terça-feira, outubro 02, 2007

A WICCA NA AUSTRÁLIA

A forma de Paganismo mais divulgada no Ocidente, denominada Wicca, cresce a olhos vistos num dos maiores e mais prometedores países do Ocidente: no mais recente census da Austrália, apurou-se que pelo menos nove mil cidadãos assumem-se como adeptos da Wicca.

O número de wiccanos quintuplicou-se nos últimos quinze anos e o Paganismo no seu todo é uma das religiões que cresce mais rapidamente no País - 0,13% da população é já pagã.
Como alguns sabem, a Wicca é uma religião naturista de culto à Deusa-Mãe (e ao Seu Esposo, o Caçador Cornudo...) que celebra equinócios, solstícios, plenilúnios, que não tem uma ortodoxia definida e cujos praticantes realizam rituais mágicos.
Costuma estar associada à adolescência, mais frequentemente do sexo feminino, embora conte numerosos adeptos de várias idades e de todas as tendências e géneros sexuais. Há na sua espiritualidade frequentemente cor-de-rosa um certo estilo neo-hippy, visível na sua vertente algo feminista, liberalizadora, mais ou menos pacifista (embora também haja militares no seio das comunidades wiccas), tendencialmente universalista. Não tem nenhuma vertente política assumida, mas há nas suas fileiras uma maioria de gente com tendência de esquerda liberal. A repulsa que os pagãos reconstrucionistas têm pela Wicca é por vezes tão radical que muitos deles, eventualmente a maioria, recusa já o rótulo «pagão», entre outras razões porque nada querem ter a ver com este credo mágico.
Há quem pense que a grande divulgação da Wicca no Ocidente não passa de uma questão de moda.
Até pode ser esse o caso - mas, sinceramente, não creio.
E não creio porque, em princípio, as modas são repentinas e avassaladoras, para depois caírem mais ou menos no esquecimento, ou darem lugar a derivados.
Ora a Wicca já circula pelos meandros espirituais ocidentais - europeus e derivados - desde há décadas e a sua expressão, em termos numéricos, sempre se situou ao nível de meia-dúzia de excêntricos, muitas vezes afastados da sociedade. A internet veio auxiliar, e muito, a divulgação desta e doutras religiões pagãs, é certo, mas o que é igualmente certo é que o seu crescimento numérico tem sido constante e sólido, não repentino e subitamente visível por toda a parte, mas sim galopante e dia a dia mais possante.
Diz-se também que a Wicca não é levada a sério por «ninguém» fora do seu restrito círculo de seguidores.
Ora isto faz com que o fenómeno do seu crescimento se torne notório na medida em que se afigura poderoso num futuro próximo - faz a este título lembrar a Ecologia como quadrante político, que era ridicularizada nos seus primórdios - anos sessenta e setenta - e hoje os seus princípios adquirem já foros de primeira instância no que respeita às grandes preocupações do homem actual.
Assim, se a Wicca, mesmo sendo relativamente pouco respeitada, consegue uma disseminação já notória, não há motivo algum para que não se divulgue muito mais ainda o ideal de um retorno efectivo e formal ao culto das antigas Deidades da Europa, por motivos especificamente etnicistas e espirituais, como já começa a suceder no leste eslavo e na Grécia, raiz cultural do Ocidente.

14 Comments:

Blogger Silvério said...

É pena é realmente ser tão universalistas, contudo os wiccans ainda são dos pagãos menos pretenciosos que vão aparecendo.

2 de outubro de 2007 às 19:58:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

O que é que o wicca tem a ver com os aborigenes e o território australiano?

2 de outubro de 2007 às 23:38:00 WEST  
Blogger Silvério said...

Não tem nada, é uma corrente universalista muito pouco fiel a especificidades étnicas.

2 de outubro de 2007 às 23:42:00 WEST  
Blogger Silvério said...

Afinal tem uma, não veicula as tretas monoteístas do costume e a mentira do deus único.

2 de outubro de 2007 às 23:43:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Na Estónia,que não é indo-europeia,cerca de 11% da população voltou aos cultos originais.

