terça-feira, janeiro 02, 2018

SOBRE A ISLAMIZAÇÃO DO NATAL NO OCIDENTE

O período em que se comemora as festividades do Natal deste ano foi marcado por controvérsias relacionadas com o Islão em praticamente todos os países europeus. A maioria das discórdias foi gerada pelas elites políticas e religiosas multiculturais da Europa, que estão inclinadas a secularizar o Natal, ao que tudo indica, para garantir que os muçulmanos não se ofendam com as comemorações natalinas.
A muitos dos tradicionais mercados de Natal foram dados novos nomes como por exemplo Desfile de Inverno de Amesterdão, Confraternizações de Inverno de Bruxelas, Kreuzberger Wintermarkt, London Winterville, Festival de Inverno de Munique, com o intuito de projectar uma aparência multicultural de tolerância secular.
Mais preocupante ainda são as crescentes iniciativas de islamizar o Natal. A reinvenção da teologia do Natal baseia-se na falsa premissa de que o Jesus da Bíblia é o Jesus (Isa) do Alcorão. Esta fusão religiosa, por vezes chamada de "Chrislão", está a ganhar terreno num Ocidente que se tornou ignorante no que diz respeito à Bíblia.
Por exemplo, na Grã-Bretanha, a All Saints Church em Kingston upon Thames recentemente patrocinou uma comemoração conjunta de aniversário de Jesus e Maomé. A "Comemoração de Milad, Advento e Natal" realizada em 3 de Dezembro tinha como objectivo "marcar o aniversário do Profeta Maomé , seguida pelo aniversário de Jesus." A cerimónia religiosa de cerca de uma hora teve tempo suficiente para a oração islâmica, seguida pela distribuição de fatias de um bolo de aniversário.
O conceituado blog cristão "Archbishop Cranmer" censurou duramente a igreja pela falta de discernimento: "Observe como essa comemoração 'destaca o aniversário do Profeta Maomé', ao mesmo tempo que não está muito interessada no aniversário do Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus. A Maomé é reservado o título de profeta, enquanto que a Jesus não é dado o título nem de profeta nem de sacerdote, nem de realeza nem de messias. É a exaltação do Profeta Maomé ao lado do simples e ultrapassado Jesus, porque se fosse acrescentado qualquer asserção à sua divindade, indubitavelmente alienaria inúmeros muçulmanos (se é que eles já não foram alienados pelo conceito do haram, proibido pelo Islão), o que não teria sido lá muito inte-religioso ou missionariamente sensitivo, certo?"
O blog acrescentou que exaltar Maomé nas igrejas efectivamente proclama que Maomé é maior que Jesus: "Cada vez que uma igreja aceitar o epíteto de "Profeta" a Maomé, estará a repudiar a crucificação, negando a ressurreição de Cristo e refutando que a Palavra se fez carne e habitou entre nós, pelo facto de Maomé ter negado todos esses princípios fundamentais da fé cristã".
Anteriormente, uma passagem do Alcorão negando que Jesus é o Filho de Deus foi lida durante uma cerimónia religiosa numa igreja episcopal escocesa em Glasgow durante a epifania, comemoração da encarnação de Deus na pessoa de Jesus Cristo. Um dos capelães da rainha, Gavin Ashenden, classificou a leitura do Alcorão numa igreja como "blasfémia". Acrescentou que "existem outras maneiras consideravelmente melhores para se construirem pontes de entendimento" com os muçulmanos.
Em Londres, o Grupo Parlamentar Multipartidário dos Muçulmanos Britânicos, um grupo parlamentar composto por membros da Câmara dos Comuns e da Câmara dos Lordes, emitiu o seguinte comunicado: "Feliz Natal Muçulmano", visando chamar a atenção para o "humano" dos muçulmanos durante o Natal. O comunicado assinala: "Com muita frequência as instituições de caridade muçulmanas chamam a nossa atenção devido à cobertura negativa nos média... O que ouvimos menos ainda é o "Feliz Natal Muçulmano". As sopas comunitárias, bancos de alimentos, distribuição de ceias natalinas, faxina após as festas de Ano Novo, trabalho que as instituições de caridade muçulmanas fazem durante o período de Natal".
