NAÇÃO X IMPÉRIO(S) E RELATIVISMOS

Como seria de esperar em época de ovinice moral, não faltam os «clubes» dos «amigalhaços» a defenderem esta ou aquela posição porque o seu bando faz o mesmo. Nisso, servem-se de tudo, entre factos e meias verdades, ou mentiras puras e simples, e claro, do velho - já foi novo, agora está mais que batido - relativismo moral. No caso da invasão russa da Ucrânia, é mesmo deste relativismo o que mais se ouve da parte dos putinófilos. Não faltam os que têm a inacreditável ousadia de quererem fazer crer que a invasão russa foi culpa da OTAN, mesmo depois de Putin dizer abertamente que não vê razão para a Ucrânia existir, mesmo depois de Putin queimar cidades ucranianas umas a seguir às outras, mesmo depois de se constatar que Putin já anda há oito anos ou mais a preparar a economia russa para enfrentar sanções mundiais. Salta bem à vista a diferença entre invadir e defender; entre, por um lado, apoiar uma das partes, e, por outro, esmagar por completo a outra; entre, por um lado, avançar com colunas de dezenas de quilómetros de tanques, e, por outro, limitar-se a dar armas, ou até, vá lá, de colocar tropas no terreno em posição defensiva.

Vir agora falar da Jugoslávia, do Iraque, do Afeganistão, etc., é só whataboutismo, para usar uma expressão ianque que designa o desvio de conversa para outros temas igualmente carregados de emoção mas que nada interessam para o que se está a discutir. Dito com toda a clareza: todo e qualquer abuso dos EUA no Kosovo, no Iraque e em Cascos de Rolha não legitima de modo algum o abuso de Putin contra a Ucrânia. Não se trata pois de apoiar a América, sequer a OTAN - que nem sequer fez nada que se visse, até agora - mas sim de defender uma Nação que, só por sê-lo, tem automaticamente direito à soberania e à liberdade.

Não se venha também com a conversa anti-globalista. Decerto que o globalismo me parece mau porque, porque, porque, implica um desprezo pelas identidades étnicas e nacionais. O globalismo é pois um imperialismo sem pátria - ora o comportamento de Putin é também claramente imperial. Não se venha por isso dizer que a opressão dos Ucranianos, a sua sujeição à Rússia como se verificou ao longo da maior parte do século XX, é uma «libertação», pois que tal arenga não passa de mais propaganda de guerra e areia para os olhos engendrada por quem se põe ao lado do mais forte, neste caso a Rússia.

Se o Povo Ucraniano «se deixa» ou não enganar pelo «mundialismo», isso é uma decisão sua. As suas escolhas não devem de forma alguma ser determinadas pela intimidação militar.