3 de outubro de 2007 às 10:02:00 WEST  
Blogger Caturo said...

contudo os wiccans ainda são dos pagãos menos pretenciosos que vão aparecendo

Parece-me um bocado insípida, em geral... mas há coisas piores, de facto.

3 de outubro de 2007 às 11:51:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Na Estónia,que não é indo-europeia,cerca de 11% da população voltou aos cultos originais

Bom indício.

3 de outubro de 2007 às 11:52:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

http://jn.sapo.pt/2007/10/03/sociedade_e_vida/miscigenacao_pode_estar_ligada_a_obe.html

"A população portuguesa das bacias de alguns rios do Sul do país apresentam uma prevalência mais elevada de obesidade e hipertensão do que o resto do país, o que poderá ser uma consequência da existência de uma influência africana histórica marcada nessas populações", referiu.

Populações do Tejo, Sado e Guadiana SÃO MESTIÇAS

ZAGAS

3 de outubro de 2007 às 12:06:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Ó Caturo, pareces a minha tia Amélia, com tanto "santinho". Dass!!

Então, Zagas, também te deu para escrever em blogs mouros?

Depois falamos.

3 de outubro de 2007 às 12:22:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

O comentário anterior é meu.

Suevo

3 de outubro de 2007 às 12:32:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Os Wiccans da Austrália têm estado,ultimamente a documentar-se sobre os cultos tribais dos Aborígines,para formarem uma nova religião verdadeiramente Australiana,meia Europeia,meia Nativa.É bonito.

4 de outubro de 2007 às 09:41:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Existe aqui um engano perfeitamente normal mas que não posso deixar de tentar esclarecer: a Wicca não é uma "Religião" no sentido normal do termo, mas uma ordem iniciática que tem o Paganismo como seu fundo religioso.

Isto está algo esquecido devido à popularização da Wicca que a partir dos anos 80 levou a que os seus conceitos fundamentais fossem esmagados pela prensa da popularização comercial, removendo tudo o que fosse muito "difícil" para o tal público alvo que quer no fundo dar as mãos e bater umas palmas e obter o suposto "glamour" algo gótico.

Acontece contudo que isto não acontece apenas com a Wicca: todas as correntes do Neo-paganismo sofrem desta mal, que é de certa forma inevitável enquanto "dor de crescimento". A Wicca é mais atacada por várias razões:

1) É a Wicca que de facto iniciou o renascimento neo-pagão pelo que foi mais sujeita a todas as evoluções no seu seio. Como durante muito tempo Paganismo era igual a Wicca foi sob esse nome que milhares de "tradições" apareceram

2) Devido ao seu carácter iniciático - supostamente - encerra em si uma atracção comum a quem tem pendor para o "oculto"

3) Foram regra geral membros da Wicca que suportaram a esmagadora maioria das organizações Neo-Pagãs, sendo ainda hoje a coluna vertebral de vários movimentos; isto torna a Wicca o alvo mais apetecido quando se trata de atacar o Neo-Paganismo.

Para explicar melhor o que disse acima vou pegar no que foi dito relativamente aos "reconstrucionistas": que não querem ser "confundidos" e que por causa dos esterotipos algo púeris associados à Wicca não se revêem no termo Pagão. Isto parece-me descrever sbretudo algumas organizações de Asatru e similares, que no alto da sua "pureza" não se querem sequer misturar com os adoradores do pantão Helénico. Acontece que, como disse acima, a Wicca não é uma Religião por si mas sim um "sistema" que utiliza determinados mitos para fim ritual. O pano de funod religioso é o Paganismo e não é por acaso que muita da dita "reconstrução" pagã é feita por membros da Wicca. Pensar que um Wiccan segue a lenda da Deusa e dos Deus *em substituição* dos panteões nacionais é um erro crasso.

