terça-feira, novembro 15, 2005

PRÓS E CONTRAS SOBRE OS TUMULTOS EM FRANÇA

O programa «Prós e Contras» de ontem à noite foi a vergonha que esperava qualquer sujeito realista que viva de olhos abertos num regime quase por completo dominado pela Esquerda intelectual.

Logo no título do «episódio» de ontem se via o seu carácter tendencioso - «Intifada em França trinta e sete anos depois?».

Mas trinta e sete anos depois de quê?, pergunta-se.

Trinta e sete anos depois do Maio de 68.

Ou seja, quem engendrou tal título quis fazer crer que a revolta juvenil de Esquerda intelectual que abalou as universidades ocidentais a partir de França, é da mesma natureza que o motim islâmico iniciado a 5 de Novembro e que, neste momento, ainda não acabou.

Fala-se aqui como se o que estivesse em causa fosse uma questão de «jovens revoltados», o que, já se vê, dá aos arruaceiros uma pinta de justiceiros puros e furiosos contra a opressão, uma vez que, no seio da cultura intelectual esquerdista, «jovem» é um elogio que significa, rigorosamente, «justo, puro, sempre-com-razão, livre, progressista, belo, tudo-quanto-é-bom», etc..

E, com este carnaval, com esta saudosa evocação do mito do Jovem, de certo modo rosseunesca, a Esquerdalha vai enganando a maralha, desviando as atenções do perigo islâmico e da arrogância étnica e cultural dos filhos dos imigrantes, arrogância esta que nada tem a ver com a postura contestatária, humanista, esquerdista dos copinhos-de-leite armados em rebeldes do Maio.

É isto mais ridículo do que a famosa discussão, entre os intelectuais cristãos, sobre o sexo dos anjos, quando os turcos muçulmanos estavam às portas de Constantinopla.

Mais significativo é que os convidados de um programa da televisão estatal eram todos favoráveis ao multiculturalismo, incluindo o deputado social-democrata Ângelo Correia, a quem já ouvi apoiar frontalmente a massificação e a miscigenação.

Ou seja, quem organizou o show quer dar por adquirido que o multiculturalismo não se discute, numa demonstração de cobardia e totalitarismo ideológico, nada surpreendente nas fileiras da Esquerda politicamente correcta, que descaradamente se auto-proclama «defensora da liberdade e do pluralismo».


E agora, uma carta aberta à direcção do programa, enviada ontem por e-mail:

Exmos. Srs.,

Há uma série de aspectos que, habitualmente, não costumam ser abordados com profundidade e seriedade suficientes, daí que alguns fazedores de opinião se aproveitem de certos silêncios para disseminarem versões distorcidas dos factos, de modo a favorecerem uma determinada agenda ideológica.

Antes de mais nada, é preciso ter em mente que os autores do motim em França eram na sua esmagadora maioria de origem muçulmana. Ora, isto não constitui novidade alguma, não só porque já desde há muito que, no Ocidente, se ouvem vozes de alerta contra o perigo de permitir a entrada maciça de pessoas de credo islâmico, mas também porque, mais recentemente, em termos mais concretos, já se previa que este tipo de situações pudesse ocorrer precisamente nesta altura.

A respeito do primeiro ponto, a saber, da previsão a longo prazo, deve começar-se por lembrar o que dizia o filósofo John Locke, na sua «Carta Sobre a Tolerância» - afirmava o pensador inglês que todas as religiões deveriam ser toleradas, excepto aquelas que, pela sua natureza, pusessem em risco a salvaguarda do Estado; e, significativamente, deu precisamente o exemplo do Islão, como doutrina que é susceptível de criar um Estado dentro de um Estado.

E, de facto, é isto que demasiados grupos muçulmanos querem criar no Ocidente - o próprio Jacques Chirac tem um conselheiro que advoga a criação de zonas em França nas quais a polícia francesa não entre, ou tenha de negociar com as «autoridades locais», isto é, com líderes muçulmanos.

Chama-se a isto uma perda de terreno dos Europeus na sua própria terra.

Dois dias antes da revolta estalar em França, já na Dinamarca havia jovens muçulmanos (não de origem norte-africana, mas sim palestiniana e turca) a queimarem automóveis, a atacarem as forças da autoridade e a declararem, à imprensa, que naquela zona mandavam eles e não admitiam que a polícia lá fosse intervir. Um dos jovens amotinados na Dinamarca chegou mesmo a afirmar que o tumulto já andava a ser planeado há várias semanas.
http://www.jihadwatch.org/archives/008829.php

Ora, em termos de verosimilhança, não se acredita que enquanto os imigrantes na Dinamarca precisassem de planear um tumulto em que se incendiaram cerca de sessenta viaturas, os jovens muçulmanos de França não necessitassem de planear uma acção de muito maior envergadura, à escala nacional, que já dura há cerca de quinze dias, que pôs vinte e oito mil automóveis a arder e que provocou uma morte.
Acresce que a polícia francesa encontrou, nos arredores de Paris, uma fábrica de bombas manuais usadas pelos jovens amotinados.
http://www.jihadwatch.org/archives/008870.php


