terça-feira, julho 22, 2008

CRÓNICAS DE NÁRNIA II

Kate Blanchett, no papel de Bruxa Branca, aparece tão bem ou melhor neste segundo filme do que no primeiro, embora desta vez com muito menor protagonismo


Certa intelectualidade mediática cristã estava satisfeitíssima com a chegada das «Crónicas de Nárnia» de C.S. Lewis ao cinema, mas há também nessa mesma hoste quem se mostre inquieto e incomodado com a presença ostensiva de elementos pagãos na saga, a qual está realmente repleto de figuras mitológicas europeias, tais como centauros e anões e sátiros, e até referências a Divindades (reais ou inventadas), e, segundo dizem os que leram a obra, até o Deus Baco e as Suas Ménadas aí aparecem com boa imagem.

É verdade que o Leão de Nárnia representa, segundo o próprio autor, a figura de Cristo, e é ao Leão que tudo obedece, mas o que tem piada é que este «tudo» é precisamente a Natureza encarada dum modo claramente pagão, havendo até lugar para a manifestação duma espécie de Deus-Rio.

C. S. Lewis, o escritor britânico que criou a saga, não crê que o Paganismo possa algum dia retornar ao Ocidente, e, confiante de todo, até garante que o pagão é facilmente convertível ao Cristianismo, o que só pode ser dito por quem desconheça ou queira ignorar por completo o conflito violento e mortal entre cristãos e pagãos ao longo de mais de mil anos de História Europeia; afirma também que a diferença entre o pagão e o cristão é a mesma que entre a virgem e a divorciada, mas pode ser que «lhe saia o tiro pela culatra», como sói dizer-se...

O segundo filme da obra está já no cinema e não defrauda quem aprecie o género de fantasia. Há entretanto uma mui leve aparência de conflito nacional ou étnico, pois que o Povo dos «maus da fita» é uma espécie de Espanhóis do século XVII, e aliás todos os actores que desempenham personagens deste povo, os de Telmar, tem pronúncia notoriamente espanhola ou afim, em contraste com os «bons», que são os anões, os centauros, os minotauros, os quais, curiosamente, têm todos pronúncia britânica.
De notar também que os Telmarinos ou Povo de Telmar é especialmente adverso a tudo o que seja magia e visa exterminar o povo de Nárnia, o que apresenta um paralelo inequívoco com a Inquisição.
No fim, o Leão dá aos Telmarinos a oportunidade de voltarem para a sua própria terra, o que, convenha-se, é cá duma fascistice-nazice que fáchavor...

É de ver.

14 Comments:

Blogger Silvério said...

Epá ando finalmente a ler o segundo volume das Crónicas do Senhor da Guerra do Bernard Cornwell e não vou parar para ver as Crónicas de Nárnia II, apenas porque não gostei muito do primeiro e claro porque o Merlin sabe dar uma luta muito melhor aos cristãos :D. Claro que depois ei de dar uma vista de olhos um dia destes.

22 de julho de 2008 às 22:10:00 WEST  
Blogger Silvério said...

"Muito bem mas a [treasureseeker] faz falta aqui no GLÁDIO."

Estou de acordo com o anónimo neste ponto, se bem que não pelas mesmas razões. O resto do comentário é que lhe fica muito mal e era dispensável.

22 de julho de 2008 às 22:33:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Este post é uma pequena amostra do mundo de fantasia em que o mestre Caturo vive. Mas pouco mais se pode esperar de alguém que vive fechado em casa com medo de ser levado por algum arrastão que passe por Paço d'Arcos.

22 de julho de 2008 às 22:40:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

"Este post é uma pequena amostra do mundo de fantasia em que o mestre Caturo vive. Mas pouco mais se pode esperar de alguém que vive fechado em casa com medo de ser levado por algum arrastão que passe por Paço d'Arcos."


Os arrastões não são fantasia nenhuma...!

22 de julho de 2008 às 23:02:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Este post é uma pequena amostra do mundo de fantasia

É já um lugar-comum da mediocridade intelectual essa de considerar que apreciar o género de fantasia é viver num mundo de fantasia. Por essa ordem de «ideias», quem gosta da Ilíada ou da Odisseia, é porque vive num mundo antigo repleto de Deuses e heróis... o que, a ser verdade, incluiria toda ou boa parte da classe de eruditos e especialistas em literatura do mundo actual.