Relativamente ao universalismo e à pouca fidelidade às especificidades étnicas não concordo, em parte pelo que disse acima: a estrutura da Wicca é uma e determinada e nasce da confluência de várias tradições Europeias (do Paganismo clássico, nórdico e celta ao Pitagorismo, passando pelo Hermetismo e ocultismo renascentista que por acaso deve muito aos outros pontos anteriores, etc) e é verdade que regra geral é raro haver Wiccans que se dediquem exclusivamente a um panteão - mas tal era extraordinariamente comum a quem compreendia a origem comum das religiosidade indo-europeia. Para além disso é muito comum a Wicca e os seus membros estarem na vanguarda da recolha histórica e etnográfica e na reconstrução de tradições locais. Como já referi esta oposição entre "reconstrucionistas" e Wiccans está fundada num erro fundamental relativa ao escopro de cada um: muitos Wiccans são reconstrucionistas. Claro está, a esmagadora maioria dos Wiccans tem preferências mas são regra gereal conhecedores dos diferentes caminhos pagãos europeus.


Resumindo, é verdade que a Wicca tem vinda a ter uma degradação da usa imagem original, fruto da sua exposição e popularidade, convém separar as águas quando se trata de atacá-la com base nessa imagem deturpada, até porque o mesmo pode acontecer com qualquer termo e chegará um dia em que a palavra "Heathen" (que certos grupos de paganismo Teutónico preferem por não ter as ditas conotações "new age") seja também ela alvo da mesma vulgarização.

Sei que este tópico é antigo mas estou aberto para uma discussão sobre o tema com os restantes Pagãos (creio que o Caturo e o Silvério).

12 de novembro de 2008 às 23:13:00 WET  
Blogger Caturo said...

Compreendo em geral o que dizes; tenho entretanto de fazer uma ressalva a respeito desta parte:

1) É a Wicca que de facto iniciou o renascimento neo-pagão pelo que foi mais sujeita a todas as evoluções no seu seio.

O Renascimento neo-pagão começou no século XVIII, muito antes da Wicca surgir.


Pensar que um Wiccan segue a lenda da Deusa e dos Deus *em substituição* dos panteões nacionais é um erro crasso.

Não digo que não, noto somente que de todas as vezes que li e falei com alguém sobre a Wicca, e nas palestras que frequentei, a maioria dos wiccans só queriam saber da «Deusa» e, de quando em vez, do «Deus Cornudo», ou do «Sol». Cheguei a participar num ritual em que o oficiante, wiccan, chamou a Endovélico «Deus Sol Endovelícos» (com acento no i), sendo que, tanto quanto sei, não há qualquer ligação entre Endovélico e o Sol.

13 de novembro de 2008 às 10:45:00 WET  
Blogger Silvério said...

É verdade que o tópico é velho, mas a discussão é sempre actual, e creio que ninguém consegue arranjar uma definição para a wicca que resuma as vivências de todos os wiccans em todo o mundo. Eu acredito ao contrário de alguns, que wiccans são todos aqueles que se designam como tal, não apenas aqueles que passam por um qualquer ritual iniciático, daí o seu universalismo. Isto talvez por não ver a wicca como uma ordem, o que implica um sistema muito centralizado, mas mais como um sistema aberto, comunitário, construído pelas pessoas que o vivem, isto dá automaticamente direito a todos os que reclamam serem wiccans que o sejam de facto. Claro que posso estar enganado, mas tantos conventiculos independentes, devem ter muitos rituais distintos para proceder à iniciação dos seus membros, apesar de exercerem alguma influencia uns sobre os outros,

Quanto a ser ou não uma região, também concordo que não, mas também nem todos os pagãos são religiosos, religiosos no sentido se serem praticantes de uma qualquer religião. Ser pagão é ter a concepção de um mundo polarizado, com potencias e corpos que exercem forças entre si e criam um equilíbrio que permite a existência da vida, é quase uma questão de física. Uns expressam isso pela ciência, outros pelo conhecimento do oculto, outros pelo culto aos deuses e a outras entidades (note-se que no monoteísmo não existe nem ciência, nem magia e religião é o que se vê), ou tudo em conjunto, a wicca é um elemento de transição para o paganismo, é uma semente que tem no seu eclectismo a sua força e também a sua fraqueza, pois à medida que for crescendo e for ganhando forma a semente há de desaparecer e hão de surgir outras coisas mais trabalhadas e com mais estrutura.

14 de novembro de 2008 às 00:16:00 WET  

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