sábado, fevereiro 25, 2017

MEMÓRIA DO MAIOR SUICÍDIO DA HISTÓRIA


A 25 de Fevereiro de 1336, os Lituanos que se refugiaram na fortaleza de Pilenai diante do avanço dos Cruzados recusaram render-se e optaram pelo suicídio em massa.
Como é sabido, embora relativamente pouco, uma das Cruzadas lançadas pela Cristandade dirigiu-se contra os pagãos do Báltico, a chamada Cruzada do Norte ou Cruzada do Báltico, que teve lugar entre os séculos XI e XV. As forças cristãs reuniam a Dinamarca, a Polónia, a Suécia e, em lugar de destaque, a Ordem Teutónica alemã e a ordem dos Irmãos da Espada Livónios. À defesa estavam os pagãos da zona que não queriam ser cristianizados: Livónios, Estónios, Wendas, Lituanos e Samogítios. A Cristandade estava a sofrer revezes na chamada «Terra Santa», a Palestina, e os Cavaleiros Teutónicos resolveram voltar a sua força contra outros europeus. Em 1230, este colectivo cristão começou a conquista da Antiga Prússia, criando aí o Estado da Ordem Teutónica.
Um dos episódios desta campanha cristianizadora foi a do cerco da fortaleza de Pilenai, onde os Lituanos, liderados pelo Duque da Samogítia, Margiris, resistiram até ao fim em nome da lealdade à sua religião ancestral. Percebendo que não conseguiriam vencer, optaram pela morte. Depois de queimarem as suas posses, queimaram também a própria fortaleza e mataram-se - homens, mulheres e crianças. Não deixaram assim nada aos invasores a não ser terra queimada. Dizem as fontes que ao todo as pessoas que estavam na fortaleza ascenderiam aos quatro milhares de indivíduos, o que ultrapassa os novecentos e sessenta judeus que se suicidaram na fortaleza de Masada em 73 e.c. e os mil residentes de Demmin, Alemanha, que no final da II Guerra Mundial tiraram a vida a si mesmos diante do avanço das tropas inimigas.
Como se esperaria, a decisão de Pilenai veio a ser glorificada pelos Lituanos, nomeadamente no poema «Margier», de Władysław Syrokomla, e na ópera Pilenai, de Vytautas Klova.
O primeiro está gravado no monumento em honra deste episódio histórico que se pode ver no topo deste tópico e que a seguir se traduz (mediocremente talvez, a partir da tradução em Inglês):
«Esta é a sepultura dos gigantes de Margis!
Apesar de seis eras terem passado,
Tal como eles - apenas uma mão cheia de cinzas!
Mas conta mais do que os vivos.»

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Fonte: http://www.ancient-origins.net/history/mass-suicide-pilenai-lithuanian-defenders-choose-death-over-enslavement-002855


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O maior suicídio da história aconteceu pois como forma de resistência a um totalitarismo de origem não europeia, ainda que servido por braços da Europa. Gesto nobre mas demasiadamente caro. O popular princípio de «antes quebrar que torcer» deve ser relativizado quando em causa está a sobrevivência de uma identidade étnica, sobretudo se a passagem à clandestinidade temporária constitui uma via possível. O maior acto de resistência é a sobrevivência da estirpe. 

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/02/1862095-cresce-apoio-gay-a-nome-da-extrema-direita-na-franca.shtml

26 de fevereiro de 2017 às 12:21:00 WET  

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