quinta-feira, novembro 20, 2003

Soles, 30 de Março de 2778 AUC

TOMADAS DE POSIÇÃO

Perante os dois atentados bombistas ocorridos hoje na Turquia, um deles reinvindicado por uma organização turca, Grande Oriente Islâmico, e, o outro, pela Al-caeda, só fico ainda mais hesitante entre as explicações mais plausíveis.

É fácil, e pessoalmente tranquilizador, em termos de visão do mundo (porque permite ver televisão sem estar permanentemente a duvidar), pensar que há de facto uma organização terrorista de fanáticos islâmicos denominada Al-caeda, inimiga jurada dos E. U. A. e de Israel.

No entanto, esta versão parece demasiado perfeita e simples, e, sobretudo, conveniente ao poder yanko-judaico.

E, acto contínuo, diversas teorias, mais ou menos convincentes, a respeito da realidade que se esconde por detrás do atentado de 11 de Novembro, levam a pôr em dúvida a existência, quer da Al-caeda, quer de Bin Laden.
A aparição, de quando em vez, de umas cassetes vídeo nas quais Bin Laden diz que fez e que aconteceu, e que vai fazer mais até destruir a América, tem mesmo o aspecto de uma aldrabice bem montada para enganar as multidões.

Faz lembrar as palavras de Ernst Jünger, na obra «Um Passo na Floresta», quando este diz que o poder totalitário tem necessidade de apontar um inimigo, não suficientemente forte para fazer perigar a confiança dos cidadãos no poder do regime que os domina, nem demasiado fraco para ser considerado como não podendo prejudicar «o sistema» - o perigo que tal inimigo público oferece tem de ser moderado, para manter todo o povo unido e obediente, já persuadido a abdicar de certas liberdades.

Mas, na mesma obra, Ernst Jünger afirma também que o homem actual se solidariza muitas vezes com o criminoso, e relaciona essa simpatia pelo diabo com a solidão dos indivíduos face ao mecanicismo gigantesco titaniquesco (de Titanic, o navio cujo desastre é pelo filósofo utilizado como símbolo da impotência do homem actual perante um falhanço do mecanismo desumanizado e titânico), cada vez mais frequente, hoje em dia.

Portanto, se a Alcaida, e mais o seu líder, foram inventados pela C.I.A., como alguns querem fazer crer, então o tiro está a sair-lhes pela culatra, aos américo-hebraicos.
Porque há uma parte das populações ocidentais que se afirma cada vez mais hostil aos E.U.A. e, até, a Israel - a até há pouco tempo «santa» pátria do auto-proclamado povo eleito, convenientemente chamado de «povo-mártir» - ao mesmo tempo que sente cada vez mais prazer quando um terrorista islâmico mata um americano. Trata-se de um fenómeno onde convergem, quer a propaganda esquerdista anti-yanke, quer, também, o apelo romântico do fora-da-lei que desafia o poder imperial opressor, fazendo da Al-caida uma espécie de Zorros muçulmanos.

Ora, eu não acredito que os cérebros da C.I.A., e, claro, da Mossad, não saibam como é o povo. Não acredito que não fossem capazes de prever este tipo de simpatias quando, supostamente, engendraram a Al-caida.

De qualquer modo, perante a catrefa de protestos «populares», que correm pela Europa fora, contra Bush, antes prefiro, como Aleksandr Isaevich Solzhenitsyn, deplorar o declínio da coragem dos ocidentais, que, perante a ameaça terrorista, antes preferem vociferar contra os alvos mais fáceis, que são, neste caso, os governos democráticos que permitem livremente as manifestações de repúdio contra si próprios.