sexta-feira, fevereiro 23, 2018

O «FEMINISMO» DA ELITE REINANTE TAL COMO É APLICADO NA SUÉCIA - FEMINISMO MA NON TROPO...

"A Suécia tem o primeiro governo feminista no mundo," vangloria-se o governo sueco no seu Website oficial. O que significa isso em concreto? "Isto significa que a igualdade de género é parte central das prioridades do governo... uma perspectiva de igualdade de género é o cerne da formulação de políticas numa frente abrangente... A ferramenta mais importante do governo para implantar a política feminista é inserir a grande massa na integração de género e para tal o orçamento adequado com base no género é uma componente chave".
Este 'adendo' à retórica burocrática é um retrato do actual governo da Suécia composto por doze mulheres e onze homens.
É claro que há diversos tipos de feminismo. O preferido da Suécia não é o da irmandade universal e da disseminação da igualdade entre os sexos ao redor do planeta. Não, é o feminismo "interseccional". O que vem a ser feminismo "interseccional"? É uma espécie de feminismo que, de acordo com o relativamente novo conceito académico de "interseccionalidade", aceita uma hierarquia na qual outros "grupos de vítimas", como "pessoas de cor" e muçulmanos, estão mais acima na escala das injustiças do que as mulheres, e as mulheres que pertencem a esses grupos pertencem a um status ainda mais alto de vítimas do que as mulheres brancas, cristãs ou judias.
Isto significa que as feministas "interseccionais" devem ser culturalmente susceptibilizadas e culturalmente relativizadas, reconhecendo e privilegiando valores culturalmente estabelecidos além da igualdade sexual. Devem ser feministas que entendem que, ao mesmo tempo que nenhuma demonstração de desprezo pela suposta tirania dos homens do Ocidente é exacerbada, exagerada ou vulgar, devem, nos seus encontros com culturas menos feministas, ajustar a sua devoção à igualdade feminina respeitando as distintas prioridades dessas culturas. Na prática, essa compulsão de respeitar as diferentes prioridades de outras culturas é mais urgente, quando o respeito propriamente dito for tolhido quando a cultura em questão é aquela em que a desigualdade feminina é totalmente engessada e impingida.
Esse tipo de feminismo, desnecessário dizer, não se limita à Suécia. No ano passado, um dia após a posse de Donald Trump, esse feminismo estava estampado nos Estados Unidos na Marcha das Mulheres, onde o novo presidente foi universalmente acusado de ser a personificação do patriarcado, enquanto Linda Sarsour, uma mulher vestida com uma hijab, defensora da lei islâmica (charia), tornou-se heroína feminista da noite para o dia.
Sarsour está promovendo o quê? De acordo com a lei da charia a mulher deve ser submissa e obediente. O testemunho da mulher num tribunal vale metade do testemunho de um homem, porque ela é "deficiente no tocante à inteligência." Uma filha deve ter direito somente à metade da herança de um filho. O marido não só tem o direito de bater como é recomendado que bata na sua esposa se ela não for suficientemente obediente. O homem pode sair com esposas "infiéis", mas uma mulher não se pode casar fora da sua religião. Um homem pode ter até quatro esposas, mas uma mulher pode ter somente um marido. Um homem pode-se divorciar da sua esposa simplesmente pronunciando algumas palavras; uma mulher, se quiser o divórcio, deve-se submeter a um processo prolongado no final do qual um grupo de homens decidirá a questão. O homem tem o direito de manter relações sexuais com a esposa mesmo contra a vontade dela e, em determinadas circunstâncias, também com outras mulheres. E isso é só o começo.
Às vezes, quando alguém aponta essas leis, as pessoas respondem: "bem, a Bíblia diz isto e mais aquilo". O ponto não é que essas coisas estejam escritas na escritura islâmica, mas que as pessoas ainda as respeitem. Além disso, na Marcha das Mulheres do ano passado, Sarsour, uma mulher que defende esses códigos de conduta profundamente discriminatórios e profundamente anti-feministas, foi aplaudida. Este é o feminismo "interseccional" levado ao ponto da auto-destruição.
Ainda assim, em nenhum país os preceitos do feminismo "interseccional" foram mais inequivocamente aprovados pelo establishment político e cultural e mais resolutamente interiorizados pelos cidadãos do que na Suécia. Um exemplo claro: uma das consequências do feminismo "interseccional" é a grave relutância em punir muçulmanos por agirem de acordo com os ditames morais da sua própria cultura e é exactamente por causa dessa relutância que a Suécia, com o seu "governo feminista", de acordo com alguns observadores, se tornou a "capital do estupro do Ocidente. "Ademais, foi a "interseccionalidade" que no ano passado fez com que todas as mulheres membros de uma delegação do governo sueco em visita ao Irão usassem véus e se comportassem como o harém mais submisso do planeta. "Com esse gesto de subjugação" destacado por um Website de notícias suíço, "elas não só caçoaram de qualquer conceito de 'feminismo', como também apunhalaram as suas irmãs iranianas pelas costas".
