segunda-feira, abril 04, 2011

SEIS LÍDERES RELIGIOSOS DE FRANÇA CONTRA O DEBATE SOBRE O ISLÃO

Em França, líderes de seis religiões manifestaram-se na passada semana contra o debate sobre o Islão e natureza laica da República Francesa, anunciado para dia cinco de Abril. Altos dignitários católicos, protestantes, cristãos ortodoxos, muçulmanos, judeus e budistas assinaram por isso uma declaração a «alertar» para a eventualidade de tal iniciativa pública, levada a cabo pelo partido UMP, de Sarkozy, poder levar à confusão e à estigmatização dos muçulmanos.
O texto deste documento afirma que o secalurismo é «um pilar do nosso pacto republicano, uma base da nossa democracia, um fundamento do nosso desejo de vivermos juntos. Vamos esforçar-nos para não deitar a perder este precioso bem..» Acrescentaram que «o debate é sempre um sinal de saúde e vitalidade... mas será que um partido político, mesmo no poder, tem a autoridade correcta para levar a cabo um debate destes sozinho?»

Significativo, os líderes religiosos dominantes a porem em causa a «autoridade correcta» de um partido, enquanto por outro lado louvam o laicismo...
Ora num regime laico, a autoridade é definida pela Lei laica - e a Lei laica francesa autoriza um partido a lançar um debate desta natureza. A partir daí, quem não gosta «muda de canal», como sói dizer-se.
Acresce que o UMP até convidou muçulmanos para o debate, os quais de resto recusaram-se a comparecer... Julgariam porventura que com essa recusa desautorizavam moralmente o debate? Os líderes religiosos que assinaram o referido documento talvez pensem que sim... Porque o debate é muito bonito, mas há coisas sérias que não se discutem...

Vários membros do UMP parecem pensar o mesmo, visto que acham que a iniciativa do debate atira o partido demasiado para a Direita e legitima a agenda política da Frente Nacional.

Os seis líderes religiosos disseram que estão prontos para reflectir juntamente «com as forças e autoridades do nosso país para que o factor religioso possa ser um elemento de paz e progresso.» Mas, adicionam, «a aceleração das agendas políticas arrisca, perto de importantes eleições para o nosso futuro, distorcer esta perspectiva e causar confusão que só pode ser negativa.»

Ah, portanto o problema está nas «aceleração»... que as ruas de Paris, por exemplo, fiquem impedidas ao trânsito porque hordas de muçulmanos já têm a arrogante e ofensiva impunidade de interromperem ilegalmente a circulação para orarem em público, isso na opinião destes líderes não atrasa suficientemente a «aceleração»... e falar nisto tão perto das eleições, isso então é que não dá mesmo jeito nenhum, porque estas coisas longe da vista, longe do coração, e se não se falar no assunto, talvez o povinho as esqueça...