quinta-feira, outubro 06, 2005

RECEPTIVIDADE À TURQUIA - TENDÊNCIAS, INFLUÊNCIAS E APELOS



Em Espanha, tanto a Esquerda como a Direita maioritária do PP, querem meter a Turquia na U.E..

Em Portugal, passa-se algo de similar, dado que até o CDS/PP (equivalente ao CDU alemão, que é contra tal projecto) também se mostra favorável ao ingresso da Ásia Menor pela Europa adentro; só o PNR se opõe a este ingresso, mas o poder propagandístico do Partido da Chama tem pouquíssima ou quase nula influência na população portuguesa, dada a exiguidade dos seus meios.

Não admira pois que tanto em Espanha como em Portugal, a população seja relativamente mais receptiva à Turquia do que a média europeia, ainda que ambos os Povos ibéricos se oponham, na sua maioria, a que a pátria dos Turcos passe a ser contada como país europeu. O Reino Unido está na mesma situação que as nações hispânicas e, ainda por cima, pejado de muçulmanos.

À laia de observação de coincidências, vale a pena salientar que, no quadro estatístico acima apresentado, só na Hungria o apoio à Turquia ultrapassa os cinquenta por cento. Ora a Hungria é parente étnico da Turquia...

Os Húngaros ou Magiares vieram para a Europa no final da Idade Média, integrando-se no movimento das invasões bárbaras. Eram parentes próximos dos Hunos e acabaram por se estabelecer no centro da Europa.
Cercados por povos indo-europeus (germânicos, eslavos, latinos), acabaram por se europeizar, chegando mesmo a fazer parte de um dos principais impérios da Europa moderna, o Império Austro-Húngaro, de grande riqueza e cultura.

E no entanto... no entanto a sua língua continua a não ser indo-europeia, significando isto que a sua etnicidade continua a pertencer à mesma família uralo-altaica, ou seja, a mesma dos Turcos.
Assim de repente, dá ideia de que a voz da Estirpe ainda lhes ressoa nas veias...

8 Comments:

Blogger vs said...

Em relação a este post, algumas considerações:

- Quando vi esta reacção húngara...lembrei-me logo do Caturo. :)
No meu blog escrevi um post em que disse isto mesmo: a voz do sangue parece, de facto, falar mais alto até que a religião.

- É correcto o que o Caturo diz sobre os húngaros e seua relação com os turcos.
Foram várias as 'ondas de pressão' da horda uralo-altaica em direcção a Ocidente, pressionada que estava na estepe do Altai pela enorme expansão Mongol.
A demanda de Átila* foi apenas o episódio talvez mais 'mediatico' dessa aventura em direcção a Ocidente.
Ao longo dessas vagas foram chegando povos uralo-Altaicos à Europa, em quantidades não muito grandes e que puderam ser 'cristianizados' e 'europeízados'.
Veja-se o caso dos húngaros, dos finlandeses (cuja língua é ainda mais próxima do turco moderno) e de alguns bálticos.
Várias vezes a invasão chegou ás 'Portas da Europa'.
Com as sucessivas dispersões e avanços e retiradas, a maioria rumou à Anatólia (actual Turquia) e 'colidiram' com os muçulmanos.
Converteram-se então, desgraçadamente (há 'apenas' 900 anos), do paganismo ao Islão.

- Nem de propósito: comemoram-se amanhã os 434 anos (7 de Outubro de 1571) da grande Batalha Naval de Lepanto, em que as forças conjuntas da Europa cristã, após dura batalha, lograram derrotar a armada turca.
Antes disso, em 1529, já Viena tinha estado sob cerco turco, desde o dia 21 de Setembro até 14 de Outubro.
Mais tarde, em 1683, Viena voltou a estar sob cerco turco, desdde 17 de Julho até 12 de Setembro, data da derrota turca.
Esse foi o momento decisivo (1683) que marcaria a regressão das fronteiras do Império Otomano até ao sudeste europeu, que manteve sob o seu domínio até ao colapso final do Império, em 1918, depois de ter entrado na I Guerra Mundial ao lado dos chamados Impérios Centrais (Império Alemão e Império Austro-Húngaro), que saíram derrotados.
Aliás não deixa de ser notável que, nos finais do séc.XIX, nas capitais dos Impérios Centrais (Berlim e Viena), se defendesse à 'boca cheia' a classificação do Império Otomano como eminentemente europeu, para gáudio do sultão de Ankara.

Solidariedades Imperiais?!?
Muito provavelmente...


"Assim de repente, dá ideia de que a voz da Estirpe ainda lhes ressoa nas veias..."

Não tenha dúvidas.
É que não há mesmo outra explicação que se veja.

Quer outra prova?!
Pois cá vai:

" Finland considers that the opening of the negotiations will be an important step in Turkey's membership process. The Helsinki European Council granted Turkey candidate country status during Finland's EU Presidency in 1999."

" The culmination of the Helsinki Summit was the granting to
Turkey the status of a candidate country. These decisions taken during
Finland’s Presidency have made good progress and give still the
direction for the Union’s future development."

declarações dos políticos finlandeses

Paavo Lipponen e Eskho Aho

Pois acho que não é preciso dizer mais nada.

