CERES E SILVANO EM CELEBRAÇÃO DE BRAGA, SEGUNDO A «MONARQUIA LUSITANA» DE FREI BERNARDO DE BRITO
Ceres, por Christine de Pizan, c. 1410-1414 |
Silvano em baixo-relevo romano presente no Museu Capitolino em Roma |
«(...) dizem que celebrando-se na cidade de Braga da província da Galiza, uma grande festa em honra do ídolo de Silvano, que os gentios tinham por Deus dos Campos e Bosques, Lhe costumavam oferecer sacrifícios, juntamente com os de Ceres, que eles veneravam como advogada das sementeiras. E no mês de Abril quando cresciam os pães e floresciam os campos, vinham certos dias deputados para estas solenidades, nos quais a gente se saía ao campo coroada de flores, gastava certos dias com suas noites em festas, oferecendo ao ídolo de Silvano ramalhetes e capelas de flores, queijadas, natas e leite, em que coziam um cabrito, e quando se iam despedindo os dias da festa, matavam um porco preto em honra de Ceres, com grande festa e alaridos do povo, como se viessem em forma de montaria, e deste modo davam a solenidade por acabada, crendo que por aquele ano estariam as novidades prósperas e bem guardadas, pois tinham contentes os Deuses, que cuidavam ser protectores delas.(...)»
- In «Monarquia Lusitana», volume II, Livro Quinto, 34, Frei Bernardo de Brito, obra iniciada em 1609; refere nesta passagem uma cena ocorrida nos primeiros tempos da Cristandade na Península Ibérica, entre os séculos I e IV.
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