PARTIDO DOS DEMOCRATAS SUECOS AVANÇA A OLHOS VISTOS
O domínio centenário do Partido Social-Democrata na arena política da Suécia está seriamente ameaçado nas eleições legislativas agendadas para o próximo domingo. Os outrora ostracizados Democratas Suecos – cujas origens remontam ao movimento neo-nazi sueco da segunda metade do século passado – surgem nas sondagens como principais concorrentes do partido de centro-esquerda e podem mesmo vir a ser a força mais representada no Riksdag (Parlamento).
Defensores de um programa anti-imigração e anti-União Europeia, prometem baralhar as contas na formação do Governo e na definição da agenda política para os próximos anos.
De acordo com o site sueco Val.digital, que faz uma média actualizada das sondagens realizadas pelas principais empresas do sector, os nacionalistas agregam 20,2% das intenções de voto, pouco abaixo dos sociais-democratas, no topo com 24,3%, e acima do Partido Moderado (Centro-Direita), que recebe 19,5% dos apoios.
Alguns dos estudos tidos em conta no cálculo do Val.digital dão aos Democratas Suecos o primeiro lugar e com percentagens superiores a 25%, como foi o caso do da YouGov. Números que põem a força populista à beira de duplicar a sua representação no Riksdag, depois dos 12,9% obtidos nas eleições de 2014.
O caminho percorrido pelos Democratas Suecos nos últimos anos é um caso de manual na política europeia recente. Ou, pelo menos, no que versa sobre a estratégia de “desdiabolização” posta em prática por muitos movimentos de extrema-direita do continente, como a Frente Nacional (França), a AfD (Alemanha) ou o FPÖ (Áustria).
Fundado em 1988 por antigos membros do Reino Nórdico, um partido neo-nazi nascido nos anos de 1950, e patrocinado pelo movimento nacionalista Bevara Sverige Svenskt (Manter a Suécia Sueca), o partido de Extrema-Direita foi durante largos anos marginalizado pelas restantes forças políticas, devido ao seu programa xenófobo e supremacista.
A partir de 2005, porém, os Democratas Suecos iniciaram um processo de moderação, sob a liderança de Jimmie Akesson (39 anos). Sem abdicar do Nacionalismo, da reprovação da imigração e do desdém pela União Europeia, o partido suavizou as suas posições mais extremistas, começou a focar-se nos problemas que afligem os pensionistas e os desempregados, e levou a cabo uma verdadeira purga interna, expulsando militantes abertamente racistas, anti-semitas e xenófobos – incluindo figuras de topo.
A estratégia tem funcionado. Os Democratas Suecos chegam a cada vez mais eleitores e estão a crescer a olhos vistos nas intenções de voto. Mas para os analistas não há grande diferença entre o passado e o presente do partido, quando o seu líder defende, por exemplo, que o crescimento da comunidade muçulmana na Suécia é a “maior ameaça estrangeira desde a II Guerra Mundial”.
“A mentalidade das pessoas mais activas dentro dos Democratas Suecos é a de que os imigrantes e as minorias estão no centro de tudo o que está errado com a sociedade. E por isso continuamos a ler, nas notícias, escândalos sobre políticos seus que dizem coisas como ‘a Suécia é um lugar onde os brancos pertencem e os não brancos não’”, explica ao Observer Jonathan Leman, investigador na revista sueca Expo, especializada no estudo de nacionalismos e extremismos.
Apesar de a economia estar a crescer, de o Estado social sueco ser um dos mais generosos do mundo e de o país apresentar elevados índices de satisfação e qualidade de vida, o eleitorado do partido de Extrema-Direita preocupa-se com o crescimento da população nascida fora da Suécia – 18% de 10 milhões de habitantes –, o seu impacto no acesso aos benefícios sociais, e o aumento da criminalidade e da violência urbana.
Inquietações que os Democratas Suecos têm sabido explorar, abordando-as muitas vezes como um único problema. E com redobrado vigor nos últimos cinco anos, depois de a Suécia ter acolhido quase 600 mil refugiados.
Ao mesmo tempo que argumentam que todos os imigrantes que aprendam Sueco e abracem a cultura do país são bem-vindos, os populistas querem reduzir o número de licenças de trabalho para cidadãos estrangeiros e confinar a aceitação de pedidos de asilo político a pessoas de nacionalidade dinamarquesa, finlandesa e norueguesa.
“A imigração é cara: retira recursos aos professores, aos médicos e aos assistentes sociais. E afecta tudo o resto. Não podemos fechar os olhos”, justifica ao Financial Times Patrick Jonsson, dirigente regional do partido.
Excluindo o debate sobre a Europa – a proposta de um referendo sobre a saída da Suécia da UE ainda não granjeou muitos adeptos –, a verdade é que os Democratas Suecos foram bem-sucedidos a trazer os temas da imigração e dos desafios da globalização para a campanha. Obrigaram os partidos do establishment a adaptar os seus programas e, dessa forma, a contribuir para a legitimação de um partido que ainda vêem como pária e com quem ninguém quer conversar.
Paula Bieler, deputada dos Democratas Suecos, vê como inevitável a entrada do seu partido no diálogo político mais alargado e acredita que quanto mais forem ostracizados, mais apoios receberão no futuro: “De uma forma ou de outra, o próximo Governo terá de falar com todos os partidos. Se recusarem falar connosco, sofrerão as consequências em 2022”.
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Fonte: https://www.publico.pt/2018/09/03/mundo/noticia/extremadireita-ameaca-establishment-e-sonha-com-vitoria-nas-legislativas-1842633
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Trabalho nacionalista sério é assim - trabalho democrático, trabalho de quem se livrou de antigos dogmas estupidificantes, trabalho de quem percebeu que a Democracia é uma aliada natural do Nacionalismo.
1 Comments:
Na Suécia? Nao nao pode ser. Eles são super tolerantes. São fake news
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