segunda-feira, novembro 12, 2018

MORREU STAN LEE, GRANDE CRIADOR DA MARVEL


Morreu hoje Stanley Martin Lieber, mais conhecido por Stan Lee, um dos maiores autores de banda-desenhada a nível mundial. Nascido em 1922 nos EUA filho de judeus oriundos da Roménia, Stan Lee foi o grande reformador e de certo modo refundador da Marvel Comics Group - que antes dele se chamava Timely Atlas - uma das duas maiores editoras de histórias de super-heróis. Em parceria com outros artistas, da sua mente brotaram, a partir do dealbar da década de sessenta, alguns dos vultos mais carismáticos de toda a ficção pop contemporânea: Quarteto Fantástico, Homem-Aranha, adaptação do Deus nórdico Thor à banda-desenhada, Homem-de-Ferro, Hulk, Surfista Prateado, Dr. Estranho, X-Men, entre outros titânicos e garridos heróis. Acusado muitas vezes de plágio, vituperado como vendedor de banha da cobra, ou como oportunista que se apropriava do trabalho alheio, o seu talento para dar cor e dinamismo a uma personagem garantiram-lhe um lugar na galeria dos grandes da cultura pop actual; o jovial e luminoso entusiasmo com que contagia sempre a disposição do leitor fazem dele um génio sui generis. Copiando muito ou pouco, revolucionou o meio super-heroístico com o seu apelo à identificação da personagem heróica com o homem comum, atribuindo aos seus peculiares super-heróis sentimentos, limitações e debilidades menores. Inventar um jovem pobre e azarado que adquire super-poderes aracnídeos - o supracitado Homem-Aranha, portanto - e com isso atingir o estrelato é, objectivamente, possuir um toque de Midas cultural. Só por isso já mereceria alguma atenção, mesmo que entretanto não tivesse engendrado as outras figuras ficcionais acima referidas...
Segundo ele próprio contou, arranjou emprego na editora que viria a ser a Marvel só porque porque precisava de trabalhar para comer; o seu sonho era ser um grande escritor dito sério e por isso não quis comprometer o seu nome verdadeiro com a publicação de algo que na altura tinha tão patética fama como as histórias de super-heróis... 
Entre as suas diversas citações, que se podem ler nesta página https://www.syfy.com/syfywire/stan-lee-reflects-on-his-legacy, saliento esta para dizer o que falta dizer sobre o que ele representou e representará sempre:

«Eu costumava pensar que o que fazia não era muito importante. Havia pessoas a construir pontes e a trabalhar em pesquisa médica e aqui estava eu a escrever histórias sobre pessoas ficcionais que fazem coisas extraordinárias e loucas e usam uniformes. Mas acho que acabei por perceber que o entretenimento não é facilmente dispensável. Para além do significado (de um trabalho de arte), é importante para as pessoas. Sem isso, as vidas podem ser enfadonhas. Cantar uma canção, praticar desportos - qualquer coisa que entretenha, que leve as pessoas para longe dos seus próprios problemas, é bom. Parece óbvio, mas é bom recordá-lo.»
- Chicago Tribune, 2014

Acrescento: o entretenimento não é apenas «fuga aos problemas». É uma evasão necessária da mente, quase tão necessária, digo eu, como o sono diário (ou nocturno, seja). O entretenimento por via da narrativa ficcional, em particular, é mais do que fuga e do que sono - é voo, é resquício do apelo religioso em busca do que transcende. «Excelsior!», dizia Stan Lee e dizia bem, independentemente do que quisesse dizer com isso. 

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Até o anti-racista do Stan Lee é atacado pelos sjw:

https://www.youtube.com/watch?v=3ysVcJ8Xnag

15 de novembro de 2018 às 02:04:00 WET  

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