Na Escócia, o governo local foi acusado de "carcomer" a herança cristã da Grã-Bretanha, ao promover "festivais de Inverno" para as minorias étnicas, sem dar a devida atenção ao Natal. O ministro do Desenvolvimento Internacional da Escócia, Alasdair Allan, prometeu cerca de US$535.000 para financiar 23 eventos nos meses de Inverno. Descreveu os eventos como "datas expressivas em nosso calendário nacional" acrescentando que o "estimulante e diversificado" programa ajudará os Escoceses a "comemorarem tudo o que há de bom no nosso maravilhoso país durante os meses de Inverno". No entanto nenhum dos eventos tem qualquer relação com o Natal. Um porta-voz da Igreja Católica da Escócia ressaltou: "é profundamente decepcionante que o governo escocês tenha optado por não aceitar a realidade religiosa do Natal nos eventos do Festival de Inverno. Mais da metade da população declarou no último censo ser cristã. Os católicos e demais cristãos devem, com toda razão, estar a questionar-se qual seria o motivo deste festival financiado com dinheiro público não incluir nenhum evento destinado a ajudar os Escoceses a comemorarem o nascimento de Cristo, que é, sem a menor sombra de dúvida, a comemoração mais importante dos meses de Inverno".
Gordon Macdonald, da sociedade beneficente cristã CARE, salientou: "Faz parte da secularização generalizada que está em curso há vários anos dentro do governo escocês na qual nosso sistema de valores e património cristão tem vindo a ser corroído como consequência directa da política governamental".
Na Dinamarca, uma escola de ensino fundamental em Graested cancelou um tradicional serviço religioso da igreja que marca o início das festas natalinas para não ofender os alunos muçulmanos. Alguns pais acusaram a escola de fazer uso de dois pesos e duas medidas: há pouco tempo a escola realizou um evento chamado "Semana da Síria", no qual as crianças mergulharam na cultura do Médio Oriente. Ignorando os pais, a directoria da escola tomou o lado da escola: "A directoria apoia a decisão da escola de criar novas tradições (ênfase adicionado) que envolvam crianças e jovens". O primeiro-ministro da Dinamarca Lars Lokke Rasmussen, que frequentou a escola quando criança, assinalou que a decisão deveria ser revogada. A ministra da saúde, Ellen Trane Norby, salientou: "As escolas de ensino fundamental da Dinamarca têm o dever de difundir a educação e ensinar os valores culturais e os conhecimentos ligados ao Natal fazem parte essencial desse ensino".
Em França, o mercado de Natal anual que ocorre no distrito de Croix-Rousse de Lyon foi cancelado devido aos exorbitantes custos de segurança atrelados à protecção do evento de ataques terroristas islâmicos. Este ano o festival anual das luzes da cidade teve permissão de prosseguir. O governador militar de Lyon, General Pierre Chavancy, ressaltou que, por causa da "susceptibilidade" do evento, 1.500 soldados e polícias, apoiados por cães farejadores, Defesa Civil e detectores de minas terrestres, serão utilizados para a segurança do evento.
Na vizinha Bélgica, o chefe da Cruz Vermelha em Liège, André Rouffart, determinou que todos os 28 escritórios da cidade retirem os crucifixos para asseverar a identidade secular da organização. Observadores disseram que a decisão faz parte de um programa abrangente de "alterar certas terminologias" e "romper com as nossas tradições e as nossas raízes" com o intuito de apaziguar os muçulmanos. "Outrora referíamo-nos às festividades do Natal, hoje dizemos festividades de Inverno", assinalou um voluntário da Cruz Vermelha local. "O mercado de Natal em Bruxelas agora é chamado de 'Confraternizações de Inverno'. Deixem as coisas como estão".
Na Alemanha, uma escola em Lüneburg adiou uma festa de Natal porque um estudante muçulmano reclamou que as canções de Natal cantadas na escola eram incompatíveis com o Islão. A decisão da escola de reprogramar o evento, passando a considerá-lo uma actividade extra-curricular não obrigatória, gerou "um tsunami de cartas de ódio e até ameaças contra a administração da escola e contra o conselho da escola", de acordo com a revista Focus. Numa iniciativa com o objectivo de apaziguar os furiosos pais, o director da escola Friedrich Suhr disse que as canções de Natal "não cristãs" como "Rudolph a Rena do Nariz Vermelho" não seriam proibidas. Alexander Gauland, líder do partido anti-imigração Alternativa para a Alemanha (AfD), ressaltou que a atitude da escola representava "uma submissão inaceitável e involuntária ao Islão" e nada mais era do que uma "covarde injustiça" para as crianças não muçulmanas.
Em Munique, a publicidade de um "mercado de Inverno" multicultural retratava um boneco de neve coberto com uma burca. O presidente do partido AfD da Baviera, Petr Bystron, comentou a ironia: "um boneco de neve vestido com uma burca como símbolo de tolerância?" Em Halle, o mercado de Natal recebeu um novo nome "Mercado de Inverno".
