REUNIÃO
Cerridwen, uma das Deusas associadas ao Samhain
Esta noite, celebra-se a passagem do ano na antiga religião céltica do Ocidente europeu. Na Gália, chamava-se Samonios; na Irlanda, Samhain. O significado deste nome prende-se com o conceito de reunião. E, de facto, segundo o professor Adriano Vasco Rodrigues (in «Os Lusitanos - Mito e Realidade»), a festa do Primeiro de Novembro era a mais importante do ano para os pastores da Serra da Estrela, mais até do que o Natal - este, que consiste na celebração do solstício de Inverno, é festividade típica de povos sedentários e agrícolas; aquele, no começo da estação escura (por oposição à luminosidade do Verão e da Primavera), é mais próprio de povos nómadas, semi-nómadas, enfim, gentes de economia pastoril. Mais adianta, Vasco Rodrigues, que, na aldeia de Longroiva (possível descendente do castro de Longóbriga), os jovens subiam ao Morro da Faia, monte íngreme, levando consigo figos e uma cabaça de vinho ou de aguardente, e, uma vez no seu topo, lançavam pedras, evocando um santo a cada lançamento e bebendo um trago de vinho em sua honra.
Estas pedras podem bem ser resquícios das cabeças de gado que outrora eram sacrificadas pelos Celtas em grandes hecatombes, pois que esta era a altura de abater todas as reses que não fossem necessárias à criação. Assim, na Serra da Estrela, é este o momento em que os pastores se reúnem e abatem o gado que não podem guardar no Inverno.
Corre por aí um descontentamento com a popularidade crescente que esta celebração tem tido na Europa. Os que mais se escandalizam com este sucesso alegam que o «Halloween» é uma tara americana que é veículo de colonização imperialista da Europa - alguns chegam mesmo ao ponto de dizer que a disseminação deste costume festivo «ameaça a identidade europeia.
Ora isto é tanto mais ridículo quanto mais deriva de uma beatice de quem tem medo da perda de terreno do Cristianismo perante práticas religiosas estranhas a esse credo universalista importado do oriente semita. Na verdade, a divulgação do Halloween, embora venha com roupagens tendencialmente consumistas, não deixa de ter como resultado um retorno da Europa à sua verdadeira identidade, que é pagã.
Além do mais, toda essa preocupação em estilo copinho-de-leite, cheira a esturro e a cabeça enfiada na areia, como bem explica o Fjordman, que mostra o contraste entre o escarcéu por causa das brincadeiras inofensivas (e salutares, digo eu) desta data e o relativo silêncio perante o avanço do Islão pelo Ocidente adentro.
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