sexta-feira, novembro 05, 2004

BANDA DESENHADA NA AMADORA

Recomendo, ligeiramente, a ida à exposição de banda desenhada na estação de metro da Amadora Leste. Tem pouca vida, não muitas publicações à venda, mas bastantes secções propriamente expositivas denotando um trabalho rigoroso e inteligente. Saliento, neste caso, os resultados de uma votação realizada a nível internacional, para descobrir as cem personagens de b.d. mais famosas do mundo e que apresenta Tintin em primeiro lugar e Batman em segundo. Destaco também a parte das colunas dedicadas, cada uma delas, a uma personagem importante. Em cada coluna (pilar de pedra do próprio edifício), está o nome do boneco, uma página de banda desenhada a ele relativa e um objecto que o simboliza: o guerreiro Conan, tem um machado, por exemplo; a coluna de Ásterix, tem o elmo do gaulês; a de Flash Gordon, tem a nave espacial que aparecia nas histórias clássicas deste herói. Nesta parte da exposição, há até secções de tipos de personagens, entre as quais me diz algo em especial a dos sobre-humanos, vulgo, «super-heróis», indivíduos de poder excepcional utilizado para defender causas nobres, moderna encarnação do cavaleiro medieval e também do Deus ou semi-deus heróico da Antiguidade (Zeus, Hércules). Encontra-se também algo de judaico nalgumas dessas figuras, mas isso é outra história. Nesta secção, estão Batman, em primeiro, e também os nostálgicos Quatro Fantásticos, e ainda Super-homem, Capitão Marvel(Shazam), X-Men, Conan (que não é propriamente sobre-humano, mas enfim, quem o colocou ali considera que é super-herói tudo o que foi publicado pela Marvel), Fantasma, Homem-aranha, e mais outro qualquer, Homem-de-Plástico, que sempre foi uma autêntica quebra de ânimo, um anti-climax, uma vez que a sua elasticidade lhe tira a verticalidade necessária a uma personagem de índole meramente épica. Não admira que, em publicações relativamente recentes, tal criatura apareça como figura jocosa.

É um modo vagamente pálido mas ainda agradável de reviver figuras imaginárias que enriquecem a mente por meio da imaginação e que, em tendo sido dadas a conhecer, ao indivíduo, em determinadas alturas da sua vida, comunicam particularmente com a personalidade dos seus apreciadores de longa data. Um herói da nona arte (b.d.) que tenha estado entre os preferidos quando se tinha seis anos, ou doze, tem sempre algum significado especial, por menor que seja. Isto independemente de opções doutrinárias posteriores, que podem em certos casos relegar esta ou aquela personagem para a gaveta da propaganda ideológica do lado contrário. Quem, como nós, seja militante da causa nacionalista, pode ver, se estiver atento, a mensagem internacionalista e por vezes pró-judaica de certas personagens da editora norte-americana Marvel, por exemplo. Mas, em sendo identificado o veneno, por assim dizer, a figura de quadradinhos queda-se inofensiva, mero divertimento devolvido a uma ingenuidade despreocupada dessa espécie de idade de ouro que é a infância.

A exposição iniciou-se em finais de Outubro e termina no domingo.