quinta-feira, novembro 17, 2005

DIFERENÇAS DE PERSPECTIVA COM RAIZES ÉTNICO-CULTURAIS

Os Ocidentais vêem o mundo diferentemente dos Chineses - e a diferença verifica-se ao nível dos movimentos oculares e daquilo em que os olhos se fixam.

Enquanto os primeiros tendem a ser mais analíticos e a prestar mais atenção ao objecto principal numa dada cena, os Chineses, pelo contrário, dão mais importância ao contexto.
Por exemplo, no quadro da Mona Lisa, o ocidental concentra a sua atenção na mulher representada por Leonardo da Vinci, em vez de olhar para o céu que está por detrás, ao passo que o chinês tem tendência a olhar para o quadro todo, num apanhado geral.

Um estudo realizado com base na observação dos movimentos oculares de quarenta e cinco estudantes norte-americanos (brancos, presume-se) e chineses, revela que os ocidentais mantém os olhos fixados no objecto dominante, ao passo que os olhos dos orientais se movem mais, para trás e para a frente, consoante prestem mais atenção ao cenário ou ao objecto.

De acordo com as interpretações psicológicas e culturais que os cientistas fizeram destes registos, a diferença, que se afigura estruturante ao nível das mentalidades, pode porventura ser explicada na medida em que os Ocidentais são educados, há milénios, para se fixarem no objecto, no principal, no mais importante, e trabalhar/lutar para o adquirir/alcançar, ao passo que o oriental se inclina mais para se preocupar com o aspecto social na sua globalidade.

Esta divergência crucial datará de há pelo menos dois mil e quinhentos anos, de acordo com a mesma fonte.
Nessa recuada época, a exploração agrícola de larga escala, colaborativa, altamente colectivizada, dominava a economia chinesa, daí que o trabalhador tivesse de prestar atenção ao líder e, ao mesmo tempo, aos colegas de trabalho, desenvolvendo assim um forte sentido de contexto.
Na mesma altura, a economia helénica, pelo contrário, assentava em actividades mais individualizadas, tais como a caça, a pesca, a agricultura em propriedades reduzidas.


Naturalmente que esta teoria é discutível, mas, à partida, parece gerar consenso pelo menos num ponto: as diferenças de mentalidade são evidentes, mesmo que não impeçam um diálogo civilizacional.


Por mim, adicionava mais uma explicação dessa diferença. Os investigadores que fizeram o estudo concentraram-se no aspecto sócio-económico, como seria de esperar num mundo em que a cultura é ainda dominada por perspectivas materialistas, mas creio que também se podia dar algum destaque à diferença religiosa entre Ocidentais e Chineses: enquanto os primeiros concentravam a sua devoção religiosa nos Deuses, os habitantes do Império do Meio desenvolveram uma doutrina religiosa, o Taoísmo, que se centra no Tao, conceito que diz respeito, não a um Deus, mas sim um princípio complexo, anterior ao ser e ao não ser, anterior ao espaço e ao tempo - a inteligência ordenadora que está por trás de tudo e tudo organiza. Pode ser definido como «O caminho», mas também como «A Religião», «A Moralidade»... ou um vazio inextinguível, eterno, que não precisa de ser preenchido.

Uma chinesice do caraças, dirá o leitor menos atreito a metafísicas. Aposto que se sente tão desorientado que a seguir vai já emborcar um copo de três e uma chouriça assada. Visões de longo alcance, preocupações que ultrapassem o imediato, da vidinha quotidiana, doce e pacata, interessam pouco ao maralhal do actual Ocidente.

Sigam por essa via, se quiserem.

Mas depois não se admirem que os filhos do dragão amarelo vos entrem pelo país adentro, a tomar conta do negócio, enquanto vocês só têm mãos para a vossa sandes de queijo e para contar os tostões com o singelo intuito de decidir se gastam mais um cêntimo ou menos um euro, conforme comprem ou não alguma merdice numa loja de chineses. De acordo com uma observação que li algures, já os Japoneses davam baile aos Norte-americanos nos anos oitenta, porque, ao nível das grandes multinacionais, jogavam para lucrar daí a dez anos, ao passo que os ianques queriam começar a encher os bolsos dez minutos depois de concluírem um negócio.

Por outro lado, o que é facto é que os próprios Chineses deixaram a sua filosofia um bocado de lado e adoptaram uma das várias ideologias ocidentais (é um autêntico supermercado de ideais, o Ocidente), escolhendo precisamente a mais militantemente ateia e materialista.
Resolveram «deixar-se de tretas», como dirá o leitor no intervalo de dois goles de tintol?
Ou ficaram mentalmente adoentados depois do domínio capitalista ocidental (que até os convencia a consumir ópio)?

É mistério - e o mistério, é sério, como diria certa personagem de Nicolau Breyner (professor Hélio, produtor de telenovelas que era na verdade o Deus Sol da Grécia).



O elo(link) acima apresentado, pode ver-se uma das fotos que foi utilizada na experiência.

