quarta-feira, janeiro 15, 2014

LÍDER DA FRENTE NACIONAL FRANCESA REAFIRMA O SEU APOIO À DEMOCRACIA E À ALIANÇA COM A RÚSSIA

Fonte: http://portuguese.ruvr.ru/2014_01_14/Marine-Le-Pen-Nos-devemos-bloquear-o-federalismo-europarlamentar-6864/
O retorno às nações europeias, a necessidade de deixar de tolerar os EUA e o retorno triunfal da Rússia à arena política internacional - estas foram algumas das ideias expressas na entrevista exclusiva dada à Voz da Rússia pela presidente da Frente Nacional Francesa, Marine Le Pen. 

Voz da Rússia: Antes a senhora criticava a posição dos governos de Hollande e Sarkozy na questão síria, acusava-os de apoio aos fundamentalistas islâmicos, dizia que isto é “um erro moral e histórico”. Pode comentar estas palavras? Qual, na sua opinião, é o papel da Rússia na actual situação na região?
Marine Le Pen: Eu simplesmente vejo que tinha razão! Está claro para todos hoje que os rebeldes, apresentados como “defensores” da democracia, na sua maioria pertencem aos grupos da Al-Qaeda. As armas, que apareceram no Mali são as que nós fornecemos à Líbia! É evidente que a participação e sabedoria da Rússia, que voltou com brilho à arena política, e possibilitou evitar a intervenção militar, devem ser avaliadas positivamente. Eu penso que graças à Rússia nós evitamos nova decepção.

Voz da Rússia: A Europa, com frequência, censura a Rússia por não-observância dos direitos humanos. Mas a França neste campo está pouco acima da Turquia...
Marine Le Pen: Eu não esperei as declarações do Comité dos Direitos Humanos para entender que a democracia francesa está longe da perfeição. Em particular no campo da liberdade de expressão. É verdade também que neste campo a França foi condenada com mais frequência do que a Rússia. Ambos nossos países devem lutar para que a liberdade de expressão seja alcançada, porque isto é um importante componente da democracia. Eu penso que o abuso da livre expressão é melhor do que o abuso da censura, independentemente da punição por ele. Este é o preço da democracia. Eu considero que isto é justo para todos os países.

Voz da Rússia: Na opinião de alguns especialistas a reacção da República Francesa às revelações de Snowden foi insuficientemente clara. Qual, na sua opinião, foi a causa desta cautela?
Marine Le Pen: Eu fui a primeira pessoa que propôs que a França concedesse asilo político ao senhor Snowden. Aqui tudo está claro. O problema é que a França, como a União Europeia, depende dos EUA. Ela acompanha todas as suas decisões geoestratégicas.

Voz da Rússia: A senhora expressou com frequência a opinião sobre as consequências negativas da imigração clandestina. Que problemas provoca o fenómeno?
Marine Le Pen: Quando se permite a entrada de milhares de estrangeiros no país, onde já existe certa quantidade de desempregados, ou se tornam novos desempregados e agravam o sistema financeiro, ou potencialmente tornam-se concorrentes directos dos seus próprios trabalhadores. Influem sobre a parcela de apoio social. O problema seguinte é o problema da cultura. Quando os imigrantes chegam em massa, chegam com os seus códigos de conduta, atrás disto seguem-se exigências, cujos objectivos são mudanças no nosso país, mudança das nossas leis, dos nossos costumes.

Voz da Rússia: Por que a senhora acha que a Europa Unificada é uma anomalia? E que sua desintegração não provocará o caos?
Marine Le Pen: É impossível construir um império privando os povos da independência. Junto com isto arrancam-nos do processo democrático. E eu acredito na democracia. Eu falei sobre quatro grandes reformas necessárias para a UE: devolver a cada povo a soberania na criação de leis, para que as leis nacionais estejam acima das directrizes europeias, devolver aos povos a liberdade económica e a possibilidade de estabelecimento de “patriotismo económico” e também a defesa económica das suas fronteiras, readquirir a soberania territorial, isto é, o controle absoluto sobre as fronteiras nacionais e novamente adquirir a liberdade do sistema monetário, isto é, retorno ao sistema monetário nacional. Como eu estou absolutamente convicta de que a União Europeia nunca concordará com estas mudanças, eu concluo que a única saída é deixá-la em paz e ver como ela própria se desmorona.
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