Neste contexto, esse chavão mentecapto é também utilizado por gentalha babada de raiva pelo simples facto de que, em discussões várias, os meus argumentos serem baseados em factos, em lógica, e «pior», serem confirmados pelos acontecimentos. E o que digo deita geralmente abaixo as fantasias estupidamente anti-sionistas, bem como a absurda ideia de que o Nacionalismo é compatível com o Cristianismo (e boa parte dos ataques que me são dirigidos vem da beatagem sonsa... :)). Apresento factos e argumentos que estilhaçam as fantasistas visões do mundo paranoicamente anti-sionistas e ilogicamente cristo-nacionalistas, e isso claro, irrita muita gentinha.

Gentinha essa que depois se vinga como pode, mas no anonimato, claro, e o mais das vezes sem explicarem o verdadeiro motivo do seu odiozinho... :)


Mas pouco mais se pode esperar de alguém que vive fechado em casa

Pois, essa então é ainda mais fraca do que a anterior. É que o mestre Caturo anda na rua todos os dias, e até passa por sítios perigosos onde não é rara a súcia das gangues; além de que o mestre Caturo é dos nacionalistas em Portugal que há mais tempo dá a cara em manifestações nacionalistas, enquanto certos anónimos nem cara nem nome, não passam de gentalha cobarde e, para agravar, merdosamente intriguista e caluniadora.

É mesmo assim, zorro - da próxima vez pense bem no que escreve sobre mestre Caturo para que o escarro não volte a cair em cima dessa cachola.

23 de julho de 2008 às 13:35:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Epá ando finalmente a ler o segundo volume das Crónicas do Senhor da Guerra do Bernard Cornwell e não vou parar para ver as Crónicas de Nárnia II, apenas porque não gostei muito do primeiro e claro porque o Merlin sabe dar uma luta muito melhor aos cristãos

O segundo filme é bem melhor, digo eu.

Quanto ao Merlin segundo Bernard Cornwell, é realmente uma personagem de se lhe tirar o chapéu. :) Seguramente uma das mais senão a mais fascinante da obra, digo eu, que nesse particular sou suspeito, pois que a qualidade dos argumentos pró-paganismo que Cornwell põe na boca de Merlin não deixaria, creio, de suscitar a simpatia em qualquer neo-pagão. Desconfio até que Cornwell teve até contacto com este segmento da cultura contemporânea, ou através de gente conhecida, ou por meio de leituras diversas de material neo-pagão...

23 de julho de 2008 às 13:40:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Continuo de qualquer modo a aconselhar que se leia essa obra cum granu salis... olha que ou muito me engano ou Cornwell é traiçoeiro para quem considerar a sua escrita como sendo pró-pagã... :)

23 de julho de 2008 às 13:41:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Ó Caturo e o Rei Escorpião vistes ou não vistes?

23 de julho de 2008 às 18:24:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Já tinha dito que não, dei-lhe apenas uma vista de olhos quando o filme foi transmitido pela televisão.

23 de julho de 2008 às 18:54:00 WEST  
Blogger Silvério said...

"olha que ou muito me engano ou Cornwell é traiçoeiro para quem considerar a sua escrita como sendo pró-pagã... :)"

Epá mas isso são todos, porque ou não estou lembrado, ou ainda não falamos aqui de nenhum autor do "mainstream" que fosse visceralmente pagão.

23 de julho de 2008 às 20:40:00 WEST  
Blogger Silvério said...

Mas exagerei, claro que vou ver o filme, nem que seja apenas pela tal senhora de reconhecida beleza.

23 de julho de 2008 às 20:42:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

"Mas exagerei, claro que vou ver o filme, nem que seja apenas pela tal senhora de reconhecida beleza."

Epá,tens que ver o Rei Escorpião.Isso é que é um épico e peras.

23 de julho de 2008 às 22:00:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Caturo este filme é um filme de e para crianças tu já devias ter idade para ter juizo.

24 de julho de 2008 às 00:12:00 WEST  
Blogger Caturo said...

É um filme ao alcance dos adultos. De resto, só os adolescentes com pressa de serem adultos é que têm medo destes filmes, como é o teu caso.

Acresce que os filmes infantis por acaso até são muito importantes. Muito mesmo. Se eu tivesse paciência e tempo, via-os todos ou pelo menos muitos. Porque são esses que formam as gentes do futuro e é portanto aí que frequentemente se fazem passar mensagens ideológicas.

24 de julho de 2008 às 15:38:00 WEST  

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