sexta-feira, junho 30, 2017

DEPUTADA IAZIDI DO IRAQUE DENUNCIA OS HORRORES DO CALIFADO

A única deputada yazidi do parlamento iraquiano descreveu algumas das atrocidades cometidas pelo auto-proclamado Estado Islâmico nas regiões do país tomada pelos rebeldes, contando o caso de uma mulher que foi levada a comer o próprio filho.
Vian Dakhil contou, numa entrevista de emoções fortes ao canal egípcio Extra News, traduzida pelo Instituto de Pesquisa de Média do Médio Oriente (IMRA), que milhares de mulheres e crianças foram raptadas, mortas e tornadas em escravas sexuais e bombistas suicidas pelos radicais islâmicos.
Dakhil é, além de deputada, activista. Organizou e participou em várias missões de resgate de yazidis mantidos "em cativeiro" no Iraque. Não gosta do nome "prisioneiros", porque prisioneiros têm direitos, as vítimas do Estado Islâmico não.
"Violam-nas, vendem-nas, compram-nas, torturam-nas. Desde o início da tragédia (em 2014), raptaram cerca de 6900 mulheres, meninas, crianças pequenas." Os homens e rapazes yazidi são mortos.
Yazidi é um grupo étnico-religioso minoritário entre os Curdos, que tem sido perseguido ao longo dos anos por extremistas que os consideram "oradores do diabo", já que não se regem por livros sagrados e creem num espírito que o Alcorão descreve como Satanás.
"Uma das mulheres que conseguimos resgatar disse que tinha estado presa numa cela durante três dias, sem comida, sem nada. A dada altura, trouxeram-lhe (soldados do califado) um prato com arroz e carne", contou Vian Dakhil. "Comeu, estava com muita, muita fome. Quando acabou, disseram-lhe isto: 'Cozinhámos o teu filho de um ano que raptámos, e foi isso que acabaste de comer.'"
Dakhil continuou. Com relatos não menos chocantes e com o choque a invadir a cara do jornalista que a entrevistava. Contou que, numa das várias missões de resgate, uma rapariga lhe disse que a irmã de 10 anos - a mais nova das seis levadas pelo Estado Islâmico - tinha sido violada até à morte à frente do pai. A jovem que falou com Dakhil conseguiu sobreviver porque houve quem pagasse por ela.
Para resgatar vítimas raptadas pelos extremistas é preciso pagar. "Os membros do Estado Islâmico ligam-nos e dizem-nos que as querem vender. (...) E nós compramo-las. Nós, os yazidi, em pleno século XXI, compramos as nossas filhas e mulheres."
Um relatório das Nações Unidas de 2016, baseado em centenas de testemunhos de sobreviventes, concluiu que está em curso, desde 2014, um genocídio da comunidade Yazidi na Síria e no Iraque, com o objectivo de "aniquilar" a identidade de um grupo que não tem escolha. Aos homens, dá-se-lhes a hipótese de escolherem entre o islamismo extremista e a forca. Mulheres e crianças são levadas à força.
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Fonte: http://www.jn.pt/mundo/interior/escrava-do-estado-islamico-comeu-filho-de-um-ano-8600792.html

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Os Iazidis, irmãos étnicos da esmagadora maior parte dos Europeus, mereceriam a maior das protecções por parte da Europa, além de prioridade como refugiados, não apenas devido ao seu parentesco de raiz indo-europeia, mas também por constituírem alvos de primeiro plano por parte do califado. Só uma elite política cegamente fanatizada pelo igualitarismo universalista é que pode negar aos Iazidis o tratamento a que têm direito. Curiosamente, esta mesma elite nunca se pronuncia contra políticas de tipo «acção afirmativa» a favor de certas minorias étnicas que vivem há séculos no mundo ocidental...