sábado, agosto 13, 2022

TORRE DE HÉRCULES OU DE BRÉOGAN NA GALIZA DEDICADA A MARTE POR UM LUSITANO




Escudo da Corunha
Há uma aparência de celticidade no acto de colocar uma cabeça na base uma edificação, a julgar pela frequência de cabeças esculpidas em pedra que se vêem em vários antigos templos britânicos. Na mitologia céltica galesa, a cabeça do gigante-Deus Bran, ou Bendigeidfran, ou Brân Fendigaidd, é colocada por sua própria ordem na chamada White Hill, de Londres, pensando-se hoje que é o local onde se encontra a Torre de Londres. White Hill, Colina Branca, recorda, pela cor, a sacralidade clássica do mundo céltico e indo-europeu em geral, em que o branco é a cor da luz e da primeira função indo-europeia (segundo Dumézil).




Inscrição que se lê na chamada Torre de Hércules, na Corunha, Galiza:
"MARTI /AUG[USTO] SACR[UM] /
C[AIUS] SEVIUS /LUPUS /
ARCHITECTUS /AEMINIENSIS /
LUSITANUS EX VO[TO]"
Tradução:
"Consagrado a Marte Augusto.
Caio Sévio Lupo,
arquitecto de Emínio
Lusitano em cumprimento de uma promessa"

Marte é o Deus da Guerra Romano; o epíteto «Augusto» aplicado a esta Divindade encontra-se em vários monumentos e pode estar ligado ao culto imperial, como também pode dever-se a um acto de devoção pessoal, o que se afigura provável, tendo em conta o texto da inscrição.

«A Torre de Hércules serviu como farol e marco na entrada do porto da Corunha, na Galiza, desde o final do século I d.C., quando os Romanos construíram o Farum Brigantium. A Torre, construída sobre uma rocha de 57 metros de altura, ergue-se mais 55 metros, dos quais 34 metros correspondem à alvenaria romana e 21 metros ao restauro dirigido pelo arquitecto Eustaquio Giannini no século XVIII, que aumentou o núcleo romano com duas formas octogonais. Imediatamente adjacente à base da Torre, encontra-se um pequeno edifício romano rectangular. O local também possui um parque de esculturas, as gravuras rupestres do Monte dos Bicos da Idade do Ferro e um cemitério muçulmano. As fundações romanas do edifício foram reveladas em escavações realizadas na década de 1990. Muitas lendas da Idade Média ao século XIX cercam a Torre de Hércules, que é única, pois é o único farol da antiguidade greco-romana que manteve uma medida de integridade estrutural e continuidade funcional.»
«Há várias lendas locais relacionadas com a sua construção. Uma delas conta que Hércules chegou de barco às costas que rodeiam actualmente a torre e que foi, precisamente ali, o lugar onde enterrou a cabeça do gigante Gerião, depois de o vencer em combate. Gerião, rei de Brigâncio, era um tirano que obrigava os seus súbditos a entregarem a metade dos seus bens, incluindo os seus filhos. Um dia decidiram pedir ajuda a Hércules. Este derrotou o rei, enterrou-o, e levantou, à guisa de túmulo, a Torre de Hércules; esta lenda está representada no escudo de Corunha.
Outra lenda, esta de origem Irlandesa e constante do "Livro das Invasões da Irlanda", apontaria Breogán, líder do mítico Povo Milesiano que colonizou a Irlanda, como construtor da alta torre. De acordo com a mesma lenda, Ith, filho de Breogán, teria avistado a Irlanda pela primeira vez do alto da mítica Torre de Breogán.»
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