Em Berlim, o tradicional mercado de Natal foi protegido por barreiras de concreto para evitar a repetição do ataque jihadista do ano passado em que 12 pessoas foram mortas e mais de 50 ficaram feridas. Em Stuttgart um homem de 53 anos foi preso no mercado de Natal ao afirmar que levava consigo uma bomba na mochila. Em Potsdam o mercado de Natal foi fechado porque uma farmácia próxima recebeu uma carta-bomba. Em Bonn, o mercado de Natal foi evacuado devido a uma ameaça de bomba.
Em Itália, uma escola em Milão retirou referências ao Natal numa festividade dando-lhe o nome de "Grande Festival de Boas Festas". Escrevendo no Facebook, o político local Samuele Piscina acusou a escola de implementar "uma política politicamente correcta de Esquerda" que priva as crianças italianas da alegria do Natal: "Após as peripécias com a Natividade e com os crucifixos, até as festas de Natal estão a ser coibidas nas escolas. O termo 'Natal', símbolo da nossa fé e cultura, não discrimina ninguém. A remoção dos símbolos natalinos não garante o respeito de ninguém, não produz uma escola e uma sociedade acolhedora e inclusiva, ao contrário, fomenta a intolerância contra a nossa cultura, os nossos costumes, as nossas leis e as nossas tradições. Temos plena convicção de que as nossas tradições devem ser respeitadas".
Em Bolzano, uma árvore de Natal de papelão foi removida da câmara municipal conforme determinado, porque "poderia ofender as susceptibilidades" dos muçulmanos. Alessandro Urzì, político local, manifestou indignação para com a medida: "o rigor burocrático com o qual a árvore foi removida para evitar o risco de irritar alguém reflecte o embrutecimento do clima cultural".
Na Noruega, uma escola de ensino fundamental em Skien anunciou que as festividades de Natal deste ano incluirão não apenas a habitual leitura dos versos da Bíblia pelos alunos, mas também dois versos do Alcorão que se referem a Jesus. O incomparável Bruce Bawer esclareceu as implicações dessa medida: "A programação de Natal da Escola Stigeråsen proporciona mais um exemplo de dhimmitude: covarde submissão europeia ao Islão. Este ano poderá haver alguns versos do Alcorão numa festividade de Natal, no ano que vem, um evento da época natalina, no qual ambas as religiões são celebradas em pé de igualdade e poucos anos depois, talvez, uma celebração infantil em que não haja nenhuma árvore de Natal e nenhuma cruz, apenas tapetes para as orações, bênçãos em árabe e hijabs para as meninas".
Em Espanha, a câmara municipal de Madrid substituiu as festividades de Natal na capital pela "Feira Internacional das Culturas" neopagã. Segundo a câmara municipal de Madrid, Manuela Carmena, ex-membro do Partido Comunista de Espanha, o propósito explícito do evento com um mês de duração, é descristianizar o Natal para torná-lo mais inclusivo: "Todos nós sabemos que o Natal é uma festa de origem religiosa, mas também é uma exaltação da humanidade, da solidariedade. Portanto, a Câmara Municipal de Madrid quer fazer tudo para que todos os que estão nesta cidade, de onde quer que sejam, possam desfrutar o Natal".
Rompendo com a tradição, a câmara de Madrid também se recusou a colocar um cenário da Natividade na Puerta de Alcalá, um dos monumentos mais famosos da cidade. José Luis Martínez-Almeida, político local, acusou Carmena de "colaborar com fervor a celebração do Ramadão", "procurando esconder quaisquer símbolos cristãos referentes ao Natal". Acrescentou: "queremos recuperar as nossas raízes culturais e religiosas".
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Soeren Kern é membro sénior do Instituto Gatestone sediado em Nova Iorque.
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Fonte: https://pt.gatestoneinstitute.org/11635/islamizacao-natal

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Independentemente de o artigo estar redigido sob uma perspectiva levemente cristã, até beata - chamar «neo-pagã» a uma celebração natalícia laica já diz muito - os exemplos citados não deixam de ser significativos, ainda que em muitos casos o «respeito» para com o Islão não passe de um pretexto de laicistas. O advento do «Crislão» há muito que se anuncia nas iniciativas de vários membros da Igreja e só surpreende quem não tenha percebido o cerne da mentalidade cristã universalista, para além dos conceitos teológicos concretos. No Cristianismo, a moral supera a teologia e o ritual. Por outro lado, o Islão é como um Cristianismo mais novo; há até quem diga que inicialmente era um cristianismo árabe. 
Contra tudo isto, acende-se cada vez mais o archote do Nacionalismo na Europa, pelo menos enquanto os Europeus forem maioria na sua própria terra...