domingo, outubro 07, 2018

SOBRE O INTERESSE DA TURQUIA EM FINANCIAR ACTIVIDADE ISLÂMICA EM SOLO EUROPEU

O governo turco gasta centenas de milhões de dólares na construção de mesquitas como parte de um programa de longo prazo com o intuito de promover o Islão ao redor do mundo. Muitos muçulmanos esperam que as novas mesquitas espalhadas pela Europa fomentem e facilitem a sua intenção de disseminar o Islão nos países não islâmicos e persuadir os "infiéis" cristãos a abandonarem a sua fé em prol do Islão.
A 29 de Setembro, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan inaugurou mais uma mesquita na Europa patrocinada pela Turquia, "A Mesquita Central de Colónia", localizada em Colónia, Alemanha.
A agência Anadolu, financiada pelo governo turco, relatou em 25 de Setembro: "A Mesquita Central de Colónia, construída pela União Turco-Islâmica para Assuntos Religiosos (DITIB), após oito anos de obras, conta com a capacidade de acomodar 1.200 pessoas." "Será a mais importante e uma das maiores mesquitas da Europa e da Alemanha. Nevzat Yasar Asikoglu, presidente da DITIB, ressaltou aos repórteres que ela tem um significado simbólico para os nossos irmãos muçulmanos que vivem aqui". "A nossa mesquita também simboliza a paz, a fraternidade e a cultura da coexistência", salientou ele.
O complexo de 17 mil metros quadrados da mesquita também aloja um shopping center, um local para exposições e auditório para palestras, um salão de convenções com capacidade para acomodar 600 pessoas, uma biblioteca, salas para reuniões de trabalho e um estacionamento no andar térreo.
Alemanha, país com mais de 81 milhões de habitantes, tem a segunda maior população muçulmana da Europa Ocidental logo a seguir à da França. Dos quase 4,7 milhões de muçulmanos que residem no país, três milhões são de origem turca.
Entretanto, ao mesmo tempo em que uma enorme mesquita está a ser inaugurada na Alemanha, a maior escola teológica ortodoxa cristã, localizada na ilha de Halki (Heybeliada), no Mar de Mármara, permanece fechada por quase 50 anos, por ordem do governo turco. Além disso, a menos de um quilómetro do seminário cristão fechado, um novo centro de estudos islâmicos abrangendo uma área total de 200 acres está programado para ser construído.
DITIB, o grupo que construiu a nova mesquita de Colónia, administra mais de 900 mesquitas em toda a Alemanha. Essas mesquitas estão ligadas ao Conselho Administrativo para Assuntos Religiosos do governo turco (Diyanet), que fornece imãs às mesquitas da DITIB.
Recentemente os média alemães reportaram que o serviço de inteligência do país está a pensar em monitorizar a DITIB, devido ao seu envolvimento em vários escândalos, como por exemplo: espionagem dos imãs para representações diplomáticas turcas, recusa em comparecer a uma "passeata contra o terrorismo" em Colónia, convocação de fiéis para rezarem por uma vitória militar turca contra os Curdos no norte da Síria e organização de uma encenação militar com bandeiras turcas e armas de brinquedo fornecidas a crianças "mártires".
A oposição às actividades da DITIB na Alemanha também está crescendo. "Aqueles que disseminam o nacionalismo, ódio aos cristãos, judeus ou pessoas sem filiação religiosa e espiam no nosso país a pedido do governo turco não podem ser parceiros na luta contra o extremismo religioso na Alemanha", salientou o parlamentar Christoph de Vries.
Enquanto isso, o governo turco continua a destruir a herança cristã na Turquia. Por exemplo, o Seminário Teológico Ortodoxo tornou-se um símbolo da sistemática discriminação que os cristãos estão sofrendo na Turquia.
A única escola de formação para a liderança do Cristianismo ortodoxo, o Seminário de Halki foi fechado pelo governo turco em 1971. Desde então, o Patriarcado Ecuménico de Constantinopla tem sido incapaz de formar o clero e sucessores em potencial para o cargo de Patriarca.
De acordo com a Ordem de Santo André, Arcontes do Patriarcado Ecuménico: "Desde o seu fechamento, o Patriarcado Ecuménico teve que enviar os jovens da sua comunidade que desejam entrar para o sacerdócio para uma das escolas de teologia na Grécia. Em muitos casos não retornam, dadas as restrições onerosas para a obtenção de licenças de trabalho e devido ao clima geral de intimidação. Apesar das promessas do governo turco de reabrir a nossa escola de teologia, não houve nenhum progresso. Se isto não for resolvido, o funcionamento administrativo e o futuro do Patriarcado Ecuménico estará em perigo".
Em 2016, a Arquidiocese Ortodoxa Grega da América enumerou outras violações da Turquia contra a Igreja Ortodoxa: O governo turco impõe restrições à eleição do Patriarca Ecuménico e dos Hierárquicos que votam, exigindo que eles sejam cidadãos turcos. Na realidade, o governo pode, arbitrariamente, vetar qualquer candidato ao cargo de Patriarca Ecuménico.
Visto que a população de Hierárquicos e Cristãos Ortodoxos na Turquia está cada vez menor, num futuro não muito distante poderá não mais haver quem eleger para o cargo de Patriarca Ecuménico.
As autoridades turcas não permitem o uso da denominação ou do termo "Ecuménico" para qualquer actividade religiosa, apesar do facto de ele estar em uso desde o Século VI d.C. e reconhecido em todo o mundo. A Turquia considera o Patriarcado uma instituição cujo representante é visto como líder espiritual dos cristãos ortodoxos da Turquia e não como líder de 300 milhões de cristãos ortodoxos mundo afora.
