A REALIDADE DA «TOLERÂNCIA» TURCA NO TEMPO DO IMPÉRIO OTOMANO
Chegava-se ao ponto de proibir os cristãos de fazerem feira noutro dia que não o domingo, o qual é precisamente o dia de descanso cristão; e de proibir os barbeiros de barbearem muçulmanos com a mesma lâmina com que tivessem feito a barba a cristãos; e de proibirem a venda de vinho.
Uma vez que todos os homens cristãos tinham de pagar um tributo aos muçulmanos, acontecia que certos colectores de impostos, ao verem cristãs grávidas, apalpavam as barrigas das ditas e, se lhes parecesse que o sexo do ainda não nascido era masculino, obrigavam a mulher a pagar pelo filho...
Nas Balcãs sob domínio otomano, os sinos das igrejas só foram permitidos a partir de 1860 - antes, eram proibidos e as igrejas que os tivessem, tinham de os dar para que deles se fizessem canhões. E, mesmo depois da permissão, a generalidade da população muçulmana encarava de má vontade o som dos sinos.
Os Turcos que ocupavam a Sérvia, nem sequer apreciavam que os cristãos cantassem demasiado alto. Gerou-se até um dito popular: «Não cantes demasiado alto que esta aldeia é turca.»
Um cônsul britânico na cidade de Smyrna, viajou pelo Império Otomano e relatou, em 1679:
1 - Muitos cristãos eram expulsos das suas igrejas, convertidas pelos Turcos em mesquitas;
2 - Os «Mistérios do Altar» eram escondidos em abóbadas subterrâneas e sepulcros cujos tectos estavam pouco acima do nível do solo;
3 - Temendo a hostilidade e a opressão turcas, os padres cristãos, particularmente na Ásia Menor, tinham de viver com grande cautela e a oficiar na obscuridade;
4 - Para escapar as tais condições, muitos cristãos convertiam-se ao Islão;
5 - Houve mártires cristãos durante o domínio turco.
Ora tudo isto lembrou-me agora de um facto curioso - é que não se vê os cristãos a queixarem-se do que lhes foi feito pelos muçulmanos, mas sabem lamentar-se e glorificar-se pelo que lhes aconteceu durante as perseguições que lhes foram movidas pelos Romanos.
Ora, durante o Império Romano, os cristãos viveram quase sempre em relativa paz. As acções estatais contra os cristãos, decorriam de decisões individuais dos imperadores e ocorriam a título esporádico, nunca tendo havido uma política oficial de perseguição aos cristãos.
Enquanto isso, os muçulmanos, em toda a parte, consideravam os cristãos como cidadãos de segunda - e, esporadicamente, não deixaram de os massacrar e/ou forçar à conversão.
Então, a que se deve o silêncio dos cristãos a respeito do que sofreram nas mãos dos muçulmanos?
Será porque hoje em dia é mais fácil falar mal dos Romanos e dos pagãos em geral, do que dos muçulmanos, que se encontram cada vez mais poderosos em todo o mundo?
Sorrir e apertar a mão aos poderosos, bater nos mortos... bela e espiritualíssima política...
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home