SOBRE UM ESTUDO GENÉTICO QUE MOSTRA QUE OS BRITÂNICOS AINDA VIVEM EM «TRIBOS»...
Fontes:
- http://www.telegraph.co.uk/news/science/science-news/11480732/Britons-still-live-in-Anglo-Saxon-tribal-kingdoms-Oxford-University-finds.html
- http://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-3000998/Are-Welsh-truest-Brits-English-genomes-contain-German-French-DNA-Romans-left-no-trace.html
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Finalmente arranjei tempo para noticiar aqui um estudo genético da Universidade de Oxford, do University College London e do Murdoch Children’s Research Institute, da Austrália, publicado na revista Nature há uma porrada considerável de meses. Consta que é o mapa genético do Reino Unido mais rigoroso e abrangente feito até hoje e os seus resultados são significativos: a gente deste país da Europa ainda vive «em tribos», por assim dizer, uma vez que as diferenças genéticas observadas entre as diversas populações britânicas coincide grosso modo com a configuração étnica da zona há mil e quatrocentos anos atrás, quando os Anglos, oriundos do sul da Dinamarca, e os seus irmãos e vizinhos Saxões, se estavam a estabelecer na área que viria a ser a Inglaterra e tinham diante de si os autóctones britânicos, de diversas origens célticas. Isto mesmo constata-se na comparação entre os mapas seguintes, o primeiro da Grã-Bretanha no ano seiscentos e o segundo dos resultados do estudo genético anunciado em epígrafe:
O artigo donde tiro a informação fala em «regiões» mas tal termo é aqui um eufemismo, na melhor das hipóteses - do que aqui se fala realmente é de nações. Chega a parecer aos cientistas fantástico como as fronteiras genéticas coincidem com as fronteiras «regionais», digamos, nacionais, o que é especialmente notório no caso da fronteira entre a Cornualha, nação céltica britónica, e Devon, região de Inglaterra: a fronteira territorial está mais ou menos no rio Tamar e as populações de um lado e doutro do rio têm ADNs diferentes.
Ao mesmo tempo, uma grande área do sul e centro de Inglaterra tem uma herança genética que coincide sensivelmente com as fronteiras da Inglaterra Anglo-Saxónica. Enquanto isso, o norte e o sul de Gales (nação céltica), correspondendo aos reinos de Gwynedd e Dyfed, diferem também um do outro. Pessoalmente observo, espero que não erradamente, que o cluster ou grupo genético representado pelo triângulo amarelo invertido quase só existe no sul de Gales, em mais lado nenhum das Ilhas Britânicas, o que faz lembrar a referência de Tácito aos Silures, que viviam nessa região, e que, segundo o autor romano, teriam uma origem diferente da dos outros Britânicos, descendendo de ibéricos...
Constata-se que na zona onde ficava o reino de Elmet, um dos últimos baluartes dos Bretões diante da invasão anglo-saxónica, existe ainda um cluster genético característico.
O geneticista Professor Sir Walter Bodmer testemunha: «O que isto mostra é a extraordinária estabilidade da população britânica. A Grã-Bretanha não mudou muito desde 600 AD. Quanto transpusemos a genética para o mapa obtivemos este fantástico paralelo entre áreas e similaridade genética. É um resultado extraordinário, muito mais do que eu esperava. Vemos áreas como Devon e Cornualha em que diferença coincide com a fronteira.»
O Professor Mark Robinson argumenta no mesmo sentido: «A composição genética que vemos é realmente algo de há talvez mil e quatrocentos anos atrás.»
O estudo, intitulado «Gente das Ilhas Britânicas», consistiu na análise da genética de 2039 pessoas de áreas rurais das ilhas britânicas cujos quatro avós tenham nascido a não mais de oitenta quilómetros uns dos outros.
Uma vez que um quarto do nosso genoma vem de cada um dos quatro avós, os pesquisadores o que fizeram foi estudar a herança genética destes ancestrais, permitindo um vislumbre da genética britânica no final do século XIX antes da migração maciça provocada pela revolução industrial.
