quarta-feira, janeiro 24, 2007

CERIMÓNIA RELIGIOSA HELÉNICA REALIZADA NO PASSADO FIM DE SEMANA NO TEMPLO DE ZEUS OLÍMPICO EM ATENAS

Desenho reconstituinte da gigantesca estátua de Zeus de Olímpia, feita em ouro e marfim por Fídias no ano de 440 a.c. e considerada como uma das sete maravilhas do mundo antigo.

Uma moderna sacerdotisa segura na mão um ramo de oliveira ao participar, juntamente com mais de duas dezenas de oficiantes, numa cerimónia em honra de Zeus no templo de Zeus Olímpico, sito no centro de Atenas. Centenas de curiosos assistiam.
Os praticantes pertencem a uma associação que conta o tempo a partir da primeira Olimpíada, realizada em 776 a.c..



Desafiando uma interdição veiculada pelas autoridades estatais gregas, uma organização pagã helénica concretizou no passado dia 21 de Janeiro o acto ritual público que anunciara previamente.

A associação, denominada Ellinais (Santa Associação de Crentes da Antiga Religião Helénica), ali representada por vinte ou trinta praticantes, celebrou perante centenas de pessoas uma homenagem religiosa dedicada a Zeus, a Afrodite, a Atena e a outros Deuses no templo de Zeus Olímpico, em Atenas, estrutura com cerca de mil e oitocentos anos de existência.

A Ellinais ignorou deste modo uma proibição emitida pelo Ministério da Cultura alegadamente a bem da preservação do monumento. Os participantes do ritual, por seu turno, não tentaram entrar no templo propriamente dito, que estava fechado; e nenhum dos agentes policiais ali presentes tentou travar a cerimónia.


«Somos Gregos e exigimos que o governo nos conceda o direito de usarmos os nossos templos», declarou uma das sacerdotisas.

Acresce que o grupo afirma ter inicialmente obtido permissão para realizar a cerimónia, mas o ministério da cultura mudou entretanto de opinião.
Acompanhados por um advogado, os praticantes tentaram negociar com os guardas do local arqueológico durante cerca de uma hora até que finalmente conseguiram entrar na área com os seus acessórios.
Um magistrado do ministério afirmou por seu turno que as autoridades estavam predispostas a permitirem o acesso ao tempo, mas sem os atavios antigos transportados pelos praticantes, e permitir-lhes-iam cantar, desde que não usassem instrumentos.
«Não queremos reprimir a liberdade de expressão - mas ninguém pode usar os sítios arqueológicos como se fossem teatros privados», disse um arqueólogo que encabeça o departamento do ministério da cultura que supervisiona o local.
«Estas pessoas não são sérias - não são assim tão diferentes dos cristãos ortodoxos fanáticos», continuou.
Em declaração efectuada após a cerimónia, o ministro da cultura alegou que alguns membros do Ellinais atacaram e ameaçaram o supra-mencionado arqueólogo e os guardas, quando estavam já a sair do templo. «Tomar-se-ão medidas para futuramente evitar eventos ilegais deste género», acrescentou.

A Ellinais foi fundada no ano passado e tem trinta e quatro membros, maioritariamente académicos, advogados e outros profissionais. Venceu uma batalha legal pelo reconhecimento estatal da antiga religião grega e exige agora que o governo registe a sua sede como local de culto, uma medida que permitirá ao grupo a realização de rituais tais como o casamento.
A Ellinais pretende reconstruir todos os antigos templos e fazer do Grego Antigo a língua oficial do País.
«Queremos poder realizar cerimónias em templos antigos. Esta obsessão em tratá-los como meros monumentos tem de acabar. O parlamento grego também é um monumento, mas continua a funcionar. O mesmo se deveria aplicar a este templo», declarou Peppa.

Um dos obstáculos a que tal coisa se venha a verificar parece ser o facto de que o Estado Grego, embora tenha reconhecido oficialmente a associação, não reconheceu ainda o direito da Ellinais a realizar práticas religiosas, segundo Peppa.

Vale a pena lembrar, a este propósito, que a Hélada é ainda desmesuradamente controlado pela Igreja Ortodoxa – de facto, até há relativamente pouco tempo, todos os bilhetes de identidade gregos incluíam nos dados expostos a religião do seu portador, o que pode dar uma ideia das discriminações sociais, profissionais, talvez até criminais, que tal estado de coisas permitiria. A maioria dos Gregos é baptizada pela Igreja Ortodoxa, que rejeita as antigas práticas pagãs.

A Cristandade chegou ao poder na Grécia por volta do século IV a partir da conversão cristã do imperador romano Constantino. No mesmo século, o imperador Teodósio acabou oficialmente com o último vestígio da presença cultural dos Deuses quando em 394 d.c. aboliu os Jogos Olímpicos. Persistiram todavia vários bastiões de adoração pagã até ao século IX d.c..
«Os cristãos fecharam as nossas escolas e destruíram os nossos templos», lembrou um dos participantes do ritual, Yiannis Panagidis, de trinta e seis anos.

