PRIMEIRO DE FEVEREIRO - JUNO, CERES, IMBOLC, FESTIVAL DE BRIGIT, E DE BRIGANTIA?
E é hoje, o Imbolc (clicar para ler), celebração céltica de Brigit, e uma das quatro principais festas célticas (sendo as outras o Beltaine, o Lugnasad e o Samain)... motivado pela iniciativa internética de que falei na passada semana sobre a proposta de redigir poemas dedicados à Deusa, escrevi o que a seguir se lê, dedicado obviamente a Brigit, ou Brígida, que pode ser a mesma Divindade a que os Celtas do norte de Inglaterra chamaram Brigantia, que por Sua vez é exactamente o mesmo nome do qual derivou o topónimo de Bragança (terra dos Brigantinos), a qual por sua vez faz lembrar que na Áustria, berço dos Celtas segundo a historiografia céltica, existe a cidade de Bregenz... e não deve esquecer-se também Breogan, personagem mitológica irlandesa que era rei dos Milesianos quando estes ainda viviam na Hispânia, antes portanto de invadirem a Irlanda, e que no século XIX foi transformado pelo Nacionalismo galego em símbolo nacional...
Brigantia faz também pensar na terminação -briga, que se encontra em diversos povoados hispânicos da época da Romanização (Conímbriga, Caetóbriga, Arcóbriga, Lacóbriga, Longóbriga, Nemetóbriga, Miróbriga, Meríbriga, etc.) e que, embora estejam romanizados, parecem ter uma raiz céltica, pois que «briga» significaria «fortificação sita nas alturas», o que por sua vez faz pensar na tradução do teónimo Brigit como «a enaltecida» (in Dictionary of Celtic Myth and Legend, de Miranda J. Green, editora Thames and Hudson) - exaltação, alturas; além de que, sendo o lar indo-europeu fundado em torno do fogo sagrado central (Roma, Grécia, Índia ariana...), e sucedendo o mesmo com a própria cidade de Roma, cujo fogo sagrado era mantido pelas Vestais, sacerdotisas de Vesta, Deusa do Fogo Sagrado do Lar e da Pátria, tal como Brigit, que tem, entre as suas múltiplas atribuições (as Divindades célticas mais relevantes costumam ser polivalentes), a de Protectora do Lar, e também Deusa do Fogo, e Deusa dos Ferreiros, e dos Poetas... não sei se não haveria nas fortificações hispano-célticas um fundamento ígneo, sempre no sentido da protecção do grupo, para isso mesmo é que serviria a briga...
Abriga nos ventres a vida
Abriga o lar e o berço
Abriga e nunca é vencida
Rútila face, semblante d'alvor
Brilho que o espírito acende
Eleva o olhar ao Singelo Fulgor
Cintila no Alto e entende
Láctea corrente virtude
À pala, grei e saúde
Visão de cristal rompe o véu
Do tempo debaixo do céu
Ouve, Brigit,
Sopro de luz hiperbórea
Vibrante chama marmórea
Primeva nos baluartes
Rainha da Forja e das Artes
Do Castro Celeste que guarda tesoiros
Riquezas da alma mais ferros e oiros
Mestria do verso e do aço
Conduz aquilo que faço...
Enquanto isso, no seio da Romanidade prestava-se culto, no dia dois, a Juno Februra, Deusa Celestial da Paixão e dos Prazeres, e a Ceres, Deusa do Crescimento e da Fertilidade.
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