O estudo indica, entre outras coisas, que a população do centro e sul de Inglaterra tem um significativo contributo anglo-saxónico, o que parece significar que este elemento invasor germânico se cruzou com a população bretã ou britónica (celta britânica) local. Entretanto, as marcas genéticas dos Romanos e também dos víquingues da Dinamarca parecem escassas, o que surpreende, no segundo caso, uma vez que estes invasores germânicos setentrionais (os Anglos e Saxões são germânicos ocidentais, os Dinamarqueses e outros escandinavos são germânicos setentrionais) chegaram a dominar grandes partes de Inglaterra, nomeadamente o leste do país, que chegou a ter o nome de Danelaw («A Lei dos Dinamarqueses»). Eventualmente mantiveram-se afastados da população local durante a conquista e depois ou foram exterminados ou foram-se embora. Só nas Ilhas Orkney, no nordeste da Escócia, há significativo elemento genético «víquingue», cerca de vinte e cinco por cento do ADN local, herança provável dos Noruegueses que por lá passaram e ainda hoje a população da zona realiza todos os anos um magno festival «víquingue», que inclui um grande navio a arder e consumo de álcool pela noite dentro.
No caso dos Celtas, os investigadores parecem surpreendidos por não haver um só grupo céltico mas diversos, uma vez que as populações de língua céltica - Escoceses, Irlandeses do Norte, Galeses e Córnicos - diferem notoriamente entre si em termos genéticos. Ora isto espelha para já a diferença linguística entre Goidélicos ou Gaélicos (Escoceses, Irlandeses, Manqueses) e Britónicos (Galeses, Córnicos, Bretões) e, de certa maneira, pode reflectir os antigos mitos das diferentes invasões que se abateram sobre a Irlanda, o que facilmente pode ter afectado as zonas vizinhas. Pode significar também que os actuais celtas descendem de povos de um tal arcaísmo que desde a sua fixação até hoje tiveram tempo de se diferenciar geneticamente a um nível considerável. De facto, estudo indica que os Galeses são os «mais puramente britânicos» e descendem de uma migração do final da Idade do Gelo, mais ou menos de nove mil a.e.c.. Milénios mais tarde, terá entrado na zona uma outra população, de origem não definida (céltica gaulesa? britónica falante do céltico P?), pouco antes de os Romanos chegarem.
Tabela indicativa das origens europeias dos diferentes clusters genéticos britânicos.
Constata-se mais uma vez o que diz o geneticista italiano Luigi Cavalli-Sforza: grosso modo, a genética coincide com a linguística, na Europa. É, com efeito, assaz significativo que a configuração genética do actual Reino Unido seja condizente com a Grã-Bretanha da época em que as diferenças étnicas mais se fez notar: de um lado, diversos celtas, do outro, os invasores germânicos ocidentais. Isto atesta o arcaísmo das identidades étnicas da terra, confirmando que de facto as misturas entre diferentes populações são afinal bem mais esporádicas do que quereria a politicagem correcta.
3 Comments:
NAQUELA EPOCA O ETNOCIDIO CULTURAL PROVOCADO PELO IMPERIO DE SOLO NÃO HAVIA ENTÃO CADA POVO PREFERIA OS DE SUA CULTURA E NÃO SÓ OS LOIROS INVASORES E OS MEDS INVADIDOS TINHAM HOSTILIDADES MUTUAS OS LOIROS SE ACHAVAM SUPERIORES MILITARMENTE E ERAM E OS MEDS SE ACHAVAM INVADIDOS
pena que a preservaçao dessas diferenças geneticas seja impossivel hoje em dia.
Mesmo sem imigrantes de fora da europa e da europa, a Inglaterra sofreu uma enorme invasao de Celtas de Gales, Cornualha, Escocia e Irlanda em busca de emprego desde a revoluçao industrial.
A mistura é maior e com isso deu-se a queda da fase de ouro Inglesa.
Como, o sangue céltico fez os Ingleses caírem?...
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