Já houve na actualidade casos em que representantes oficiais da Igreja se recusaram a estar presentes na cerimónia de ignição da chama em Olímpia, gesto simbólico que marca o início dos Jogos Olímpicos, porque durante a cerimónia invoca-Se Apolo, Deus Helénico da Luz, da Verdade e da Harmonia.

Ao contrário das religiões monoteístas semitas, a saber, o Cristianismo, o Judaísmo e o Islão, a antiga religião grega não tinha uma moralidade escrita; isto não obstava todavia a que os seus Deuses castigassem os mortais que fossem arrogantes ou quisessem humilhar outros (a chamada «hubris»), tema recorrente nas tragédias de Eurípides e noutros textos antigos, como é disso exemplo a história de Aracne, mulher que desafiou Atena para uma competição na arte de bordar - a Deusa ficou de tal modo irada perante a arrogância de Aracne, por esta pensar ser capaz de vencer uma Divindade, que a transformou numa aranha.
«Não acreditamos em dogmas e em decretos, como outras religiões fazem. Nós acreditamos em liberdade de pensamento», diz um dos praticantes entrevistados.



O RITUAL

Trajados com alvas túnicas de modelo antigo, os adoradores dos Deuses Nacionais Helénicos posicionaram-se junto das imponentes colunas coríntias e recitaram hinos dirigidos a Zeus, «Rei dos Deuses e Motor de todas as coisas», pedindo-Lhe que trouxesse paz ao mundo, em particular para as próximas Olimpíadas, que se realizarão na China em 2008.
«Trata-se dum desejo universal para que haja um acolhimento pacífico das Olimpíadas», explicou Doreta Peppa, uma das líderes do grupo, trajada num robe vermelho sacerdotal. «Adoramos a Natureza e honramos os antigos Deuses helénicos. Cerca de três por cento dos Gregos partilha dos nossos pontos de vista, mas têm medo de o assumir publicamente

«A nossa mensagem é a paz mundial e o modo de vida ecológico no qual toda a gente tem direito à educação», disse Kostas Stathopoulos, um dos três sacerdotes supremos a dirigir o evento, que evocou entretanto as núpcias de Zeus e Hera, a Deusa do Amor e do Casamento.


Enquanto isto, uma sacerdotisa levantava os braços ao céu, pedindo a Zeus que trouxesse chuva ao mundo.

Um dos praticantes, desempenhando a função de arauto, segurava um bastão de metal no topo do qual se encontravam duas cabeças de cobra (o Caduceus, símbolo de Hermes, Deus dos Caminhos e Mensageiro dos Deuses, equivalente ao romano Mercúrio) e proclamou destarte o início da cerimónia. Foi então que alguns sacerdotes, trajados em robes azuis e vermelhos, soltaram duas pombas brancas, símbolos da paz. Um outro sacerdote verteu sobre o solo libações de vinho e de água e queimou incenso num trípode de cobre, enquanto um coro de mulheres e homens entoava hinos religiosos.
«Ó Atena, que as próximas Olimpíadas sejam realizadas como devem ser, como os Deuses quiserem», cantou um homem alto de cabelo longo, trajado com uma capa cinzenta e usando óculos de sol, segurando empunhando o ceptro encimado por duas cabeças de serpente.

Sacerdotisa oficiando perante uma plateia de assistentes em frente ao templo de Zeus Olímpico, um dos monumentos mais notórios de Atenas. Foi completado por ordem do imperador romano Hadriano e em tempos albergou uma colossal estátua de ouro e marfim de Zeus, obra de arte que era considerada uma das sete maravilhas do mundo e que acabou por desaparecer, ou por acção de algum incêndio depois de ter sido transferida para Constantinopla, ou por vandalismo cristão, uma vez que esta obra de arte pode ter estado no interior do templo quando o imperador cristão Teodósio II ordenou a destruição dos templos em 426.

Corte transversal do templo de Olímpia, para que se possa ver a estátua no contexto arquitectónico do edifício.

Visão lateral do corte transversal acima descrito.

O templo de Zeus de Olímpia, tal como era visto de frente quando estavam as portas fechadas


E assim progride a restauração do culto aos Deuses ancestrais europeus. E, no que respeita à versão grega desta religiosidade arcaica, até já o servidor yahoo dá conta da grande busca por informações sobre as Divindades Helénicas, apresentando-as por ordem das mais pesquisadas...

5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Não querendo desrespeitar este seu espaço religioso, só queria dizer-lhe que lhe deixei uma respostita aqui:http://www.blogger.com/publish-comment.do?blogID=5935274&postID=116887385151906783&r=ok

Uma óptima noite e cuide-se do frio que aí vem.
Livia Drusilla

25 de janeiro de 2007 às 18:56:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Desde quarta-feira sem posts?

Será que o Caturo foi tomar posse como secretário-geral do PNR?

26 de janeiro de 2007 às 17:41:00 WET  
Blogger Caturo said...

Ah, rapazotes ladinos & rabinos, sempre a querer atirar com o barro à parede a ver se pega...

26 de janeiro de 2007 às 17:53:00 WET  
Blogger Vera said...

Lololol é o que eu digo..pior que as velhinhas...

26 de janeiro de 2007 às 20:59:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Viva o caturo.O homem tem tido tomates sim senhor.

27 de janeiro de 2007 às 00:58:00 WET  

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