LOQUUNTUR SAXA - AS PEDRAS FALAM
Atenção que é de aproveitar a exposição sobre Religiões da Lusitânia no Museu Nacional de Arqueologia, em Belém.
(Quem não foi, vá; quem já foi, vá outra vez:).
RELIGIÕES DA LUSITÂNIA - LOQUUNTUR SAXA - AS PEDRAS FALAM
De 27 de Junho de 2002 a 1 de Junho de 2005
Museu Nacional de Arqueologia
O fenómeno religioso, na sua historicidade, tem sido alvo de
múltiplas abordagens interpretativas. Recorde-se Frazer e a
abrangência comparativista; Lévi-Strauss e os arquétipos
estruturalistas; Dumézil e os esquemas funcionalistas; Eliade e a
universalidade do simbólico. Porém, nada mais genial do que a breve
metáfora engendrada pelo inglês Murray, desde logo adoptada e
desenvolvida por Dodds no seu irreverente estudo sobre a cultura
grega e o irracional: o fenómeno religioso revela-se, em todas as
épocas e regiões, como um conglomerado herdado. E comenta Dodds:
«A metáfora geológica é feliz porque o crescimento religioso é (...) a aglomeração mais do que a substituição. Por isso, quando hoje estudamos as religiões do passado, não procuramos apenas conhecer
melhor as nossas longínquas raízes culturais, antes lidamos com
qualquer coisa ainda presente; embora de forma parcelar e, por
vezes, subjectiva; na nossa actual vivência como Homo religiosus que
(queiramos ou não...) todos somos.
Daí, o inusitado e sempre crescente interesse que desperta, no grande
público, a abordagem destes temas. Daí, o esperado êxito da futura
exposição promovida pelo Museu Nacional de Arqueologia, no virar dos
milénios, sobre as Religiões da Lusitânia.
Hispania Aeterna e Roma Aeterna. Duas tradições que convergem e se
sincretizam por força da Pax Romana. Mas que o Oriente, donde sempre
vem a Luz, acaba por converter;... E o aglomerado vai-se
avolumando, encobrindo ou evidenciando aqui e além alguns dos seus
componentes, mas nada perdendo, tudo armazenando. São forças secretas
da Natureza, numina tutelares, divindades várias, heróis deificados,
práticas rituais e mágicas, a Vida e a Morte. São textos obscuros,
que é preciso decifrar para ler, são objectos e imagens de um passado
duas vezes milenar que, após descodificados, se vêm a revelar bem
mais presentes do que suporíamos. Será o Tempo uma quimera?
Um nome, por detrás de tudo isto: Leite de Vasconcellos, o grande
estudioso que, há cem anos, pela primeira vez estudou exaustiva e
metodicamente as Religiões da Lusitânia. Uma homenagem? Sem dúvida!
Mas, certamente, muito mais do que isso...
José Cardim Ribeiro
Comissário Científico da Exposição «Religiões da Lusitânia».
Podem ver ainda no Museu Nacional de Arqueologia:
Cascais há 5000 anos: espaços da morte das antigas sociedades
camponesas 6 de Maio de 2004 a 28 de Fevereiro de 2005
Tesouros da Arqueologia Portuguesa
Exposição Permanente
Antiguidades Egípcias
Exposição Permanente
(Quem não foi, vá; quem já foi, vá outra vez:).
RELIGIÕES DA LUSITÂNIA - LOQUUNTUR SAXA - AS PEDRAS FALAM
De 27 de Junho de 2002 a 1 de Junho de 2005
Museu Nacional de Arqueologia
O fenómeno religioso, na sua historicidade, tem sido alvo de
múltiplas abordagens interpretativas. Recorde-se Frazer e a
abrangência comparativista; Lévi-Strauss e os arquétipos
estruturalistas; Dumézil e os esquemas funcionalistas; Eliade e a
universalidade do simbólico. Porém, nada mais genial do que a breve
metáfora engendrada pelo inglês Murray, desde logo adoptada e
desenvolvida por Dodds no seu irreverente estudo sobre a cultura
grega e o irracional: o fenómeno religioso revela-se, em todas as
épocas e regiões, como um conglomerado herdado. E comenta Dodds:
«A metáfora geológica é feliz porque o crescimento religioso é (...) a aglomeração mais do que a substituição. Por isso, quando hoje estudamos as religiões do passado, não procuramos apenas conhecer
melhor as nossas longínquas raízes culturais, antes lidamos com
qualquer coisa ainda presente; embora de forma parcelar e, por
vezes, subjectiva; na nossa actual vivência como Homo religiosus que
(queiramos ou não...) todos somos.
Daí, o inusitado e sempre crescente interesse que desperta, no grande
público, a abordagem destes temas. Daí, o esperado êxito da futura
exposição promovida pelo Museu Nacional de Arqueologia, no virar dos
milénios, sobre as Religiões da Lusitânia.
Hispania Aeterna e Roma Aeterna. Duas tradições que convergem e se
sincretizam por força da Pax Romana. Mas que o Oriente, donde sempre
vem a Luz, acaba por converter;... E o aglomerado vai-se
avolumando, encobrindo ou evidenciando aqui e além alguns dos seus
componentes, mas nada perdendo, tudo armazenando. São forças secretas
da Natureza, numina tutelares, divindades várias, heróis deificados,
práticas rituais e mágicas, a Vida e a Morte. São textos obscuros,
que é preciso decifrar para ler, são objectos e imagens de um passado
duas vezes milenar que, após descodificados, se vêm a revelar bem
mais presentes do que suporíamos. Será o Tempo uma quimera?
Um nome, por detrás de tudo isto: Leite de Vasconcellos, o grande
estudioso que, há cem anos, pela primeira vez estudou exaustiva e
metodicamente as Religiões da Lusitânia. Uma homenagem? Sem dúvida!
Mas, certamente, muito mais do que isso...
José Cardim Ribeiro
Comissário Científico da Exposição «Religiões da Lusitânia».
Podem ver ainda no Museu Nacional de Arqueologia:
Cascais há 5000 anos: espaços da morte das antigas sociedades
camponesas 6 de Maio de 2004 a 28 de Fevereiro de 2005
Tesouros da Arqueologia Portuguesa
Exposição Permanente
Antiguidades Egípcias
Exposição Permanente
1 Comments:
Por forma a que haja uma abertura inter-religiões, convido-o a ler o blog....
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