5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

http://news.nationalgeographic.com/news/2005/07/0728_050728_racefear.html
http://news.nationalgeographic.com/news/2005/07/0728_050728_racefear_2.html


Race Affects How We Learn to Fear Others, Study Says

Stefan Lovgren
for National Geographic News

July 28, 2005
People have more difficulty getting over fear toward members of other races than toward those of their own race, a new study shows.

In the study, blacks and whites were shown images of both black and white men and given a mildly uncomfortable electric shock.


The participants were later shown the same images, this time without the shock. Researchers found that the participants dropped the fear they associated with people of their own race but continued to show fear of members of the other race.

The results suggest that how we learn fear is influenced by what social group we belong to.

"We'll more readily associate somebody of a group that's not our own with something negative, and that fear isn't changed by new information as readily as [it is] with somebody in our own social group," said Liz Phelps, a professor of psychology and neural science at New York University and a co-author of the study.

Phelps and colleagues say that the persistence of fear toward members of another race is a product of both evolutionary factors and cultural learning.

The study also showed that people with interracial dating experience let go more readily of their fears of someone of another race than people who had not had such experiences.

"This, to me, is quite stunning," said Mahzarin Banaji, a professor of psychology at Harvard University in Cambridge, Massachusetts. "It suggests that the one or two romantic experiences one has had with another group are successful in modulating this otherwise strong negative reaction."

Phelps and Banaji are co-authors of the study, which appears in tomorrow's issue of the journal Science.

Extinction of Fear

Prior research has shown that humans have a harder time getting over fears of snakes and spiders than fears of, say, birds and butterflies.

To see if this kind of fear-learning extends to social groups, the researchers showed young black and white Americans living in New York City images of black and white men.

The scientists measured fear responses in the study participants through changes in their sweat glands, which indicated their emotional state.

"The fear response … all depends on whether you're black or white," Banaji said. "If you're white, the fear response falls away more quickly to white faces than black. If you're black, it falls away more quickly to black faces than white."


Because the preference for one's own group was observed in both white and black participants, the results suggest that the fear response is not just about cultural learning.

"We know this is not something that could just be a stereotypical association of fear with African Americans, because each group shows the extinction [of fear] to its own group," Phelps, the NYU psychologist, said.

Evolution and Culture

So where does this fear of others come from? The researchers say evolution may be partly to blame.

"Millennia ago, when groups stayed segregated by tribes and clans, the association of difference with something bad or fear-provoking may have been reasonable or served a purpose," Banaji, the Harvard psychologist, said.

Humans may have developed a predisposition to associate people of a different social group with a negative outcome.

The fear has nothing to do with race per se, the researchers say, but only points to our fears of other social groups.

However, what we learn from our own group also influences our perceptions of other groups.

"There's no simple message, like it's all coming from the past, or it's all from learning," Banaji said.

"If we just say, All we need is to love each other, that would be a very naive story," she added. "If we assume that we are who we are because of what happened millions of years ago, that would not be accurate or optimistic either."

But the researchers do see a lesson in the fact that participants who had been in romantic relationships with a member of the other racial group shed their fears more easily.

In other words, spending time with people from another group can diminish the fear of others.

Arne Öhman, a professor of psychology at Karolinska Institutet in Stockholm, Sweden, wrote an article accompanying the study in Science. He says the study's findings are more relevant today than ever.

"The function of fear is to promote avoidance of potentially dangerous stimuli, and what you avoid you will not learn about," Öhman said. "Because you isolate yourself from corrective information, you may think that members [of other groups] are dangerous and evil in order to justify your fear, and in this way fear may breed interracial antagonism.

"We can see this mechanism at work in London today, where the fear produced by terrorists identifying themselves as Muslims is rapidly spreading to [a fear of] the majority of Muslims who strongly oppose fundamentalism," Öhman concluded. "Knowing … the role of fear in promoting intergroup antagonism should make for restraint in what goes into tabloid headlines."

17 de novembro de 2005 às 16:48:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

mto bom post Caturo, gostei.
Geralmente kdo um gajo é puto faz essa pergunta deles verem diferentes por terem olhos diferentes, mas depois com um tempo um gajo eskece..

E ja agora acrescento ou digo doutra maneira, eles tem o Taoismo k considero uma religiao aceitavel e pa povos desenvolvidos, e nos temos uma religiao k mais parece um conto de crianças, é ridicula. Até aki se ve a diferença.

17 de novembro de 2005 às 17:24:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Mas não existe grande diferença entre a concepção da plenitude e transcendência do Tao e a que se tem de Deus no Cristianismo. A única diferença são as "histórias", como lhes chama.

17 de novembro de 2005 às 17:34:00 WET  
Blogger Caturo said...

Não. O Tao é inteiramente impessoal, ao passo que o Deus judaico-cristão é inteiramente pessoal.

18 de novembro de 2005 às 04:00:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Mas para o efeito, vai dar ao mesmo: trata-se da Força Primordial. Não é por ser uma concepção "pessoal", entitária, que deixa de ser real.

18 de novembro de 2005 às 18:30:00 WET  

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