quarta-feira, março 05, 2025

POLÓNIA - LECH WALESA CRITICA TRUMP, DEFENDE ZELENSKY E LEMBRA AOS IANQUES A OBRIGAÇÃO DE DEFENDER A UCRÂNIA ASSINADA EM 1994

Sua Excelência, Sr. Presidente,

Assistimos à gravação da sua conversa com o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, com medo e desgosto. Achamos insultuoso que espere que a Ucrânia mostre respeito e gratidão pela assistência material prestada pelos Estados Unidos na sua luta contra a Rússia. A gratidão é devido aos heróicos soldados ucranianos que derramaram o seu sangue em defesa dos valores do mundo livre. Há mais de 11 anos que morrem na linha da frente em nome destes valores e da independência da sua pátria, que foi atacada pela Rússia de Putin.

Não entendemos como é que o líder de um país que simboliza o mundo livre não consegue reconhecer isto.

O nosso alarme também foi aumentado pela atmosfera na Sala Oval durante essa conversa, que nos lembrou os interrogatórios que sofremos nas mãos dos Serviços de Segurança e dos debates nos tribunais comunistas. Procuradores e juízes, agindo em nome da toda poderosa polícia política comunista, explicavam-nos que eles detinham todo o poder enquanto nós não tínhamos nenhum. Eles exigiam que cessássemos as nossas actividades, argumentando que milhares de pessoas inocentes sofreram por nossa causa. Eles tiraram-nos as nossas liberdades e direitos civis porque nos recusámos a cooperar com o governo ou a expressar gratidão pela nossa opressão. Estamos chocados que o Presidente Volodymyr Zelensky tenha sido tratado da mesma forma.

A história do século XX mostra que sempre que os Estados Unidos procuraram distanciar-se dos valores democráticos e dos seus aliados europeus, acabaram por se tornar numa ameaça para si mesmos. O Presidente Woodrow Wilson entendeu isto quando decidiu, em 1917, que os Estados Unidos deveriam juntar-se à Primeira Guerra Mundial. O Presidente Franklin Delano Roosevelt entendeu isto quando, após o ataque a Pearl Harbor em Dezembro de 1941, resolveu que a guerra para defender a América deveria ser travada não só no Pacífico, mas também na Europa, em aliança com as Nações sob ataque do Terceiro Reich.

Lembramos que sem o Presidente Ronald Reagan e o compromisso financeiro da América, o colapso do império soviético não teria sido possível. O Presidente Reagan reconheceu que milhões de pessoas escravizadas sofreram na Rússia soviética e nos países que ela tinha subjugado, incluindo milhares de presos políticos que pagaram pela sua defesa dos valores democráticos com a sua liberdade. A sua grandeza residia, entre outras coisas, na sua inabalável decisão de chamar a URSS de "Império do Mal" e de combatê-la decisivamente. Ganhámos, e hoje, a estátua do Presidente Ronald Reagan está em Varsóvia, de frente para a Embaixada dos EUA.

Sr. Presidente, a ajuda material - militar e financeira - nunca pode ser igualada ao sangue derramado em nome da independência da Ucrânia e da liberdade da Europa e de todo o mundo livre. A vida humana não tem preço; o seu valor não pode ser medido em dinheiro. A gratidão deve-se àqueles que sacrificam o seu sangue e a sua liberdade. Isto é óbvio para nós, povo da Solidariedade, antigos presos políticos do regime comunista sob a Rússia soviética.

Apelamos aos Estados Unidos para que defendam as garantias feitas ao lado da Grã-Bretanha no Memorando de Budapeste de 1994, que estabeleceu a obrigação directa de defender a integridade territorial da Ucrânia em troca da sua renúncia às armas nucleares. Estas garantias são incondicionais — não há menção de tratar tal assistência como uma transacção económica.
Assinado,

Lech Wałęsa, ex-presidiário político, presidente da Polónia

*
Fonte: https://www.facebook.com/roman.sheremeta.7/posts/pfbid0gU8WBSd7MiLPDbYSPTjj1MoWpw8yNrFr9viiwUTS5aVtjJDycq8ctJcArcdK7F5Rl

* *

O ex-presidente polaco Lech Walesa, vencedor do Prémio Nobel da Paz, assina uma carta dirigida ao presidente Trump. Expressa "horror e repugnância" pela discussão com o presidente ucraniano na Casa Branca. Comparou mesmo o episódio a um interrogatório da era comunista. Na carta diz-se chocado com o episódio da Sala Oval. Lech Walesa subscreve a missiva com 40 outros antigos prisioneiros políticos da Polónia.
*
Fonte: https://www.rtp.pt/noticias/mundo/horror-e-repugnancia-lech-walesa-subscreve-carta-dirigida-a-donald-trump_v1638379

* * *

É estranho que praticamente ninguém se tenha lembrado até agora de recordar o compromisso norte-americano para com a defesa da Ucrânia assumido em 1994. Será porque nem Obama nem Biden enviaram tropas para a Ucrânia - para a Crimeia, no tempo do presidente mulato - aquando da invasão russa, e, por isso, o esquerdalhame esquece este detalhe?