«BRENO, INIMIGO DE ROMA»
https://www.youtube.com/watch?v=V5ojsfowpPw
Película dos anos sessenta recomendável a quem aprecia História épica dos alvores do Ocidente. Aqui se narra um episódio histórico pouco ou nada conhecido do grande público, que é o da invasão de Roma pelos Gauleses, não no final do Império Romano - e a maioria do povo já ouviu falar nas invasões bárbaras germânicas a partir do século V e.c. - mas sim ainda antes de Roma se tornar no maior império da Antiguidade europeia. Efectivamente, consta que por volta de 387 ou 390 a.e.c., os Sénones, tribo gaulesa, invadiram Roma e saquearam-a quase livremente, tendo depois sido derrotado ou simplesmente continuado o seu caminho para sul. A incursão foi liderada pelo lendário Breno, condutor dos Sénones. «Breno» poderia ser um antropónimo ou um título significando «líder», ou poderia ainda ser um nome para o corvo; de notar que um século depois se noticia na Grécia uma invasão gaulesa dirigida por um Breno que avassalou cruelmente as terras helénicas, cometendo excessos monstruosos, invadindo e sendo expulsos ou assustados por Apolo em Delfos e tendo depois derrotado os Gregos nas Termópilas, seguindo depois caminho para a Ásia Menor, onde se fixaram e ficaram conhecidos como Gálatas (e ainda hoje existe, por esse ou por outro motivo, um bairro em Istambul denominado Galatasaray; entretanto, o nome da capital turca, Ancara, é de origem céltica); acresce que um dos grandes reis condutor do Povo ao longo de uma épica migração numa narrativa galesa é Bran, e que também na Irlanda há um Bran, herói de viagens épicas, o que faz lembrar a lenda aparentemente cristã de São Brandão, monge conhecido por uma imensa viagem. O filme é italiano e já se sabe que cada um puxa a brasa à sua sardinha, daí que represente os invasores gauleses como uma chusma de agressores brutais combatidos e finalmente vencidos pelos heróicos Romanos. Os dados históricos conhecidos a respeito do sucedido dizem que o ataque celta teve como justificação a alegada violação de um tratado de paz entre os Gauleses e os Romanos quando estes últimos intervieram num conflito que não lhes dizia respeito. A cidade de Clusium ou Clúsio estava a ser atacada pelos Gauleses e pediu ajuda a Roma. Um dos emissários de Roma, que aparentemente tentava mediar o conflito, assassinou um líder gaulês. Os Romanos recusaram-se a entregar o homicida aos Gauleses e ainda elegeram dois membros da família dele - a gens Fábia - como cônsules. Esta parte não é sequer referida no filme, que só mostra os Romanos a apoiar a gente de Clúsio sem entrar em pormenores... Em represália pelo procedimento romano, os Sénones avançaram sobre Roma e derrotaram as tropas romanas na Batalha de Ália tendo depois entrado em Roma e feito o que lhes apeteceu quase sem limites. Não conseguiram ou não quiseram tomar a parte mais alta da cidade, o Capitólio, onde ficavam alguns dos templos mais sagrados de Roma, incluindo o de Iuppiter Optimus Maximus (Júpiter o Melhor e o Maior); a parte norte do capitólio, o Arx, consagrado a Júpiter, era o cume simbólico da Cidade da Loba, considerando-se que em sendo tomado estava Roma automaticamente conquistada. Aí se refugiaram alguns romanos resistentes, enquanto os Gauleses saqueavam o resto da urbe e matavam os senadores. Nisto o filme é fiel à narrativa clássica de Tito Lívio: os senadores, de aspecto venerando, permaneceram estoicamente sentados diante dos invasores, de maneira tal que impressionaram os gauleses. Um destes, mais atrevido, puxou a barba um dos senadores, o qual lhe bateu com o seu bastão de marfim, acto que despoletou o massacre dos senadores, chacinados pelos gauleses. Vêem-se no filme outros episódios desta invasão descritos na fonte clássica, nomeadamente a lenda dos gansos de Juno que grasnaram a tempo de avisar os romanos refugiados no Capitólio contra uma tentativa furtiva de infiltração gaulesa neste último reduto (os cães não deram o sinal). O filme mostra também a relativamente famosa cena em que os Gauleses recebem um resgate em ouro pago pela maior parte da cidade como condição para se irem embora. Os Gauleses encheram o prato de uma enorme balança com material pesado e exigiram que os Romanos equilibrassem a balança colocando ouro no outro prato, combinou-se que os de Roma pagariam mil libras de ouro, mas depois os pesos dos Gauleses era mais pesados que os dos Romanos e às tantas os invasores chatearam-se e proferiram a célebre «Vae victis!» («Ai dos vencidos!»), que é como quem diz que os derrotados têm de aguentar o que se lhes impuser, e a dada altura surge uma tropa romana liderada por Marco Fúrio Camilo, ditador que tinha sido exilado de Roma mas que retorna em grande e declara "Non auro, sed ferro, recuperanda est patria", «Não é com ouro mas com ferro que se recupera a pátria». A semelhança do que uns séculos mais tarde é posto na Lusitanos cercados por Roma é notória: «Os nossos antepassados não nos deixaram ouro para comprar a liberdade mas sim ferro para a defender.», às tantas uma das histórias é aldrabada, se não forem as duas, ou por sorte nenhuma delas, mas de qualquer forma ambas têm a sua beleza e são certeiras.
Ora o gajo que faz de Breno parece mais um gladiador de filmes (e isto é um filme...) que um líder gaulês tal como os textos clássicos e a Arqueologia descrevem, o fulano nem torques tem nem nada, e às tantas fala de um Deus «Tor» (?, não percebi bem a dicção no filme, gostava de ter o guião do filme), que, tanto quanto sei, não tem corno a ver com a cultura gaulesa, mas de qualquer forma a religião é respeitada na película em vez de ridicularizada ou menorizada, como acontece noutros filmes, a cena do culto a Minerva é inspiradora, enfim, o filme vê-se com gosto se o nível de exigência não for despropositadamente elevado.
Ora o gajo que faz de Breno parece mais um gladiador de filmes (e isto é um filme...) que um líder gaulês tal como os textos clássicos e a Arqueologia descrevem, o fulano nem torques tem nem nada, e às tantas fala de um Deus «Tor» (?, não percebi bem a dicção no filme, gostava de ter o guião do filme), que, tanto quanto sei, não tem corno a ver com a cultura gaulesa, mas de qualquer forma a religião é respeitada na película em vez de ridicularizada ou menorizada, como acontece noutros filmes, a cena do culto a Minerva é inspiradora, enfim, o filme vê-se com gosto se o nível de exigência não for despropositadamente elevado.
2 Comments:
mais um caso de racismo contra brancos.
Uma preta empregada da universidade, diz a um aluno branco que nao pode usar um simbolo egipcio porque ele nao é egipcio e ao que parece aquilo so deve ser usado por africanos. Imaginem se fosse ao contrario, um branco a dizer que um negro nao podia usar algo da civilização ocidental.. ia ser bonito ia, era logo espalhado em todo o lado pelos merdia.
https://www.facebook.com/paul.j.watson.71/posts/10154074031731171
no mesmo post, ha tambem 1 video que vi por alto duns cientistas que dizem que o rei tut tinha ascendencia europeia e nao africana. Mas negaram publicar os resultados. É a tal maquina propagandistica a tentar espalhar que os Egipcios eram negros e nao caucasianos. Estes media sao mesmo nojentos. https://www.youtube.com/watch?v=5Vg2BMkEjR0&feature=youtu.be
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