Só uma 'provocaçãozinha': pelo seu post, pode-se considerar que, apesar de tudo, o Caturo identifica o Cristianismo com a Europa?
Será que defende a inclusão na famigerada Constituição Europeia da consagração da 'herança Judaico-Cristã'?
:))

*ainda hoje, na Turquia, é frequente a utilização da figura de Átila...mais ou menos da mesma forma que utilizamos a de Viriato.

Nunca me esqueço do que me disse uma vez um professor de sociologia: se Ataturk tivesse durado mais uns 15 anitos...tinha conseguido plenamente. Assim, ficou a 'meio'.

Mesmo assim há alguns bons sinais.
No mês passado, em ampla sondagem, 95% dos turcos manifestaram total oposição à Lei Islâmica e defenderam a manutenção do Estado Laico e 'militarizado'.

Vá lá!
Além disso, o sr.Erdogan pode perder as eleições....ou ser 'engavetado' pelos militares, como no passado.

6 de outubro de 2005 às 16:46:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Aliás não deixa de ser notável que, nos finais do séc.XIX, nas capitais dos Impérios Centrais (Berlim e Viena), se defendesse à 'boca cheia' a classificação do Império Otomano como eminentemente europeu, para gáudio do sultão de Ankara.

Solidariedades Imperiais?!?
Muito provavelmente...


Mais uma prova de que os patriotismos imperiais bem nenhum fazem à Europa.



"Assim de repente, dá ideia de que a voz da Estirpe ainda lhes ressoa nas veias..."

Não tenha dúvidas.
É que não há mesmo outra explicação que se veja.
Quer outra prova?!
Pois cá vai:
" Finland considers(...)


Eu estava mesmo à espera de saber qual era a reacção da Finlândia para ajudar a fortalecer a tese (eheh), mas aí sou obrigado pela prudência a pôr-lhe entrave - repare que o Buíça só coloca aqui testemunhos relativos às decisões do governantes, não da opinião popular finlandesa... ora em termos de chefaturas estatais, já se viu a merda que abunda na Europa, quase todos os governos querem a Ásia Menor na Europa.



Só uma 'provocaçãozinha': pelo seu post, pode-se considerar que, apesar de tudo, o Caturo identifica o Cristianismo com a Europa?

De maneira nenhuma. Pelo contrário - a confirmar-se esta tese etnicista, o facto só reforça que o Cristianismo não é de maneira nenhuma a Europa, porque tanto a Hungria como a Finlândia estão «oficialmente» dominadas pelo credo do Crucificado.

Não é o Cristianismo - é a Estirpe.



Será que defende a inclusão na famigerada Constituição Europeia da consagração da 'herança Judaico-Cristã'?
:))


Nunca, jamais, em tempo algum.;)



ainda hoje, na Turquia, é frequente a utilização da figura de Átila...mais ou menos da mesma forma que utilizamos a de Viriato.

E, na Hungria, é um nome próprio mais ou menos frequente, a julgar pela quantidade em que surge nos filmes húngaros...;)



No mês passado, em ampla sondagem, 95% dos turcos manifestaram total oposição à Lei Islâmica e defenderam a manutenção do Estado Laico e 'militarizado'

Mas elegeram o islâmico Erdogan com maioria absoluta.

6 de outubro de 2005 às 17:16:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Já para não falar da facilidade com que os jihadistas editam e distribuem publicações por aqueles lados...

6 de outubro de 2005 às 17:17:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Expulsem a Hungria da UE, porque países asiáticos não devem ter lugar entre nós (ironia claro)...

7 de outubro de 2005 às 11:52:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Já não se vai a tempo de expulsar a Hungria, que, de um modo geral, parece inofensiva e perfeitamente europeizada. Mas dificilmente se consegue europeizar um colosso como a Turquia, que, ao contrário da terra dos Magiares, não está cercada de Europeus.
Quanto ao procedimento da Hungria, pode até ser uma boa lição para quem não perceba o perigo de ter minorias dentro de uma comunidade civilizacional. (Nem a ironia lhes vale, aos politicamente correctos, porque sai-lhes tudo pela culatra).

7 de outubro de 2005 às 13:59:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

«Expulsem a Hungria da UE, porque países asiáticos não devem ter lugar entre nós (ironia claro)...»

E porque é que haveriam de ter? Existe algum modelo acabado e perfeitamente bom de Europa, fatal e incontestado?... É o vosso, claro, para quem toda a gente é obrigada até a entrar com os seus países em clubes com outros só para demonstrar fraternidade, solidariedade e outras bacoquices peganhentas e nauseantes!...

7 de outubro de 2005 às 14:55:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

"Mas elegeram o islâmico Erdogan com maioria absoluta.
"

Elegeram o partido congênere da CDU da Alemanha, ou seja da direita conservadora. A diferença é que um se diz conservador cristão, e o outro conservador islamico.
Fico pasmado com os bichos e papões diveros que conseguem criar.

7 de outubro de 2005 às 22:19:00 WEST  
Blogger Caturo said...

A diferença é que um se diz conservador cristão, e o outro conservador islamico.

Há mais outra diferença - é que a CDU nunca quis fazer passar uma lei para punir o adultério de acordo com a Bíblia.

Ainda outra - é que não há na Alemanha nenhum grande movimento fundamentalista cristão que tenha de ser reprimido por um Estado laico.

Claro que quem não percebe isto, não vê papão nenhum - e com a cabeça enfiada na areia, então aí é que não vêm mesmo nada.

8 de outubro de 2005 às 22:30:00 WEST  

Enviar um comentário

<< Home