aqui das fronteiras todas, todas, todas: ainda é cedo, nessas hostes, para dizer por exemplo que a respeito da pedofilia as fronteiras da moral também devem cair, aplicando-se o mesmo a respeito do sexo com animais ou com mortos... e a fronteira da violação também não, claro, as fronteiras são todas para destruir!, excepto, de momento, aquelas de que ainda não se pode falar, porque o povo ainda não está suficientemente mentalizado para isso... por enquanto...
E que tal, entretanto, romper as fronteiras do anti-racismo e criar uma sociedade, algures no planeta, só para brancos? Alto!, que as fronteiras da boa moral anti-racista não são para romper!!, essas não!!!, essa parte das fronteiras não era para dizer!!!!, alto e pára já imediatamente o baile!!!!!, racismo é crime!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!, porque a Constituição diz que sim que é!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!, e tal e coisa, e nesta altura onde é que já vai a converseta pretensamente libertadora de romper as fronteiras do estabelecido...
Eu quando oiço malta desta a falar em «romper as fronteiras», oiço-a com nitidez por trás do palavreado «de rosto humano» que possa utilizar: o que gente dessa índole está na realidade a dizer é «deves romper as tuas fronteiras para ficares a pensar como eu, porque eu as minhas fronteiras não rompo, tu é que tens de romper as tuas... abre os horizontes, ousa pensar!, tudo aquilo em que acreditas está errado... digo eu, que eu é que sei o que está certo, tu não, mas esta última parte não digo assim de caras, que é para tu não perceberes que eu tenho uma agenda e estou a tentar evangelizar-te, eu agora quero é fazer o papel de libertador...»
Fui portanto ver o filme a pensar, racionalmente, que, bolas, os Wachowski também não são nenhuns militantes, não hão-de meter política antirra neste também... Mas meteram. E ao fim ao cabo nem surpreende muito que o tenham feito. Provavelmente aquilo não é conspiração nem militância organizada . É algo de muito mais forte do que qualquer conspiração - é uma mentalidade.
9 Comments:
Caturo disse...
«Para começar, abundam negros ao longo do filme, mas nem um deles, nem um só, faz de mau da fita; há brancos bonzinhos, mas todos os maus são inequivocamente brancos.»
Na trilogia Matrix é a mesmíssima coisa. Alguém mais vê aqui um padrão?
Caturo disse...
«(...)arranja-se maneira de lhe pôr na boca uma afirmação de ódio racial, mesmo não tendo a natureza da personagem corno a ver com qualquer ideal, apenas com a ganância»
Capitalismo = opressão = escravatura. Pelo menos, de acordo com a esquerda universal-totalitarista.
Caturo disse...
«(...) mas de caminho mostra que é tão mau tão mau tão mau que até mata um cãozinho e logo a seguir a matar o pobre animal profere um insulto racista contra uma mexicana»
O homem branco é um ser realmente muito vil. E se os espectadores não pensarem assim, é preciso demonstrá-lo sucessivamente ao longo do filme, não vá a audiência ser maioritariamente branca e não ter percebido ainda que é, também ela, inteiramente constituída por seres muito, mas muito vis.
Caturo disse…
«(…) e mais tarde a mexicana é que salva a negra ao matar o assassino branco (ah, as minorias unidas contra o racista branco, um dos grandes arquétipos esquerdistas do nosso tempo...)»
É uma velha máxima do marxismo cultural: povos oprimidos do mundo, erguei-vos todos juntos contra os odiosos opressores Ocidentais!
Caturo disse…
«Estes canibais por acaso são todos brancos, (…) e todos de olhos azuis, talvez para que na mente de quem vê o filme não restem dúvidas e a associação ao caucasóide seja imediata... canibais maus, maus, maus, sem um toque de humanidade ou nada de bom, claro.»
Pois claro. Quem mais poderia comer outros seres humanos para além dos brancos? Toda a gente sabe que o canibalismo é um fenómeno exclusivo da raça branca! Tem de ser, mas é que tem mesmo de ser, mesmo que não seja!!! Sobretudo se não for!!!
Caturo disse…
«(…) a negra, entretanto, faz parte dos «prescientes», uma outra parte da humanidade, que manteve conhecimento da tecnologia, e, mais uma vez curiosamente, pelo menos metade dos tais «prescientes» que aparecem no ecrã são negros»
Óbvio. Porque a humanidade ainda estaria na idade da pedra se fossem os avanços tecnológicos desenvolvidos pela raça negra. Certo?
Caturo disse…
«(…) mas o branco consegue resistir ao fantasma e acaba por se juntar à negra e produzir extensa prole mulata, que é a gente do futuro abençoado mais futuro, num planeta distante...»
Ainda bem que nos contaste tudo isto. Assim já não vou gastar o meu rico dinheirinho nesta asquerosa peça de propaganda universalista.
"Alguém mais vê aqui um padrão?"
É assim em todas produções Hollywoodescas.
«Titan disse…»
Carago, estás vivo! Há muito tempo que não te via por aqui! :)
Titan disse…
«É assim em todas produções Hollywoodescas.»
Todas, todas, não direi, mas aí uns 99% delas, à vontade. Por exemplo, assim de repente, só me consigo lembrar do filme “Dia de Treino”, em que o Denzel Washignton fazia de vilão...
E também me lembro de um filme do Steven Seagal em que os “maus” eram uma quadrilha de Jamaicanos…
No entanto, há um padrão claro e perturbador de fazer os vilões brancos na maioria das produções hollywoodescas. Isso é absolutamente inquestionável.
E os irmãos Wachowski, ou melhor o irmão e a irmã Wachowski (não sei se sabem, mas um deles mudou de sexo), são particularmente nojentos neste capítulo.
Mas há outros que não ficam atrás, como o Tarantino e o Spielberg. O Amistad, por exemplo, é um dos exercícios de distorção histórica e de demonização do homem branco mais flagrantes que já vi.
Um dos irmãos fez operação para mudança de sexo. Qual é a novidade, ó democrata caturo?
""Fui portanto ver o filme a pensar, racionalmente, que, bolas, os Wachowski também não são nenhuns militantes, não hão-de meter política antirra neste também... Mas meteram. E ao fim ao cabo nem surpreende muito que o tenham feito. Provavelmente aquilo não é conspiração nem militância organizada . É algo de muito mais forte do que qualquer conspiração - é uma mentalidade.""
Wachowski: Judeus.
Está ai a explicação para a tal da mentalidade e de tudo que trata o filme.
Se não me engano um destes é até mesmo um homosexualista que chegou ao ponto de castra-se.
Se for assim então: ótimo. Menos um judeu com testículos no mundo, assim não gera descendência.
Este comentário foi removido pelo autor.
"Carago, estás vivo! Há muito tempo que não te via por aqui! :)"
Também é um prazer para mim estar em contacto com o camarada outra vez.
Carago, estás vivo! Há muito tempo que não te via por aqui! :)
O BRASILEIRO FEZ COM QUE MUITOS CAMARADAS FUGISSEM DESTE SITIO.AQUELE AQUI NÃO DEVERIA POR OS PÉS
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