«300 - O INÍCIO DE UM IMPÉRIO»

Sequela de «300» (2007), que representava o esforço heróico dos famosos trezentos soldados de Esparta que no estreito das Termópilas retardaram decisivamente o avanço dos Persas de Xerxes. 

Desta feita mostra-se o «outro» lado da resistência helénica ao invasor oriental, liderada por Atenas. Começa mui epicamente, com mestria cinematográfico-propagandística, e até corre relativamente bem até ao fim, embora tenha pouco mais que bordoada a rodos, sangue a esguichar, «show» de artes marciais e algumas grandiloquências pelo meio. 

Não é mau embora deixe algo por fazer. 

Convinha que tivesse um pouco mais de texto. Parece, relativamente ao anterior, mais do mesmo, para usar um chavão muito em voga. O que, repita-se, não é mau, se o mesmo for bom... 

Pena é que aldrabe um bocadito a história, nomeadamente ao atribuir a Artemísia a atitude de atacar a frota grega, contrariando a cautela de Xerxes, quando nas fontes históricas sobre o sucedido é dito precisamente o contrário, foi Artemísia quem aconselhou Xerxes a retirar-se em vez de avançar, sugestão que o persa acatou, satisfeito por ter incendiado Atenas, enquanto o seu subordinado Mardónio viria a ser derrotado pelos Gregos no ano seguinte em Plateia.

Pobrezito foi também o lugar-comum do combate final entre o «chefe dos bons» e a «chefa dos maus», como em qualquer pepinada de acção norte-americana. Pobrezito por previsível e completamente desnecessário. 

Mas enfim, este segundo, que no fim deixa antever a vinda de um terceiro, supera o primeiro no respeito sóbrio pela instituição religiosa helénica. Não há desta vez sacerdotes maximamente corruptos e degenerados a babarem-se em cima de uma bela virgem, estereótipo anti-sacerdotal dos mais básicos que manchou um bocado o «300» de 2007. A música dos Black Sabbath no genérico final também não terá sido a melhor opção, fazia ali mais falta uma sonoridade de sabor arcaico, como sucede no caso da primeira película, mas também se aceita. Em suma, um filme que vale a pena ver no grande ecrã, nomeadamente o Imax do Colombo.