O CATAR, PAÍS ALEGADAMENTE MODERADO NO SEU ISLÃO
Em Outubro, o ministro do interior de Itália, Matteo Salvini, visitou o Catar, o "gigante da energia", onde levantou a bola do emirado por "não mais patrocinar o extremismo". Lamentavelmente, a verdade é justamente o contrário. Catar "o outro estado wahhabista", ao que tudo indica, não está interessado somente nas relações económicas com a Europa, mas também na exportação da sua versão do islamismo político.
De acordo com o recém lançado livro Qatar Papers: How the Emirate Finances Islam in France and Europe, escrito pelos jornalistas franceses Christian Chesnot e Georges Malbrunot, o Catar distribuiu 22 milhões de euros aos projectos islâmicos somente em Itália. Esses recursos financeiros visam virtualmente um único beneficiário: a União das Comunidades e Organizações Islâmicas de Itália (UCOII), acusada de estar muito próxima da Irmandade Muçulmana, a queridinha organização do Catar, porta-voz do veículo de média Al Jazeera do Catar localizada em Doha, capital do país.
"O Catar é hoje um dos principais financiadores do Islão na Europa", ressaltou Malbrunot numa entrevista. O seu livro, importante exposição sobre a infiltração islamista na Europa, aponta que o Catar financiou 140 mesquitas e centros islâmicos na Europa, no valor de 71 milhões de euros. O país agraciado com a maioria dos projectos (50) foi a Itália, onde o Centro Al Houda de Roma recebeu 4 milhões de euros.
Tariq Ramadan, neto do fundador da Irmandade Muçulmana, Hasan al-Banna, acusado de estupro e abuso sexual por um sem-número de mulheres, recebeu 35 mil euros por mês como "consultor" do Catar. O Complexo Cultural Muçulmano de Lausanne na Suíça, recebeu US$1,6 milhão. Em 2015 o Catar doou um recém construído edifício no valor de 11 milhões de libras esterlinas no St. Antony's College, em Oxford, onde Ramadan é professor.
O Catar também tem sido extremamente actuante em França. O emirado, de acordo com o livro, financiou o Centro Islâmico de Villeneuve-d'Ascq e o Lycée-Collège Averroès, a primeira escola de fé muçulmana de França financiada pelo Estado. O Lycée-Collège Averroès virou o pivô de um escândalo quando um dos seus professores pediu demissão após escrever que a escola era "um antro de anti-semitismo e por 'promover o islamismo' para os alunos".
O Catar também financiou outras mesquitas em França. A Grande Mesquita de Poitiers, por exemplo, fica nas proximidades do local onde ocorreu a Batalha de Tours (também conhecida como a Batalha de Poitiers), onde Charles Martel, soberano dos Francos deteve o avanço do exército muçulmano de Abdul al-Rahman, no ano 732. A Mesquita Assalam em Nantes e a Grande Mesquita de Paris são outros exemplos.
No livro publicado anteriormente "Nos très chers émirs"(" Estimados Emires"), Chesnot e Malbrunot revelaram a estreita relação existente entre o establishment político francês e a monarquia do Catar. Entre os agraciados pelo Catar encontravam-se o European Institute of Human Sciences, uma organização islâmica intimamente ligada ao braço francês da Irmandade Muçulmana, que disponibiliza cursos de teologia islâmica.
Entre os islamistas descritos no livro encontra-se o clérigo de Doha, Yusuf al Qaradawi, que permitiu que fossem perpetrados atentados suicidas durante a Segunda Intifada, endossou a fatwa (decreto religioso) para matar americanos no Iraque e encorajou os muçulmanos a viajarem ao exterior para lutarem nas guerras civis na Síria e na Líbia. Qaradawi postulou a "conquista de Roma" e anunciou na TV egípcia em 2013 que sem a execução como punição por abandonar a religião (apostasia), "o Islão não existiria hoje".
"Há anos que relatamos a infiltração ideológica e religiosa de Doha", realçou Souad Sbai, de origem marroquina, presidente do Centro de Estudos Averroes da Itália. "Sob a forma de investimentos e operações financeiras, o Catar amplia a sua rede proselitista todos os dias, gerando consideráveis danos para as sociedades europeias, incluindo a da própria Itália". O jornal L'Opinione delle Libertà cita Sbai sustentando que o Catar é um "um lobo em pele de cordeiro".
Elzir Izzedin, imã de Florença e presidente da UCOII, admitiu há três anos: "25 milhões de euros chegaram do Catar".
O Catar também está por trás da fundação de uma universidade islâmica para 5 mil estudantes na pequena cidade de Lecce, no sul de Itália.
Também há dois anos, com um investimento de mais de 2,3 milhões de euros, o Catar elaborava importantes projectos islâmicos na Sicília, ilha do sul da Itália, onde o Catar, ao que tudo indica, presta ajuda financeira a cerca de um quarto das suas mesquitas.