Outro exemplo do feminismo "interseccional" é o da sueca de 45 anos que trabalhou numa residência colectiva para "refugiados menores de idade desacompanhados." Em Novembro de 2016, aparentemente guiada pelo seu bom coração, acolheu em sua casa Abdul Dostmohammadi, um ex-residente afegão da residência colectiva, depois de ele completar 18 anos e não mais poder permanecer naquele local. No espaço de um mês eles viraram amantes; alguns meses depois, conforme reportado recentemente, Dostmohammadi molestou sexualmente a filha dela de 12 anos. Quando a menina contou o que aconteceu à sua mãe, ela não fez nada. Mais tarde explicou às autoridades que temia que Dostmohammadi fosse deportado.
Quando a menina contou ao pai, que morava noutro lugar, ele denunciou o caso à polícia. A mãe não precisava de se preocupar com a deportação: Dostmohammadi foi condenado a três meses com a suspensão condicional da execução da pena, multado a pagar um valor irrisório e a prestar serviços comunitários. Tamanha é a força do feminismo "interseccional" no sistema da Suécia: permite que uma mãe sueca e uma corte sueca concedam menor prioridade ao bem-estar de sua filha sexualmente molestada do que ao bem-estar do muçulmano que a molestou.
Concluirei com mais um exemplo do feminismo "interseccional" institucionalizado em acção: os pais iraquianos de Alicia levaram-na para a Suécia quando ela tinha quatro anos de idade. Aos 13 anos, levaram-na de volta para sua terra natal para se casar com o seu primo de 23 anos. Ao retornar sozinha à Suécia, Alicia, cidadã sueca, deu à luz meninos gémeos, que ao nascerem tornaram-se automaticamente cidadãos suecos. Após cuidar deles por um período de tempo, os seus filhos foram-lhe tirados, contra a sua vontade, para serem criados pelo marido no Iraque. No ano passado ele pediu a custódia exclusiva no Tribunal Municipal de Estocolmo. Em 9 de Janeiro de 2018, o Tribunal Municipal de Estocolmo deliberou a seu favor, com base no fato dos gémeos terem vivido mais tempo com ele do que com Alicia, que já tem 24 anos.
Um tribunal sueco deliberou contra os direitos maternos de uma cidadã sueca e entregou os seus filhos, também cidadãos suecos, a um estrangeiro conhecido por ter estuprado a mãe deles, no contexto de um "casamento" da lei islâmica (charia), quando ela própria era uma criança. Juno Blom, especialista em violência "relacionada com honra", é uma sueca que, aparentemente, não recebeu o memorando sobre o feminismo "interseccional". Chamando à decisão do tribunal "desgraça", Blom acusou a Suécia de deixar Alicia desamparada durante toda a vida dela: "Uma menininha foi levada para fora da Suécia, obrigada a casar-se, estuprada e privada de estar com os seus filhos sem que as autoridades nada fizessem. E agora colocaram o último prego no caixão dela ao negarem a custódia dos seus filhos. Não me recordo de nenhum caso em que tantos erros tenham sido cometidos".
Ao que tudo indica, Blom não está entendendo. As autoridades suecas não cometeram nenhum "erro" no caso de Alicia. Cada atitude da parte deles está profundamente arraigada numa filosofia que eles compreendem totalmente e na qual acreditam profundamente. Eles são, como adoram proclamar, feministas orgulhosos, de cima a baixo. Acontece que, em deferência aos decretos da "interseccionalidade", a fervorosa crença na irmandade termina onde começa o brutal patriarcado islâmico, a opressão sistemática de género e a primitiva "cultura da honra". Este é o feminismo, a la sueca.
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Bruce Bawer é autor de um novo romance The Alhambra (Swamp Fox Editions). O livro While Europe Slept (2006) foi best seller da lista do New York Times e finalista do National Book Critics Circle Award.
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Fonte: https://pt.gatestoneinstitute.org/11902/feminismo-suecia

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Isto é exactamente o que ando a dizer desde a década passada e nunca sequer tinha lido a expressão «interseccional». Para além de qualquer explicação pretensamente racional, está a sensibilidade de quem usa os argumentos e os factos como justificação dos seus impulsos profundos e das suas simpatias pessoais - é a sensibilidade, repito, que conta. Quando a sensibilidade está envenenada por um ideal «religioso», nomeadamente o da Santa Madre Igreja Anti-Racista e Multiculturalista dos Últimos Dias do Ocidente, parte-se do princípio de que o Alógeno é sacrossanto e acabou, tudo o resto a isso se sacrifica, inclusivamente a própria dignidade das mulheres autóctones.
Torna-se por conseguinte cada vez mais óbvio que a única verdadeira defesa das mulheres, e demais grupos vulneráveis, é, no Ocidente, o Nacionalismo anti-imigração.