quarta-feira, maio 14, 2014

BANQUEIRO QUER MAIS IMIGRANTES MAS ACONSELHA OS JOVENS A EMIGRAR POR MAIS DINHEIRO

Agradecimentos a quem aqui trouxe esta notícia: http://www.ionline.pt/artigos/dinheiro/horta-osorio-sugere-portugal-analise-tamanho-ideal-da-populacao
Horta Osório constatou que a retoma vai ser “lenta e difícil” e que não vai ser ajudada pelo “factor demográfico”, uma vez que a população está, por um lado, a envelhecer e, por outro, a emigrar.
O presidente executivo do banco britânico Lloyds, António Horta Osório, propôs que Portugal estude o “tamanho ideal da população” face às dificuldades que as questões demográficas colocam à recuperação económica.
Durante um jantar-debate quinta-feira à noite organizado pela Associação Portuguesa de Gestão e Engenharia Industrial, Horta Osório constatou que a retoma vai ser “lenta e difícil” e que não vai ser ajudada pelo “factor demográfico”, uma vez que a população está, por um lado, a envelhecer e, por outro, a emigrar, algo que aconselhou aos jovens portugueses em busca de oportunidades.
“Acho que Portugal estrategicamente devia abordar a questão do tamanho ideal da população. (…) Nós devíamos seriamente pensar se devíamos ser um país de 10 milhões de pessoas a baixar ou se devíamos ser um país de 15 milhões de pessoas e se fossemos quais as políticas adequadas de imigração para atrair os quadros adequados e não quaisquer quadros, como faz Singapura ou como fazem outros países”, referiu o banqueiro, perante uma plateia que incluía o antigo presidente da Câmara do Porto Rui Rio e o presidente executivo da Zon Optimus, Miguel Almeida.
Quando questionado por um professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto sobre o que poderia ser feito para convencer os melhores alunos a ficarem em Portugal, tendo em conta os salários mais baixos do que os praticados noutros países europeus, António Horta Osório foi claro: “O meu conselho é que vão. E estou a falar muito a sério”.
“A ideia de ficar estoicamente num sítio onde têm metade do salário não é o adequado. E o mesmo se aplica à passagem das pessoas do campo para as cidades. Porque é que as pessoas vão para Lisboa ou para o Porto e não ficam em Vila Real, ou não ficam em Viseu ou em Castelo Branco?”, questionou o responsável do Lloyds.
Apesar de aconselhar à emigração no sentido da prossecução das melhores oportunidades de trabalho, Horta Osório salientou que se se mantiver uma ligação a Portugal, isso significa que “poderão no futuro contribuir muito para o país”.
*Este artigo foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico mas foi aqui corrigido à luz da ortografia portuguesa.

Significativo - primeiro diz que Portugal precisa de mais gente e justifica assim a imigração, mas a imigração de «quadros adequados e não quaisquer quadros», claro, depois manda emigrar os jovens, usando para isso uma argumentação economicista, o que não é de estranhar vindo de quem faz da Economia a sua vida profissional - só um economicista dos mais puros é que diria que por os salários em Portugal serem baixos os jovens devem emigrar, porque ficar «estoicamente num sítio onde têm metade do salário não é o adequado», independentemente do pormenor de esse «sítio» ser essa coisa arcaica e desusada chamada Pátria, ou, de acordo com a mais recente linguagem tecnocrática (do próprio primeiro-ministro tuga), uma «zona de conforto», qualquer dia até se deixa para trás o nome antigo de «Portugal», que rima com Tentúgal, Tramagal, Espargal e outras terras pequenas, e passar a chamar-lhe «Zona de Conforto 351» (351 é o indicativo telefónico de Portugal, isto com números é muito mais prático).
Repare-se que Portugal é um dos países com maior fosso sócio-económico da Europa, onde a população mais pobre vive bem abaixo da média europeia enquanto há empresários portugueses a auferirem salários tão altos como os seus congéneres alemães, mas mesmo assim isso não chega, para quem tudo mede pelo dinheiro é sempre preciso mais e mais dele, do dinheiro, e por esta óptica é absurdo ganhar uns míseros sete mil euros por mês quando se pode ganhar catorze mil no mesmo período. 
Enfim, é como é. Sucede entretanto que esta argumentação entra na prática em contradição com o que o plutocrata Osório diz anteriormente - pois se por os salários em Portugal serem baixos os jovens devem emigrar, como será que o senhor pretende atrair mais «quadros adequados»... não será através de salários mais altos? Será que o banqueiro advoga, sem o dizer, que se ofereçam salários mais altos aos imigrantes mais qualificados, enquanto o resto da classe trabalhadora em Portugal ou emigra ou continua com os mais baixos salários europeus?... Então e os jovens portugueses mais bem qualificados, devem emigrar ou não? Porque será que no texto da notícia acima Osório só fala em emigração e imigração mas não toca, que se leia, na questãozita de melhorar os salários?...

Nada disso surpreende, repito, vindo de quem vem.