quarta-feira, maio 03, 2006

A DIREITA SONSA AO ATAQUE DO LOTE NACIONALISTA

Do Correio da Manhã, via Fórum Nacional:

O líder da extrema-direita Francesa Jean-Marie Le Pen lançou ontem a sua candidatura às presidenciais afirmando que a sua visão crítica face à imigração está a ganhar terreno e que os escândalos que abalam o governo mostram que a França é “uma república das bananas”. Le Pen, recorde-se, disputou a segunda volta das presidenciais em 2002 num ambiente de mobilização contra as suas visões xenófobas.


Enquanto isto, Nicolas Sarkozy torna-se (ainda mais) polémico ao pretender implementar uma lei que restringe muito a imigração, atraindo acusações de racismo...
O Parlamento francês começou ontem a debater o controverso projecto de lei da imigração, proposto pelo ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, que defende energicamente a selecção dos estrangeiros que entram no país para trabalhar.
Uma aproximação às ideias defendidas pelo líder da Frente Nacional, Jean-Marie Le Pen, um dos candidatos com quem vai disputar as presidenciais do próximo ano. A oposição acusa-o de se servir do tema da imigração para lançar já a campanha e a Igreja alerta o governo para os perigos da lei. O primeiro-ministro, Dominique de Villepin tenta tranquilizar os críticos dando sinais de flexibilidade.
No seu projecto de lei, Sarkozy propõe que se aceite apenas os trabalhadores altamente qualificados e exige que eles aprendam a língua e a cultura francesas. Os que forem aceites terão um visto especial que lhes permitirá ficar no país durante três anos, período durante o qual terão de provar que se podem sustentar a si próprios e que desejam integrar-se na sociedade francesa. A sua família só poderá juntar-se a ele 18 meses depois de lhe ter sido dado o visto.
O projecto de lei também ‘aperta o cerco’ aos casamentos por conveniência, alargando de dois para quatro anos o tempo de duração do matrimónio após o que o imigrante pode requisitar a nacionalidade francesa. E a autorização de residência pode ser-lhe retirada se o casal se separar.
No que respeita à autorização de residência de longo prazo, que até aqui era concedida automaticamente ao imigrante que estivesse a viver em França há 10 anos, passará a ser avaliada caso a caso, se o projecto de lei for aprovado.
Estas medidas são uma clara aproximação às ideias defendidas pela extrema-direita francesa. Le Pen aproveitou para comentar a ‘lei Sarkozy’ no comício de lançamento da sua candidatura, na segunda-feira. “Os meus pontos de vista sobre a imigração estão a ganhar terreno em França”, afirmou com alguma ironia. “Nicolas Sarkozy sugere uma imigração selectiva, eu sugiro imigração zero.” Aliás, a esquerda acusa-o de se servir dos imigrantes para ‘roubar’ votos a Le Pen, a quem as sondagens dão 14%. As Igrejas Católica, Protestante e Ortodoxa juntam-se à contestação e alertam para o facto discriminatório da lei. Villepin, enfraquecido pelos protestos do ano passado e os dos estudantes, mostra disponibilidade para flexibilizar. Mas Sarkozy, filho de um imigrante húngaro, parece menos receptivo a mudanças e assegura que a lei será uma salvaguarda contra o racismo.


Como acima se lê, trata-se de um truque da «direitinha» sonsa para travar o crescimento do Nacionalismo na tentativa de sacar votos à FN e de abrandar assim a onda do «racismo & xenofobia». Aquilo que Sarkozy quer fazer em França é o que Paulo Portas tem feito em Portugal.
Ora isto é já uma demonstração de poder nacionalista - um exemplo prático de que se pode ser poder mesmo não se estando no governo: efectivamente, o crescimento do Nacionalismo em França «obriga» a elite reinante desse país a restringir a imigração, com medo que a população dê ainda mais força eleitoral aos Nacionalistas.

O lado negativo desta situação é que, deste modo, pode acontecer que haja muita gente a engolir o isco, optando pelo «voto útil», escolhendo o governo do sistema em vez do(s) partido(s) nacionalista(s). Por este andar, consegue-se adormecer a população com medidas mais ou menos aliciantes mas ilusórias e insuficientes.

De um modo ou doutro, é como diz o Povo - enquanto o pau vai e vem, folgam as costas. Enquanto a imigração é restringida, as forças nacionalistas vão podendo crescer, especialmente junto da juventude que ainda não vota, para consolidar um contingente populacional cada vez mais coeso perante as hordas alienígenas que se reproduzem em solo nacional. É de facto uma corrida contra o tempo, na qual a natalidade joga mais contra o Nacionalismo do que a favor.

Seja como for, o Povo vai acordando e os votos nacionalistas vão crescendo nas urnas.

Faço ainda notar a atitude da Igreja, cada vez mais coerente com os seus princípios universalistas e, por isso mesmo, cada vez mais abertamente inimiga do Nacionalismo.

É pois o momento de intensificar o combate - mais luta, mais militância, mais acção a todos os níveis, desde a disseminação de ideias por meios internéticos e panfletários até às manifestações nas urbes nacionais.