sexta-feira, janeiro 19, 2024

DESCOBERTA DO QUE PODERÁ TER SIDO UM CULTO PAGÃO CENTRO-EUROPEU NO ALVOR DA IDADE MÉDIA

Recentemente, arqueólogos desenterraram uma fivela de cinto doirada que, ao ser minuciosamente analisada, revelou importantes informações sobre civilizações que floresceram há mais de mil anos.
Em comunicado, o pesquisador principal, Jiří Macháček, da Universidade Masaryk, relatou que ele e sua equipa, consideraram inicialmente a fivela como um artefacto arqueológico único.
Macháček explicou que a fivela foi encontrada em Lány u Břeclavi, na República Checa, mas que, ao contrário do que pensou originalmente, a peça não era única.
Macháček descobriu, mais tarde, que fivelas semelhantes haviam sido descobertas na Alemanha, Hungria e Boémia, percebendo que os artefactos estavam todos conectados.
“Percebi que estávamos diante de um culto pagão, até então desconhecido, que ligava diferentes regiões da Europa Central”, explicou o professor universitário.
Após a descoberta, Macháček reuniu uma equipa de pesquisadores internacionais, para conduzir uma análise detalhada dos artefactos encontrados. O objectivo era explorar mais informações sobre seu contexto e sua origem.
Feita a análise, Macháček e a sua equipa revelaram factos intrigantes sobre as fivelas, que detalharam em relatório, publicado pelo Journal of Archeological Science, em Janeiro de 2024.
O grupo de pesquisa realizou varreduras em quatro peças, além de fazer análises isotópicas, revelando que foram fundidas a partir da mesma cera e que o cobre utilizado na sua produção provinha da mesma fonte, conforme relatado pelo Vice.
"Algumas das extremidades do cinto vêm da mesma oficina ou são derivadas de um modelo comum, embora tenham sido encontradas em regiões muito distantes", relataram os autores do estudo.
As fivelas datam de algum momento entre os séculos VII e VIII d.C. e pertenciam a um grupo de povos nómades, conhecidos como Ávaros, que se estabeleceram na Bacia dos Cárpatos, onde hoje é a Hungria.
As fivelas dos cintos retratam algo parecido a uma serpente que devora um sapo, um motivo bastante comum nos mitos da época.
“Este símbolo aparece na mitologia germânica, ávara e eslava. Era um ideograma universalmente compreensível e importante”, explicou Macháček, no comunicado de imprensa.
"Actualmente, existem apenas especulações sobre o seu significado, mas, nos primórdios da Idade Média, o símbolo da cobra que devora o sapo conectava espiritualmente os diversos Povos que habitavam a Europa Central”, continuou Macháček.
Os autores do estudo observaram que as fivelas podem ter desempenhado um papel importante na sociedade medieval, sobretudo entre as elites que governavam as sociedades.
Acredita-se que as fivelas doiradas dos cintos tenham sido uma forma de comunicar a classe a que pertenciam as pessoas, relatou a Vice.
A mitologia, muitas vezes, utiliza símbolos para transmitir ideias complexas e conceitos espirituais, reflectindo a visão de mundo das comunidades que a criaram. Segundo os pesquisadores, estes cintos podem ter sido usados por membros de um culto, informou a Vice. No entanto, não há como determinar com precisão o seu significado integral.
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Fonte: https://www.msn.com/pt-pt/noticias/other/arque%C3%B3logos-encontram-evid%C3%AAncias-de-um-culto-medieval-misterioso/ss-AA1nb21m?cvid=9b6e927ebeb44b898a7bc5010948ccd8&ocid=winp2fptaskbarhover&ei=44&fbclid=IwAR2MQTUxIXI5CKqo2WGGe-6zVIWVMzYWqveUtHaRpmu_THf2eoivHsavqiU#image=3