terça-feira, novembro 02, 2004

METER O BEDELHO NA YANKILÂNDIA?

Desde há muito que me irrita a importância que se dá às eleições presidenciais americanas.
Não é que não sejam importantes, mas nada impede que esse destaque me irrite.

Gosto do debate político-ideológico, mas deploro o facto de a actual discussão de política e ideologia se fique, tantas vezes, por atacar, ou louvar, o Bush.
Vai agora um pequeno aparte, em itálico que é para não distrair do tema:Não há aliás nenhum caga-tacos mental que não se julgue possuidor da capacidade de dizer que o presidente yanke é burro. Nada me leva a simpatizar com o texano, mas isso não me impede de reconhecer que há um ridículo primarismo anti-yanke na atitude de insistir, como se se tratasse de um dado adquirido, que o sujeito que chegou a presidente da maior potência do mundo, é simplesmente idiota. Só por isso, dar-me-ia colossal gozo ver o conservador de orelhas em abano a vencer o liberal de ascendência judaica (Kerry) hoje à noite: só mesmo para presenciar as demonstrações de rancor impotente da gentalha asquerdalhada.

Há mesmo quem afirme que todos os povos da Terra deviam poder votar nas eleições americanas, uma vez que os EUA é que decidem o destino do mundo, o que, embora seja dito na maior parte dos casos com sentido mais ou menos irónico, não deixa entretanto de indicar que a hegemonia yanke está cada vez mais estabelecida, o que, significando que a mundialização é galopante, não quer dizer que tal movimento não possa ser travado.
Se a América pesa demais no globo terrestre, parte da culpa disto reside precisamente na tibieza, a mais das vezes por motivos ideológicos, de alguns daqueles que mais vezes falam mal dos caubóis – porque são, em muitos casos, esses mesmos maldizentes que advogam políticas paralizantes do poder europeu, tais como, por exemplo, o desarmamento ou, pelo menos, o desprezo relativamente à necessidade de fortalecer militarmente as nações europeias. Embora parecendo de importância secundária para quem só vê economia e sociedade diante dos (míopes) olhos, o poder marcial adquire cada vez mais relevância num mundo que está cada vez mais longe de ser o paraíso de paz idílica que tantos queriam que fosse.

Analise-se, por exemplo, o seguinte: quando começou a garra yanke a fazer-se sentir com mais pressão? A partir do final de uma guerra, a segunda das mundiais, que serviu para que os Norte-americanos se guindassem ao lugar cimeiro do poleiro mundial. Só como vencedores do conflito é que puderam empreender uma política económica que lançou as bases para a subalternização da Europa.
E mais recentemente, o que se tem passado? É a América que veste a armadura para solucionar as guerras balcânicas, e fá-lo à sua maneira, em prejuízo dos interesses europeus; é a América que toma posição de força no Iraque; a própria América é que exige aos Europeus que despendam mais dinheiro com a defesa do que até agora têm feito.

Efectivamente, pode dizer-se que hoje, como há milhares, ou milhões de anos, quem tem o ceptro nas mãos é, em última análise, quem possui a mais forte lança.
Isto é simples, brutal e cristalinamente verdadeiro.

Deixemos por isso as eleições americanas para os americanos, até porque eles não nos darão, certamente, direito de voto no seu país, e fazem muito bem – e nós deveríamos naturalmente recusá-lo, se no-lo oferecessem.

Façamos da Europa, não um capacho, mas um líder, por sobre o poder americano.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Mas há-de concordar que o caos causado por mais quatro anos de George Walker Bush, em contraste com uma Administração de John Forbes Kerry, seria talvez mais favorável à Causa Nacionalista. Este é mais mundialista, o outro não. Em termos psicológicos, e de Efeito Borboleta, é mais seguro para nós o Bush que o Kerry.


Imperador

2 de novembro de 2004 às 16:15:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Além disso, eu não dou Valor às Eleições por causa de Yankeeland mas por causa de Dixieland, para saber se eles se mantêm Conservadores e Nacionalistas, como nos convém até a nós. Até nisso a América tem influência sobre nós!...


Imperador

2 de novembro de 2004 às 16:16:00 WET  

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