domingo, dezembro 31, 2006

AS FADAS



E porque o tempo da magia solsticial ainda dura, vale a pena dizer qualquer coisa sobre as Fadas,famosas e incontornáveis figuras da tradição espiritual europeia...

As Fadas, figuras femininas, etéreas, imortais e mágicas, ligadas ao Destino - Fada, de Fata, do latim Fatum, que é Fado ou Destino - costumavam, em tempos antigos, ser vistas e invocadas em número de três.
Pensa-se por isso que estariam relacionadas com as três Parcas do Destino, ou Moiras, filhas de ZEUS e de TÉMIS (a Justiça Divina): são Elas CLOTO, que fia o fio da vida, ÁTROPOS, a que corta o fio da vida com uma tesoura de ouro, e LAQUÉSIS, que atribui o quinhão de sorte a cada um.

Matres Também as Mães Divinas célticas aparecem em grupos de três. Muito constantes são as inscrições galo-romanas que As referem, às Matres, sempre representadas em número de três; e, na Irlanda (terra da tradição céltica mais bem conhecida actualmente) sucede o mesmo com a Deusa irlandesa, MORRIGAN, Grande Rainha (Mor, Grande + Rigain, Rainha) nas Suas facetas de MORRIGU, NEMAIN e BADB CATHA, ou MACHA. Morrigan

Há entretanto quem afirme que também a helénica HECATE, Deusa das Feiticeiras, Se representa em forma trinitária.

Na tradição portuguesa, as Fadas aparecem de surpresa aos viajantes, nos caminhos, e concedem a certos predestinados o conhecimento de segredos que lhes permitirão encontrar tesouros escondidos, tais como panelas ou púcaras de moedas de ouro. Impõem testes de coragem e inteligência àqueles que com elas se cruzam e concedem, aos que passam nas provas, o desfrute de fabulosas e incomensuráveis riquezas.

Estão de tal modo associadas ao acto de fiar que aparecem quase sempre como fiandeiras, estando este facto na origem da expressão «mãos de fada», aplicada a mulheres que sejam hábeis em trabalhos de agulha. O linho por estas entidades fiado, é, como se esperaria, por completo isento de falhas.



Nas localidades de Caratão-Mação e do Sardoal, fala-se em «Janas», mulheres de baixa estatura, invisíveis, fiando um linho muito fino e sem nós». Acredita o povo que, se deixar na lareira o linho acompanhado de dádivas - pão e vinho - este linho será pelas Janas fiado, durante a noite.

No Algarve, pronuncia-se «Jãs» ou «Jans», e também se crê que se se colocar um pedaço de linho juntamente com um bolo, ao pé de uma lareira, no dia seguinte o linho estará tão fino como um fio de cabelo.

As Janas ou Jãs portuguesas, conhecidas como Xanas das Astúrias, são mulheres de cabelo longo e pele muito clara que dançam e cantam nos bosques e nos prados, apenas visíveis, talvez, ao pôr do sol, quando os últimos raios do astro rei brilham por entre as árvores...

Provavelmente, estas Janas ou Xanas derivam o seu nome e natureza da Deusa DIANA, Senhora do Bosque e da Lua, caçadora virgem, que guarda distância relativamente aos homens e é amiga das mulheres. Diana

Em textos eruditos, literários, é frequente apresentar-se a Fada como casamenteira, juntando pessoas pobres, órfãs, desprotegidas, a príncipes ou a princesas.

Pode isto relacionar-se com um desejo de ascensão social por parte da burguesia letrada, pois que, no seio do povo dos campos, de tradição porventura mais arcaica, a Fada revela nada mais do que tesouros escondidos.

O sete, que é um número frequente nas tradições populares, possivelmente relacionado com a Lua, aparece estritamente ligado à figura da Fada num verso do Romanceiro Geral citado por Teófilo Braga, e, a partir daí, por Adolfo Coelho numa sua obra etnográfica, e por Aurélio Lopes, na obra «Tempo de Solstícios»:
Sete fadas me fadaram
No colo de madre minha
Fadaram-me por sete anos
Sete anos e um dia



4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Finalmente encontro uma referência às Jãs! (já tinha visto o nome e a sua ligação com Diana na Religiões da Lusitânia de Leite de Vasconcelos, mas da pesquisa que fiz na net, nada apareceu até tropeçar aqui! Obrigado por isto! O único problema é que este site é uma amalgama não muito racional de nacionalismo, etnografia, história das religiões, fascismo, racismo, política; como no programa do professor Marcelo, tudo do novo livro da Anita até à nova coleção da Victoria's Secrets)

27 de fevereiro de 2007 às 20:27:00 WET  
Blogger Caturo said...

Pode o anónimo leitor explicar qual o sentido do seu juízo de valor quando se refere a uma «amálgama não muito racional»?

27 de fevereiro de 2007 às 20:55:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Quero dizer que é a amlgama do costume de muitos partidos neo-fascistas portugueses (Endovélico, Afonso Henriques, Salazar, Hitler e Bush no mesmo saco é racional?), que nunca parece fazer muito sentido.

28 de fevereiro de 2007 às 14:06:00 WET  
Blogger Caturo said...

A tua generalização é que não tem sentido. Citas tudo isso como se tudo isso fosse aqui posto ao mesmo nível, o que é evidentemente falso.

Primeiro, porque não costumas ver aqui tópicos a fazer a apologia de Salazar. Aliás, nunca viste.
Quanto a Bush e a Hitler, são apoiados apenas a título circunstancial, consoante os casos - enquadrados no seu devido tempo e lugar.
No que a D. Afonso Henriques diz respeito, trata-se evidentemente duma figura que merece todo o respeito e consideração, enquadrado no seu devido tempo e lugar, pois que lutou contra tudo e todos em nome da soberania nacional. Isto merece e merecerá sempre a homenagem da Nação.

Quanto a Endovélico, e a outras Deidades da ancestralidade nacional, trata-Se pura e simplesmente do cerne da verdadeira religião da estirpe. O culminar lógico do Nacionalismo é evidentemente a valorização soberana da religião nacional.

Não se vê como é que pode haver falta de lógica no que aqui é dito.

28 de fevereiro de 2007 às 14:25:00 WET  

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