FIDES - A SAGRADA FIDELIDADE, DEUSA DA NOSSA ESTIRPE
Neste dia, os três Flâmines Maiores (sacerdotes devotados a um Deus em particular), Flamen Dialis (Flâmine de Júpiter), Flamen Martialis (Flâmine de Marte), e Flamen Quirinalis (Flâmine de Quirinus), guiavam uma procissão ao Capitólio, dentro de um carro coberto.
Com os dedos das suas mãos direitas envoltos em tecido branco, realizavam sacrifícios às Divindades Fides e Honos.
O poeta Horácio reforça o valor do pormenor da mão coberta de tecido branco ao descrever a estátua da Deusa: «Rara Fidelidade, a Sua mão atada com pano branco».
Isto corrobora a descrição de Tito Lívio [ «Ab Urbe Condita», 1.21.4 ] do culto de Fides instituído pelo rei Numa Pompilius: «Também instituiu um sacrifício anual à Deusa Fides e mandou que os flâmines fossem para o Seu santuário numa biga coberta, e que executassem o serviço religioso com as suas mãos cobertas até aos dedos, para significar que a Fidelidade deve ser protegida e que o Seu assento é santo mesmo quando está nas mãos direitas dos homens».
Os ritos cerimoniais incluíam a purificação e a comemoração do juramento, sendo depois seguidos de festejos.
Trata-se de um ritual que parece ser da maior importância no contexto religioso da Romanidade, e, em termos do estudo de História das Religiões, tem sido um dos elementos cujo estudo contribui para a promoção da teoria trifuncional de Georges Dumézil, segundo a qual os Romanos, sendo Indo-Europeus, têm uma tríade divina na qual um dos Deuses representa a primeira função indo-europeia, a da soberania, do poder mágico e da justiça (Júpiter), outra das Deidades representa a segunda função indo-europeia, a da guerra (Marte), e a terceira Divindade representa a terceira função indo-europeia, a da fertilidade e da produção (Quirinus).
O detalhe da mão direita oculta é, repete-se, de grande relevância, porquanto evoca a importância da mão no juramento, uma vez que o ritual é realizado em honra precisamente da Fides, que é a Fidelidade, conceito de valor crucial para a generalidade dos povos Indo-Europeus. Não é certamente por acaso que dois dos mais importantes Deuses arianos da Índia, Mitra e Varuna, são respectivamente padroeiros do Contrato e do Juramento.
Na tradição nórdica, na céltica e na romana, há uma figura mitológica (historicizada em Roma) que representa de algum modo a Fidelidade, a Justiça, o Juramento (o Direito) e que não tem uma mão: Tyr, do panteão escandinavo, sacrifica uma das mãos para que o lobo Fenrir, inimigo dos Deuses, possa ser preso; Nuadu, rei dos Tuatha de Dannan, (que são os Deuses irlandeses mais importantes), perdeu um/a braço/mão em combate; Mucius Scaevola, sacrificou uma mão sobre um braseiro para mostrar ao inimigo que não tinha medo de sofrer e que por isso não iria trair Roma.
A respeito de Nuadu, é interessante notar uma coincidência que pode revestir-se de grande valor simbólico: sabendo-se que Nuadu ou Nuada foi por vezes considerado o mesmo que Neit, outro Deus irlandês, menos conhecido, mas mais categoricamente ligado à guerra, e sabendo-se que na Ibéria existiu o culto a um Deus da Guerra Luminoso chamado Neton, torna-se particularmente interessante que no norte da Celtibéria tenha sido encontrada uma inscrição na qual se encontra a palavra «Neitin», junto da qual se encontra o desenho de uma mão, talvez uma mão cortada; e é também valioso lembrar que os Lusitanos cortavam a mão direita aos inimigos vencidos; na Lusitânia, encontrou-se uma inscrição dedicada a Netus e outra a Netoni.
Disse Silius Italicus, em «Punica» 2.484-87, a respeito da Deusa Fides: «Deusa mais antiga do que Júpiter, virtuosa glória de Deuses e de homens, sem a qual não há paz na Terra, nem nos mares, irmã da Iustitia, Fides, silenciosa Divindade no coração dos homens e das mulheres.»
A Fides é pois um dos principais constituintes da identidade romana, bem como de outros povos indo-europeus.
O motivo de este dia Lhe ser consagrado deriva do facto histórico de ter sido num primeiro de Outubro que se dedicou um templo à Fides Publica no monte Capitólio (em 258 a.c./495 a.u.c., ou em 254 a.c./499 a.u.c.). Este santuário era usado em certas ocasiões para reuniões do Senado, e cópias de acordos internacionais eram afixadas nas suas paredes.
Disse Silius Italicus, em «Punica» 2.484-87, a respeito da Deusa Fides: «Deusa mais antiga do que Júpiter, virtuosa glória de Deuses e de homens, sem a qual não há paz na Terra, nem nos mares, irmã da Iustitia, Fides, silenciosa Divindade no coração dos homens e das mulheres.»
A Fides é pois um dos principais constituintes da identidade romana, bem como de outros povos indo-europeus.
O motivo de este dia Lhe ser consagrado deriva do facto histórico de ter sido num primeiro de Outubro que se dedicou um templo à Fides Publica no monte Capitólio (em 258 a.c./495 a.u.c., ou em 254 a.c./499 a.u.c.). Este santuário era usado em certas ocasiões para reuniões do Senado, e cópias de acordos internacionais eram afixadas nas suas paredes.
O primeiro de Outubro é também consagrado a Juno Sororio e a Ceres.
O Deus germânico da Justiça, do Céu e da Guerra Tyr quando sacrifica a mão na boca do lobo Fenrir para garantir um falso juramento que permitirá a sobrevivência da sua gente
8 Comments:
http://blogdacotovia.blogspot.com/2011/09/catulo-e-um-nome-que-apetece-ler-todos.html
Caturo, tinhas visto sobre este caso?
http://asatruupdate.blogspot.com/2011/09/response-to-recent-defamation.html
Caturo, existia culto aos dragões no portugal pre romano?
Os dragani tinham algo que ver com dragoes?
Muito possivelmente sim, já pensei nisso.
«http://asatruupdate.blogspot.com/2011/09/response-to-recent-defamation.html»
Tinha sim, e ando há uma semana para escrever sobre ele... obrigado de qualquer modo.
http://www.youtube.com/watch?v=wEZaLEgSzQI&feature=share
Caturo, já alguma vez tinhas visto este vídeo acerca da pintura tumular romana, com a técnica de encáustica? O que achaste?
Os retratos datam desde o século I E.C. até ao V.
Interessantes, alguns quase parecem fotos, tal a exactidão e naturalidade do rosto e das suas cores.
"http://www.youtube.com/watch?v=wEZaLEgSzQI&feature=share"
representações da mais bela raça europeia, que são os mediterrânicos.
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