Entretanto, é conveniente saber o que sucedeu antes do motim. Escassas horas antes de os filhos do Magrebe irem para a rua incendiar automóveis e atacar a polícia, um turista tinha sido assaltado e assassinado à navalhada precisamente na zona onde a polícia francesa foi investigar.
http://www.minutodigital.com/noticias/1738.htm

Quando as autoridades francesas chegaram ao local, alguns jovens muçulmanos puseram-se em fuga, e os agentes policiais franceses deram prova de tibieza ao não serem capazes de deter os fugitivos, usando a força das armas se necessário fosse (o clássico tiro para as pernas, por exemplo), pois que, numa sociedade civilizada, o cidadão não foge à polícia. O cidadão, quando abordado pelas autoridades policiais, detém-se e responde a tudo o que lhe for perguntado. Não há outra forma de respeitar a lei, e aquilo que o Dr. Rui Marques (da ACIME) afirmou no programa de ontem à noite no canal 2 («Diga Lá, Excelência»), a saber, que não se pode partir do princípio de que é a polícia que tem razão, essa declaração é de extrema gravidade pois que coloca a autoridade do Estado ao nível de mais uma gangue de rua. Só num caso de conflito entre dois grupos de malfeitores, ou de arruaceiros, é que se pode afirmar que não se sabe qual deles tem razão nalgum conflito entre eles ocorrido, ou até, se algum deles tem razão.

A mesma lógica não pode ser aplicada às forças da lei, sob pena de pura e simplesmente se desautorizar a autoridade, fazendo a sociedade aproximar-se do cenário da guerra civil.

Quanto à polémica declaração do ministro do interior francês Nicolas Sarkozy, na qual usou o termo «escumalha», eis um caso de distorção típico que a organização do programa Prós e Contras não pode deixar passar em claro, a bem do rigor jornalístico e do mais simples respeito pela verdade.
Sarkozy não aplicou o insulto a todos os norte-africanos em geral, como demasiados comentadores querem fazer crer, mas sim, em exclusivo, aos indivíduos que estavam nesse momento a levar a cabo o motim - o que o ministro francês afirmou foi que quem ataca a polícia com balas reais, não pode ser chamado «jovem», mas sim «escumalha».

A respeito da previsão mais concreta que se fez recentemente sobre a violência perpetrada por muçulmanos, é importante ter em mente que há muito que se observa um acréscimo de agressividade por parte de comunidades de muçulmanos precisamente na época do fim do Ramadão.
Leia-se artigo de 19 de Outubro: http://www.jihadwatch.org/archives/008610.php

Finalmente, o pretexto da pobreza e da marginalidade, tão caro a toda a Esquerda como panaceia explicativa de todos os males, não serve para nada, neste caso, a não ser para esconder as verdadeiras raízes do problema, que são religiosas, culturais e étnicas. Efectivamente, nunca as comunidades de imigrantes portugueses em França fizeram nada que se parecesse com isto, e muitos deles chegaram a viver nos tristemente célebres «bidonville».
De igual modo, não se observam reacções colectivamente violentas da parte de imigrantes de leste, da China ou da Índia. O caso da Inglaterra é particularmente esclarecedor: no País vive uma imensa comunidade de hindus, os quais nunca entraram em confronto violento com as autoridades inglesas ou com os britânicos em geral; em marcado contraste, os imigrantes paquistaneses (de religião muçulmana) têm criado situações de confronto físico em larga escala, com autênticas batalhas campais entre «manifestantes» e agentes da autoridade.

Uma última nota, desta feita a respeito do que disse uma das convidadas do programa, de que não podemos mandar vir imigrantes para fazer as expos e os estádios e depois mandá-los embora - ora é precisamente isso que se deve fazer. O trabalho só é realizado depois de se estabelecer um contrato, e o contrato tem de ser conveniente para ambas as partes. Em assim sendo, os Europeus podem usar a mão-de-obra africana, devendo evidentemente pagá-la na íntegra, conforme previamente estipulado; mas não ficam de modo algum obrigados a ter de oferecer a
nacionalidade a esses trabalhadores africanos, sobretudo quando a Europa já não tem lugar para eles.

Só se dá trabalho a um trabalhador se a sua mão-de-obra for necessária. Não há aqui lugar para a caridade ou para afirmar que o trabalho prestado compra algo que só se transmite pela herança, isto é, a nacionalidade.

