quarta-feira, dezembro 06, 2017

PRESIDENTE DA TURQUIA DIZ QUE RECONHECIMENTO DE JERUSALÉM COMO CAPITAL DA NAÇÃO JUDAICA É «LINHA VERMELHA»

O Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, advertiu hoje que a possível transferência da embaixada dos Estados Unidos em Israel, de Telavive para Jerusalém, "só irá juntar gasolina ao fogo dos terroristas".
"Daqui, eu quero apelar ao mundo inteiro: É preciso abster-se de passos que alterem o estatuto legal de Jerusalém, um passo como esse só irá deitar gasolina ao fogo dos terroristas", disse Erdogan.
De acordo com a cadeia de televisão turca NTV, o Presidente turco fez estas declarações aos jornalistas juntamente com o rei Abdullah II da Jordânia, declarando ainda que "estas posturas não ajudam na luta contra o terrorismo".
"No que diz respeito à sacralidade e à preservação histórica de Jerusalém, pensamos o mesmo que a Jordânia", disse Erdogan.
"Um passo em falso sobre o estatuto de Jerusalém provocaria uma reacção do mundo islâmico, dinamitaria os fundamentos da paz, inflamaria as chamas de novas batalhas (...). Ninguém tem o direito de jogar com o destino de mil milhões de pessoas apenas por um capricho pessoal", advertiu o Presidente turco.
Para Erdogan, "a estabilidade no Médio Oriente tomará forma mediante uma Palestina independente com capital em Jerusalém Oriental".
O rei Abdullah II declarou que "não há alternativa à solução de dois Estados".
"A estabilidade de toda a região depende disso. Ontem (Martes), entrei em contacto com o Presidente dos Estados Unidos. Expressámos as nossas preocupações sobre a decisão relativa a Jerusalém. Temos de trabalhar rapidamente. Os Palestinianos e os Israelitas devem assinar um acordo de paz entre eles", referiu o monarca.
Abdullah da Jordânia, que chegou hoje a Ancara e ainda jantará com Erdogan esta noite, confirmou que retornará à Turquia no dia 13 de Dezembro para a cimeira extraordinária da Organização de Cooperação Islâmica (OCI), convocada hoje por Erdogan.
A cimeira reunirá os líderes dos 57 países membros da OCI, sendo que a Turquia atualmente ocupa a presidência da organização.
A comunidade internacional nunca reconheceu Jerusalém como capital de Israel, nem a anexação da parte oriental conquistada em 1967.
Israel considera a Cidade Santa a sua capital "eterna e reunificada", mas os Palestinianos defendem pelo contrário que Jerusalém leste deve ser a capital do Estado palestiniano ao qual aspiram, num dos principais diferendos que opõem as duas partes em conflito.
Os países com representação diplomática em Israel têm as embaixadas em Telavive, em conformidade com o princípio, consagrado em resoluções das Nações Unidas, de que o estatuto de Jerusalém deve ser definido em negociações entre israelitas e palestinianos.
Uma lei norte-americana de 1995 solicitava a Washington a mudança da embaixada para Jerusalém, mas essa medida nunca foi aplicada, porque os Presidentes Bill Clinton, George W. Bush e Barack Obama adiaram sua implementação, a cada seis meses, com base em "interesses nacionais".
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Fonte: https://www.dn.pt/lusa/interior/jerusalem-erdogan-diz-que-mudanca-de-embaixada-podera-aumentar-terrorismo-8967902.html

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Mais uma saudação é devida ao presidente norte-americano por não ter cedido à chantagem muçulmana, neste caso da parte do «califa» da «moderada» Turquia, país em processo de re-islamização desde a década de oitenta. Erdogan, já conhecido pelas suas declarações marcadamente islamistas, chega ao ponto de reunir os seus correligionários todos para «fazer frente» a uma medida da mais elementar justiça, visto que bem antes de os Árabes muçulmanos invadirem a Palestina já Jerusalém era a cidade sagrada dos Judeus. Não era uma parte da cidade que era sagrada, era toda ela... Nenhum português digno desse nome aceitaria «partilhar» com muçulmanos cidades como Mértola, Portimão, Lagos ou qualquer outra urbe portuguesa só porque um profeta muçulmano tinha tido aí uma visão durante o período em que os muçulmanos ocuparam o território hispânico ocidental pela força...
Particularmente sintomático é ver Erdogan a dizer que escolher Jerusalém como capital de Israel é «jogar com o destino de mil milhões de pessoas». Mil milhões de pessoas? Israel tem pouco mais de oito milhões de habitantes... os Palestinianos não chegam aos quatro milhões... então que «mil milhões» serão os referidos pelo turco? A resposta é simples: são os mil milhões de muçulmanos. Ou seja, não se trata de uma questão «palestiniana» ou «israelo-palestiniana», como alguns querem fazer crer - não é, nunca foi, um conflito puramente regional ou nacional, mas sim eminentemente religioso, entenda-se, uma questão de imperialismo muçulmano puro e simples.