HONRA A EYVIND KELDA, MÁRTIR DA RELIGIÃO NACIONAL EUROPEIA
O seis de Maio é celebrado por actuais pagãos germânicos em honra de Eyvind Kelda, também chamado Eyvind Kelve, espécie de mártir pagão norueguês que, neste dia do ano 995, foi assassinado por ordem de Olaf Trygvason, rei da Noruega. Trygvason viria mais tarde a ser canonizado por converter, à força, o seu país e arredores à Cristandade, depois de anunciar o seu baptismo cristão... foi ele quem construiu a primeira igreja em solo norueguês e tem hoje uma estátua em Trondheim.
Eis como se conta a cena na «Heimskringla: Crónica dos Reis da Noruega», uma das sagas nórdicas compiladas por Snorri Sturluson por volta de 1230:
«Então o rei foi para Tunsberg e aí realizou um Thing [Assembleia] na qual declarou em discurso que todos os homens dos quais se soubesse com certeza que tinham mexido com espíritos malignos ou feitiçaria, ou que fossem bruxos, seriam expulsos da terra.
Então, o rei saqueou a vizinhança em busca de tal tipo de gente e chamou-a à sua presença; quando estes indivíduos foram levados à sua presença, houve um entre eles, Eyvind Kelda, neto de Ragnvald Rettilbeine, filho de Harald Harfager. Eyvind era um sacerdote, particularmente instruído em bruxaria. O rei fez com que todos estes homens fossem sentados numa sala, que estava bem adornada e ofereceu-lhes um grande festim, dando-lhes bebida forte em abundância.»
Quando os convivas adormeceram, as portas foram cerradas e o salão foi incendiado, o que causou a morte a todos os que ali se encontravam excepto a Kelda, que terá escapado por um buraco no tecto. Conta-se que mais tarde conseguiu chegar a uma ilha onde, juntamente com outras pessoas, continuou a prestar culto aos Deuses Nacionais. O monarca acabou por aí chegar também; Kelda teria conseguido proteger os seus por meio de uma névoa mágica durante algum tempo mas as tropas de Trygvason acabaram por apanhar os resistentes:
«Eyvind cobriu [a sua gente] com capas de trevas e tão densa era a bruma que o rei e os seus homens não podiam ver; mas quando chegaram perto da casa em Ogvaldsnes, o dia clareou. Depois tudo aconteceu diferentemente do que Eyvind queria: agora caiu uma escuridão sobre e os seus camaradas de feitiçaria como eles tinham feito antes, de maneira tal que não podiam ver pelos olhos mais do que pelas nucas e andaram à roda da ilha.»
Kelda e os seus foram depois acorrentados a uma rocha até a maré subir: «O rei ordenou que todos eles fossem levados para um recife que estava sob água na maré alta e aí fossem amarrados. Eyvind e todos os que estavam consigo deixaram as suas vidas neste rochedo e o recife é ainda denominado Skrattasker.»
Trygvason viria a assassinar do mesmo modo outros resistentes pagãos, como Eyvindr Kinrifa e Raud o Forte, o que pode ser lido aqui: http://irminfolk.com/eyvind-kinrifa-the-death-of-a-pagan-martyr/
Outras fontes:
http://galacticconnection.com/may-day-history-beltane-and-the-may-pole/
https://www.thoughtco.com/eyvind-kelda-pagan-folklore-2561628
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Aproveito para citar uma passagem de uma das fontes acima: «Desde o princípio que os monoteístas deixaram claro que não tinham espaço para outros Deuses. Era o pilar do seu credo e toda a gente deveria ter percebido o que isto significava. A tolerância dos nossos ancestrais pagãos, tão limitada quanto possa ter sido, tornou possível aos cristãos ganharem assento até terem os números para disseminarem a sua religião através da força. Além disso, alguns dos nossos reis e líderes tribais viram oportunidade política na adopção do Cristianismo e a sua traição foi o estádio final da conversão da Europa setentrional ao monoteísmo.»
Os tolerantes pagãos não perceberam o que não podiam perceber, uma vez que a intolerância totalitária religiosa era-lhes completamente estranha, como um veneno desconhecido para o qual não tivessem antídoto... Assim estão hoje muitos dos que, no Ocidente, não aceitam que ainda possa haver multidões apostadas numa guerra religiosa, daí que não percebam a eventualidade da islamização da Europa. A diferença entre o que agora sucede e o que há séculos ocorreu é bem notória: os de outrora não entenderam o que tinham diante de si por falta de experiência enquanto os de agora recusam-se a entender o que diante de si se coloca, e recusam-se porque a sua consciência está dogmaticamente formatada para acolher bem os universalismos (como o Islão) e também para ignorar os conflitos que possam pôr em causa o seu ideal universalista das fronteiras abertas. No primeiro caso houve ingenuidade e ignorância inocente; no segundo, há o fanatismo formado ao longo de milénio e meio em mentes influenciadas pelo totalitarismo religioso e moral que se abateu sobre a Europa por ocasião do primeiro caso. Significa isto que a imposição da Cristandade abriu caminho, tanto em termos de tradição religiosa abraâmica - trata-se do mesmo «Deus» - como em termos de moralidade universalista e até de mentalidade dogmática, abriu pois caminho, dizia, para a actual islamização do espaço europeu.
Os supracitados Eyvinds e Raud morreram por aquilo que há de mais sagrado, a religião nacional. Esta religião, no caso, é simplesmente a versão germânica, nórdica, da religião pagã politeísta indo-europeia. Estes mártires, e outros como eles, representam a nível local a resistência activa da herança religiosa indo-europeia a um credo totalitário abraâmico. Nenhuma honra que se lhes faça é excessiva.
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https://g1.globo.com/google/amp/rj/rio-de-janeiro/noticia/2024/05/07/turista-morta-em-santa-teresa-no-rio.ghtml
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