O primeiro e único dever dos governantes europeus é para com os seus próprios Povos, que são europeus. A solidariedade fora do âmbito da sua própria gente não é um dever.
A Europa não tem pois qualquer espécie de obrigação moral para com os Povos que civilizou e aos quais ofereceu a Liberdade, ao abolir, unilateralmente, a escravatura, obrigando os próprios africanos e árabes a dela abdicarem, o que muito lhes custou, já que sempre a tinham praticado, mesmo antes da chegada dos Europeus às suas terras.

11 Comments:

Blogger Rodrigo N.P. said...

Bravo meu amigo! O asco que me causou o programa ontem... às tantas tive que desligar o aparelho televisivo; que autêntica e descarada campanha propagandística com convidados escolhidos a dedo para promoverem a agenda política do costume, nojento é o mínimo que se pode dizer sobre aquilo.Felizmente já quase ninguém engole o isco, hoje todos comentavam o óbvio, que o programa tinha sido uma vergonha.

15 de novembro de 2005 às 17:09:00 WET  
Blogger Caturo said...

O asco que me causou o programa ontem... às tantas tive que desligar o aparelho televisivo

Pois. Também acho que é uma violência gramar com aquela treta toda pelos olhos adentro, ouvi-los a dizer obscenidades sem lhes poder responder, confrontando-os com verdades que distorcem ou ocultam.
Por isso é que eu gosto de blogues e de fóruns da internet, onde estou sempre à espera de apanhar algum dos seus lacaios, que é para me «vingar»...



hoje todos comentavam o óbvio, que o programa tinha sido uma vergonha.

Isso é bom. Mas todos, quem?

15 de novembro de 2005 às 17:34:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

«E, com este carnaval, com esta saudosa evocação do mito do Jovem, a Esquerdalha vai enganando a maralha, »

"Não há rapazes maus." - Padre Américo
...o que deriva de...
"O Homem é naturalmente bom, a Sociedade é que o corrompe." - Jean Jacques Rousseau

(versão aproximada) "O que há a dizer de tudo isto? Nada. Rousseau continua a fazer estragos na cabeça da canalha, e a canalha continua a fazer estragos à conta de Rousseau." - João Pereira Coutinho

15 de novembro de 2005 às 17:52:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Já reparou que, em http://anjosedemonios.weblog.com.pt o Lápis de Minas está em 15º Lugar nos "Blogues Liga de Honra"?...

15 de novembro de 2005 às 17:54:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Havia era de acrescentar à Carta Aberta um comentário que incluísse referências como as que fiz atrás sobre a economia e imigração, com a ajuda, claro, de Rebatet, que percebe de economia, sobre a falácia de que a misturada cultural é muito boa e é melhor do que se não o fosse, e, é claro, sobre a questão Étnica como sendo uma das razões não escamoteáveis da oposição à iminvasão - eu postei aqui entre 9.2003 e 6.2004 um texto em Inglês, "The Rising of Ethnic Nationalism", que seria muito útil e que eu também queria encontrar mas não consigo.

15 de novembro de 2005 às 17:59:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Estes são por nós ou contra nós? Em parte parecem ser pró, em parte contra.


http://ablasfemia.blogspot.com/2005/11/atitude-europeia-perante-os-conflitos.html
http://ablasfemia.blogspot.com/2005/11/suicdio-demogrfico.html

15 de novembro de 2005 às 18:15:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Lendo melhor, cheguei à conclusão que é mais um cabrão contra nós. Se os chegarem a defenestrar um dia, pensem em mim quando defenestrarem este.

15 de novembro de 2005 às 19:12:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Admiro o vosso estomago. Eu já decidi que só me submeto à lavagem cerebral estritamente necessária para o meu dia-a-dia.

NC

16 de novembro de 2005 às 01:49:00 WET  
Blogger Caturo said...

Claro que o de Blasfémias é contra nós. E do mesmo modo que se chama Blasfémias, também se podia chamar Obscenidades.

Ou mesmo Filhadaputices, como é o caso daquela afirmação de que a Europa tem de aceitar mais imigrantes e de que quem não é racista, não se preocupa se a Europa for tomada por gentes estranhas.

16 de novembro de 2005 às 10:40:00 WET  
Blogger Caturo said...

"Não há rapazes maus." - Padre Américo
...o que deriva de...
"O Homem é naturalmente bom, a Sociedade é que o corrompe." - Jean Jacques Rousseau


Falta uma:
"Em verdade vos digo que se não forem como crianças, não entrarão no Reino dos Céus" - Jesus Cristo

;)

16 de novembro de 2005 às 10:42:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

«Falta uma:
"Em verdade vos digo que se não forem como crianças, não entrarão no Reino dos Céus" - Jesus Cristo»


E então? Não quer dizer que sejamos naturalmente bons, mas que o devemos ser (as crianças não são más, se fossem não eram inimputáveis). Como defendia John Locke...

JC nunca disse que o homem era naturalmente bom, antes pelo contrário, senão, nada do que veio pregar faria sentido!...

16 de novembro de 2005 às 18:03:00 WET  

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