Segundo o presidente do Middle East Forum, Daniel Pipes, "Doha não depende somente da diáspora islamista no Ocidente para incrementar o seu projecto, Doha também trabalha para influenciar directamente os estrategistas políticos e a população em geral": "As emissoras de língua inglesa produzem uma astuta propaganda contra os inimigos do Catar, disfarçada de retórica liberal ocidental. O mais recente empreendimento da Al Jazeera, o canal de rede social AJ+, tem como alvo os americanos jovens e progressistas. Os seus documentários sobre as perversidades de Israel, da Arábia Saudita e da Administração Trump ficam camuflados na brilhante cobertura de campanhas de direitos dos transgéneros e apelos emotivos no tocante ao sofrimento dos candidatos a asilo na fronteira dos Estados Unidos com o México, temas aparentemente sem pé nem cabeça, para uma emissora controlada por um regime wahhabista. "Doha também procura influenciar instituições educacionais do Ocidente. A Qatar Foundation, controlada pelo governo, doa dezenas de milhões de dólares a escolas, faculdades e outras instituições de ensino na Europa e na América do Norte. Na realidade, o Catar é hoje o maior doador estrangeiro às universidades americanas. O dinheiro do Catar paga o ensino do idioma árabe, aulas sobre a cultura do Médio Oriente e o viés ideológico é, vira e mexe,descaradamente exposto às claras, como na epígrafe no plano de aula nas escolas americanas, sob o título: Manifeste a Sua Lealdade ao Catar."
O jornal de maior circulação de Itália, o Il Corriere della Sera, retratou o activismo do Catar no país: "Em 24 de Maio, o xeque príncipe Hamad Bin Nasser Al Thani, membro da família real do Catar, estava em Piacenza, onde inaugurou o novo centro islâmico ao lado das principais autoridades da cidade. No mesmo dia foi à Brescia para participar da cerimónia de inauguração da ampliação da mesquita local com o corte da fita. Dois dias depois, o príncipe Al Thani, todo sorridente, reapareceu em Mirandola, na província de Modena, para a inauguração do novo centro de oração muçulmana, danificado pelo terremoto de 2012, totalmente reformado como se fosse novo, diferentemente da paroquia local. Em 28 de Maio, o xeque foi imortalizado em Vicenza, novamente pela abertura de um centro islâmico. No dia 5 de Junho, outra cerimónia de inauguração com o corte da fita, dessa vez de um complexo para oração e uma escola corânica em Saronno (Varese), e ainda por cima acompanhado pelo vigário episcopal".
O Coronel Emilio Sánchez de Rojas, analista do Instituto Espanhol de Estudos Estratégicos do Ministério da Defesa, acusou tanto o Catar quanto a Arábia Saudita de fazerem "campanhas para influenciar o Ocidente". O Catar vem financiando mega-mesquitas por toda a Europa. Ao que parece o objectivo do Catar é islamizar a diáspora europeia.
Conforme salientou o especialista em Médio Oriente e parlamentar alemão Rolf Mützenichem em 2016: "Durante um bom tempo tivemos indícios e evidências de que os salafistas alemães estavam a receber auxílio, o que é endossado pelos governos da Arábia Saudita, Catar e Kuwait, na forma de dinheiro, envio de imãs e na construção de escolas corânicas e mesquitas".
The Economist também trouxe à tona a aquisição de mesquitas da Europa pelo Catar.
Em 2014 o Departamento do Tesouro dos EUA não só apontou singularmente o Catar como fonte de recursos para a al-Qaeda, parece que Doha também foi, com algumas interrupções, um dos principais apoiantes do Hamas, a organização terrorista palestina que faz das tripas coração para destruir o Estado de Israel. Durante a "Primavera Árabe" em 2011, o Catar, que, por meio da Al Jazeera, foi reconhecido pelo seu papel em "participar na criação do clima para a Primavera Árabe," apoiou os islamistas, provavelmente para substituir ditadores seculares na Tunísia, Líbia e Egipto.
O Catar também foi acusado de financiar o Estado Islâmico (ISIL). O general Jonathan Shaw, ex-chefe adjunto do Estado-Maior da Defesa da Grã-Bretanha, declarou que o Catar e a Arábia Saudita são responsáveis pela disseminação do Islão radical. "Trata-se de uma bomba-relógio que, disfarçada de educação, o salafismo wahhabista está na realidade a inflamar o mundo. E é financiada com dinheiro da Arábia Saudita e do Catar e isso precisa de acabar", enfatizou o Gen Shaw.
À medida que a orgia de gastos em nome da ideologia do Catar avança no Ocidente, muitos europeus, ainda, ao que tudo indica, estão perdidos numa cegueira deliberada, continuam trilhando as suas fúteis acusações de "discurso de ódio", "racismo" e "islamofobia", enquanto muçulmanos radicais se infiltram nas suas democracias e continuam a cercá-los.
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Giulio Meotti, Editor Cultural do diário Il Foglio, é jornalista e escritor italiano.
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Fonte: https://pt.gatestoneinstitute.org/14076/catar-europa-financiando-islamismo
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