O Patriarcado Ecuménico não tem identidade jurídica ou personalidade jurídica de boa-fé na Turquia.
A falta de uma identidade jurídica é uma importante fonte de problemas para o Patriarcado Ecuménico, como o não reconhecimento dos seus direitos de propriedade e a não emissão de autorizações de residência e de trabalho a padres "estrangeiros" (melhor dizendo não turcos) essenciais para a continuidade e funcionamento do Patriarcado Ecuménico. As autoridades turcas não permitem que o Patriarcado Ecuménico possua qualquer propriedade, nem mesmo as suas igrejas. A casa patriarcal em si não é reconhecida como propriedade do Patriarcado e até mesmo a Fundação do Orfanato de Meninas e Meninos na Ilha de Buyukada (Prinkipos), da qual o Patriarcado possui escritura desde 1902, não é legalmente reconhecida pelo governo turco. A impossibilidade de obter licenças de trabalho pelos "estrangeiros" que trabalham no Patriarcado Ecuménico faz com que essas pessoas tenham que sair do país a cada três meses para renovar os vistos de turista que desestruturam o andamento e a produtividade do Patriarcado Ecuménico e desencoraja a alocação de pessoal do exterior.
Por meio de inúmeros métodos, as autoridades turcas confiscaram milhares de propriedades do Patriarcado Ecuménico e da comunidade ortodoxa grega ao longo dos anos, como mosteiros, mosteiros, igrejas, um orfanato, casas particulares, prédios de apartamentos, escolas e terras.
Para piorar ainda mais a situação, em vez de reabrir a escola, as autoridades turcas divulgaram recentemente um plano para a construção de um gigantesco centro educacional islâmico na região central da ilha de Halki.
Halki é um dos poucos lugares da Turquia onde ainda há uma comunidade grega. Não parece ser mera coincidência o facto de o governo turco ter escolhido Halki para construir um grande centro islâmico. Parece mais outra política do governo turco de islamização que irá promover com mais força a erradicação da herança cultural grega e do Cristianismo ortodoxo na região.
Os gregos da Turquia, remanescentes do outrora grande Império Bizantino, são brutalmente perseguidos e praticamente exterminados. Eles foram expostos, entre outros crimes contra a humanidade, a um genocídio, pogroms e deportações forçadas nas mãos de vários governos turcos. Como resultado, há somente cerca de 1.300 gregos em Istambul. Mas, apesar do seu ínfimo contingente, a moribunda comunidade grega ainda sofre discriminação e violações dos seus direitos.
O governo turco, que mantém fechada a maior escola de teologia cristã do país, despende grande parte do seu orçamento anual na construção de mesquitas mundo afora.
A Diyanet é o órgão do governo que planeia construir o centro islâmico ao lado do Instituto de Teologia Ortodoxa de Halki. O orçamento anual da Diyanet do ano passado totalizou 8,1 biliões de liras (US$1,38 bilião), superando os orçamentos de 12 ministérios, incluindo o Ministério da Saúde e o Ministério do Interior, segundo a imprensa turca.
Faz parte das actividades da Diyanet a construção de mesquitas em todo o mundo. De acordo com o seu site oficial, a Diyanet concluiu a construção de mesquitas nos Estados Unidos, Rússia, Bielorrússia, Alemanha, Somália, Haiti, Cazaquistão e em Gaza entre outros lugares. Novas mesquitas estão no momento em construção na Albânia, Quirguistão, norte do Chipre, região ocupada pelos turcos, Djibuti, Suécia e Inglaterra.
A Diyanet também planeia construir mesquitas no Kosovo, região de Karachay-Cherkessia na Rússia, Chade, Costa do Marfim, Venezuela, Mauritânia, Níger e no campus da Universidade de Georgetown nos Estados Unidos. Um "centro cultural turco" também está a ser construído em Tóquio, no Japão.
Segundo a Fundação Diyanet, o órgão também construiu mesquitas no Líbano, Mali, Filipinas e Crimeia.
O governo turco está a promover a islamização em todo o mundo por meio das suas actividades, que abrangem a construção de mesquitas. Apesar de o Cristianismo estar profundamente enraizado na Turquia, é uma religião que está morrendo. A Turquia, que hoje engloba a Ásia Menor ou Anatólia dentro das suas fronteiras, possui mais lugares bíblicos do que qualquer outra região do Médio Oriente, excepto Israel. Muitos apóstolos e santos cristãos, como Paulo de Tarso, Pedro, João, Timóteo, Nicolau de Mira e Policarpo de Esmirna, entre outros, ministraram ou viveram na Turquia.
A islamização da região foi iniciada pelas tribos turcas da Ásia Central que invadiram o Império Bizantino grego no Século XI. Hoje, apenas 0,1% da população da Turquia, de quase 80 milhões, é cristã, consequência da perseguição por séculos contra os cristãos.
A moderna república turca, fundada em 1923, quase completou o aniquilamento dos cristãos gregos remanescentes no país por meio de inúmeros crimes e pressões.
O governo turco de hoje, aparentemente agindo de acordo com a sua própria ideologia jihadista, está a construir mesquitas na Europa e além, usando muitas delas para a sua própria agenda e disseminação fundamentalista islâmica. Uma Europa fraca, mal orientada e iludida parece estar ansiosamente se curvando a essa ideologia.
-
Uzay Bulut, jornalista da Turquia, Ilustre Colaboradora Sênior do Instituto Gatestone. Ela está atualmente radicada em Washington DC
*
Fonte: https://pt.gatestoneinstitute.org/13083/turquia-mesquitas-cristianismo