segunda-feira, setembro 17, 2012

CLUBE MUNDIAL DE ESCRITORES CONDENA ACORDO ORTOGRÁFICO TUGO-FAVELADO

Agradecimentos a quem aqui trouxe mais esta notícia a evidenciar crescente oposição ao acordo abortográfico: http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=2774898 (artigo que com obscena ironia foi publicado sob o novo aborto ortográfico mas que aqui se corrige à luz da ortografia portuguesa)
O PEN Internacional, organização não-governamental de escritores com 144 centros em mais de 100 países, manifestou "evidente preocupação pela ameaça à Língua Portuguesa representada pelo Acordo Ortográfico de 1990", informou hoje o PEN Clube Português.
Em comunicado, o PEN Clube Português afirma que, no 78.º Congresso do PEN Internacional, que terminou domingo na Coreia do Sul, "foi aprovada por unanimidade uma resolução do Comité de Tradução e Direitos Linguísticos que manifesta uma evidente preocupação pela ameaça à língua portuguesa representada pelo Acordo Ortográfico de 1990 [AO/90]".
No congresso, que reuniu 87 centros de todo o mundo, a maioria dos escritores presentes manifestou "incredulidade" e interrogou-se "como se teria chegado a tal situação", afirma o PEN Português.
Segundo o comunicado, na apresentação do tema na Coreia do Sul, a presidente do PEN Clube Português, Teresa Salema, manifestou a "preocupação pela situação com que um número crescente de escritores e tradutores se vê confrontado", nomeadamente pelo facto de muitos não se identificarem com AO/90 ou "de deixarem que os seus textos sejam convertidos para uma ortografia que lhes é alheia, ou de não verem as suas obras publicadas".
Uma preocupação que "foi por todos sentida como um problema complexo", atesta o PEN Clube Português.
"Também os tradutores que em princípio não pretendam seguir o AO/90 se vêem submetidos às imposições administrativas e comerciais", refere o comunicado, citando a resolução aprovada pelo PEN Internacional.
Segundo a resolução aprovada, "tentar centrar uma língua em prioridades administrativas e/ou comerciais é enfraquecê-la ao atacar a sua complexidade e criatividade inata, a fim de promover métodos burocráticos de natureza pública e privada".
Na resolução aprovada afirma-se que, "no que toca ao Inglês, houve tentativas equivalentes para uma aproximação universal no tempo do Império Britânico. Contudo, a força das regiões anglófonas (situação similar à do Português) levou a que tais regras tivessem sido quebradas tanto internacional como naturalmente".
"A força do Inglês actual é amplamente atribuída à sua abertura face às diferenças -- a diferentes gramáticas, ortografias, palavras e, na realidade, significados. Uma das características mais positivas de qualquer língua internacional é o facto de palavras, ortografias, gramática, frases e sotaques assumem significados assaz diferentes como resultado de experiências locais ou regionais", frisa a resolução que acrescenta que "o mesmo argumento poderia ser apontado para explicar a força crescente do Espanhol como língua internacional".
"Duvidamos muitíssimo que essa proposta de estandardização produza outros efeitos além de burocratizar os textos usados nas escolas, separando assim os alunos da real criatividade da língua portuguesa, nos planos regional e internacional", lê-se na mesma resolução.
Segundo o comunicado do PEN Clube Português, no debate da resolução houve intervenções de vários centros, nomeadamente por parte do Centro PEN galego que manifestou "a sua afinidade na diferença linguística [...] reiterando o seu apoio incondicional à Declaração".
"Também o Centro PEN alemão repudiou firmemente a ingerência de autoridades governamentais em assuntos linguísticos de reconhecida complexidade", lê-se no mesmo comunicado, segundo o qual, "o presidente do Comité de Escritores para a Paz sublinhou a sua preocupação pela divisão -- e possível aumento de conflitualidade - que tais medidas estão a causar entre os cidadãos portugueses".
"Todos sentiram ainda o carácter nocivo e desestabilizador de uma medida que fere os princípios pedagógicos da democracia, nomeadamente a intenção de contribuir para um aprofundado contacto de amplas camadas das populações com a diversidade linguística e a herança cultural".
E o mais curioso, e significativo, é que boa parte da elite que defende esta destruição da diversidade da língua portuguesa é boa parte da elite que tanto pugna politicamente pela «diversidade» em termos políticos... Porque para esta gente urge forçar a uniformização da humanidade mas usando para isso a defesa provisória e instrumental da diversidade, para numa primeira fase encher o País de coisas alógenas.