ETNONACIONALISMO CRESCE EM TODO O MUNDO
Eis um artigo do ex-candidato à presidência norte-americana Patrick Buchanan a explicar a ascensão do Nacionalismo a nível mundial (o negrito e a coloração é da minha responsabilidade):
«De pé perante a Siegessaule, Coluna da Vitória que comemora os triunfos militares da Prússia sobre a Dinamarca, a Áustria e a França nas guerras que deram origem ao Segundo Reich, Barack Obama declarou-se um "cidadão do mundo" e falou de "um mundo que se ergue como um só".
Os globalistas gostaram. E é dito que a eleição deste filho de uma adolescente branca do Kansas e de um académico negro do Quénia nos levou a uma nova época "pós-racial".
Estaremos nós a enganar-nos a nós próprios? Mundialmente, a mais poderosa força do século XX, o etnonacionalismo - esse criador e destruidor de nações e de impérios; esse duradouro condutor de povos em direcção a um Estado-nação onde a sua fé e cultura seja dominante e a sua raça ou tribo seja suprema - parece mais manifesta do que nunca.
"O Voto Reflecte a Divisão Racial", lia-se num título do Washington Times a respeito de uma história de terça-feira, "Santa Cruz, Bolívia". Começava assim:
"O voto boliviano para aprovar a nova constituição apoiada pelo presidente esquerdista Evo Morales reflectiu as divisões raciais entre a maioria índia nacional e os de ascendência europeia.
As províncias onde os mestiços e os europeus predominam, votaram contra a constituição. Mas a constituição foi avante com grandes maiorias de tribos índias das montanhas ocidentais, porque esta constituição trata dos direitos de grupo étnico.
Em 2005, Morales chegou ao poder determinado a redestribuir a riqueza e o poder, deslocando-o dos Europeus para a sua própria tribo Aimará e para outros "povos indígenas" que ele diz terem sofrido usurpação por parte dos Europeus que começaram a chegar ao território há quinhentos anos, no tempo de Colombo.
A vitória de Pizarro sobre o Império Inca está para ser revertida.
De acordo com o Artigo 190 da nova constituição, as trinta e seis áreas índias da Bolívia estão autorizadas a "exercer as suas funções jurisdicionais através dos seus próprios princípios, valores, cultura, normas e procedimentos."
A lei tribal está prestes a tornar-se lei provincial, e lei nacional.
O governador Mário Cossio de Tarija, que votou "não", diz que a nova constituição irá criar um "regime totalitário", controlado através de uma "burocracia de base étnica". Morales replicou: "Os bolivianos de origem que têm estado aqui desde há mil anos são muitos mas pobres. Os bolivianos que chegaram recentemente são poucos mas ricos.
A Bolívia está a balcanizar-se, a dividir-se e a ser dividida por critérios de tribo, raça e classe. E, saudado por Hugo Chavez, a Bolívia de Morales não é o único lugar onde as reivindicações de etnicidade, de tribo e de raça estão a vencer as forças do universalismo e da globalização.
Depois de renhidas eleições no Quénia, os Kikyu foram sujeitos a uma limpeza étnica e a massacres por parte dos Luo. No Zimbabué, os agricultores brancos estão a ser desapossados devido à sua ancestralidade. No Sri Lanka, a rebelião tamil contra o domínio cingalês - para criar a nação tamil, uma guerra que custou dezenas de milhares de vidas - parece perdida, por agora.
No tempo de Vladmir Putin, os Russos esmagaram os Tchetchenos, confrontaram os Estónios a respeito das sepulturas militares e dos memoriais de guerra russos, entraram em colisão com os Ucranianos a respeito da Crimeia e derramaram sangue dos Georgianos.
Pequim esmaga os Uigures que querem o seu próprio Turquestão Oriental e os Tibetanos que procuram autonomia enchendo ambas as terras com gente da etnia Han, Chineses.
Na Europa, os partidos populistas anti-imigrante, alarmados com a perda das identidades nacionais, estão a caminhar em direcção à respeitabilidade e ao poder. O Vlaams Belang, procurando a independência da Flandres, é o maior partido do parlamento belga. O Partido do Povo e o Partido da Liberdade são agora o segundo e o terceiro mais populares da Áustria. O Partido do Povo Suíço de Christoph Blocher é o maior em Berna. Em França, a Frente Nacional humilhou o governo nesta semana, ao alcançar mais de metade dos votos num subúrbio de Marselha.
Todos são etnonacionalistas convictos. Escreve o diplomata britânico Sir Christopher Meyer que "é inútil dizer que o Nacionalismo e o tribalismo étnico não têm lugar nas relações internacionais do século XXI."
Entretanto, instituições globais, as Nações Unidas, o FMI e a União Europeia, perderam o seu lustre. Os Checos - cujo presidente, Vaclav Klaus, considera a UE como uma prisão de nações - estão na presidência da UE. Quando a crise financeira atacou, os Irlandeses, os Britânicos e os Alemães correram em apoio dos seus próprios bancos, tal como os Americanos, que salvaram a Ford, a Chrysler e a General Motors, deixando a Toyota, a Hyundai e a Honda a torcer-se ao vento.
Isto é nacionalismo económico.
Dentro do executivo de Ehud Olmert, Avigdor Lieberman é uma estrela em ascensão. O que os os homens de Lieberman advogam, escreve o American Prospect, é "limpeza étnica: tal como o sinistro nome (que se traduz como "A Nossa Casa é Israel") sugere, Yisrael Beitenu acredita que o milhão de cidadãos árabes de Israel têm de ser expulsos."
Barack ganhou noventa e sete por cento dos votos afro-americanos, enquanto John McCain ficou com três por cento desses votos, e noventa por cento contra dez na disputa com Hillary Clinton nas últimas primárias. McCain só esteve mais forte do que George W. Bush em Appalachia, o bastião dos Escoceses e dos Irlandeses. [John McCain é de ascendência escocesa e irlandesa - nota da tradução].
No artigo "Nós e Eles: O Duradouro Poder do Nacionalismo Étnico", de Jerry Z. Muller, publicado na revista "Foreign Affairs", a sua tese é resumida assim:
"Os Americanos desprezam geralmente o papel do nacionalismo étnico na política. Mas... corresponde a algumas propensões duradouras do espírito humano. É galvanizado pela modernização, e... irá guiar a política global nas gerações vindouras. Uma vez que nacionalismo étnico tenha conquistado a imaginação dos grupos numa sociedade multiétnica, a desagregação étnica ou a separação é frequentemente a resposta menos má."
Desagregação ou separação, disse ele.
Estaremos mesmo numa América pós-racial, ou está a nossa América multiétnica e multicultural também destinada à balcanização e à divisão?»
3 Comments:
É verdade tudo o que ele disse.
Saudações
VIVA PORTUGAL!
PORTUGALIZA!
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