DADOS SOBRE A IDENTIDADE GENÉTICA NACIONAL
Geneticamente, os dados apontam para uma fraca diferenciação interna dos portugueses, cuja base é essencialmente continental europeia de origem paleolítica. A base genética da população do território português mantém-se aproximadamente a mesma nos últimos quarenta milénios, apesar da presença de inúmeros povos no território português que também contribuíram para o património genético dos seus habitantes.
Os portugueses são uma população sul europeia, predominantemente oeste-mediterrânica e atlântico europeia.
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Um estudo adicional de 2007 posiciona as populações ibéricas algo afastadas de outros grupos continentais, incluindo outros grupos sul-europeus, dando fundamento à hipótese que a Península Ibérica alberga as populações com a origem mais antiga de toda a Europa. Neste estudo, a mais importante diferenciação genética europeia atravessa o continente de norte para sudeste, acompanhada de um outro eixo de diferenciação este-oeste (diferenciando o sul do norte), ao mesmo tempo que se verificou, apesar destas linhas de demarcação relativa, a homogeneidade e proximidade genética de todas as populações europeias.
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Estas populações paleolíticas, a grande base démica da presente população portuguesa, eram relativamente homogéneas geneticamente (caracterizadas pela mutação M173 no Cromossoma Y), e viriam a desenvolver a mutação M343, originando o Haplogrupo R1b, dominante ainda hoje entre os Portugueses e outros europeus ocidentais como Espanhóis , Britânicos, Franceses e etc. Anteriores análises do Cromossoma Y e do ADN Mitocondrial tinham já constatado a suma importância do legado paleolítico nas populações ibéricas. Apesar de essas metodologias não propiciarem fortes inferências sobres as estruturas genéticas populacionais, são bastante úteis na reconstrução das rotas migratórias das populações europeias.
Quer o haplogrupo Y-cromossomático R1b, quer o haplogrupo mitocondrial H atingem frequências de 60% em quase toda a Península Ibérica (chegando a 90% no País Basco). Tal demonstra o laço ancestral entre a Península Ibérica e o resto da Europa Ocidental, em particular aEuropa atlântica, que partilham elevadas frequências destes marcadores genéticos. Estas análises dão forte fundamento à hipótese segundo a qual populações fundadoras do norte ibérico colonizaram o resto da Europa Ocidental no fim da última glaciação. De facto, um dos maiores componentes do genoma europeu parece derivar de antepassados cujas características genéticas eram semelhantes à dos Bascos modernos, sendo que este componente é, por razões de proximidade e concordância geográfica, mais elevado no território ibérico. Geneticistas como Barry Cunliffe, Bryan Sykes, Stephen Oppenheimer e Spencer Wells têm avançado com a hipótese, fundamentada nestes e noutros estudos genéticos, bem como em dados arqueológicos, de que as populações ibéricas devem ser consideradas como a origem principal dos povos que repovoaram a Europa atlântica no período pós-glacial, particularmente durante o Paleolítico e o Mesolítico, mas também no Neolítico. De facto, esta origem genética mantém-se predominante ainda hoje na região atlântica europeia, desde a Peninsula Ibérica, passando por França, as Ilhas Britânicas (onde é particularmente marcada, nomeadamente nas populações do País de Gales e da Irlanda) e alcançando partes da Escandinávia. Dentro dos marcadores genéticos que evidenciam tal realidade démica, tais como o importante Haplogrupo Y-cromossomático R1b, existem haplotipos modais, sendo um dos mais caracterizados o Haplotipo Modal Atlântico (AMH), que alcança as frequências mais elevadas na Península Ibérica, atingindo os 33% em Portugal. Estes autores afirmam que, particularmente no Mesolítico (período de transição entre o Paleolítico e o Neolítico, com início há cerca de 10 mil anos), aOscilação de Allerød, uma desglaciação que diminuiu as condições árduas da última Glaciação, permitiu que as populações ibéricas (descendentes do Homem de Cro-Magnon) migrassem e recolonizassem toda a Europa Ocidental. Este foi o período da cultura Aziliense no sul de França e norte da Península Ibérica (até a foz do rio Douro), bem como da cultura dos Concheiros de Muge, no Vale do Tejo.
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Um estudo genético pormenorizou as origens geográficas dos antepassados dos actuais portugueses, sendo as seguintes:113
- 50,4% de contribuição ibero-itálica (originária da Europa mediterrânica)
- 24% de contribuição noroeste-europeia (originária das Ilhas Britânicas, Europa Ocidental ou Escandinávia)
- 9,1% de contribuição eslava-báltica (originária da Europa do leste e do centro e dos Bálcãs)
- 6,2% de contribuição norte-africana (originária do Magrebe e do Deserto do Saara)
- 2,6% de contribuição árabe (originária da Península Arábica e do Nordeste da África)
- 2,5% de contribuição leste-mediterrânica (originária dos actuais Chipre, Malta e de judeus europeus)
- 2,2% de contribuição do Chifre da África (actuais Etiópia e Somália)
- 1,9% de contribuição da Cordilheira do Cáucaso (actuais Rússia, Geórgia, Arménia, Azerbaidjão, Irão e Turquia)
- 1,0% de contribuição urálica (actuais Finlândia, norte da Rússia e montanhas urálicas)
Segundo um outro estudo,114 dos antepassados dos actuais portugueses:
- 50% deles eram originários da Península Ibérica. Isto sugere uma origem predominantemente autóctone da população portuguesa, remontando aos primeiros habitantes humanos da Península Ibérica, talvez incluindo povos falantes de língua ibérica que ali chegaram em tempos pré-históricos.
- 24,9% eram originários dos arredores da região chamada pelos romanos Gália Belga, que hoje incluem os Estados da Bélgica, Holanda, Luxemburgo, norte da França e sudeste da Grã-Bretanha. Isto sugere uma migração de povos de cultura celta para a Ibéria, que também ocorreu em tempos pré-históricos.
- 15,2% eram do Norte da África, o que pode significar contacto directo com mercadores fenícios e cartaginenses, assim como resultado da invasão muçulmana da península Ibérica ocorrida na Idade Média.
- 4,5% eram fínicos, que pode ser resultado da migração de povos que estiveram em contacto directo com eles, como os Godos e Alanos, de povos do Báltico como os Suevos ou dos saqaliba, que eram escravos eslavos trazidos para Portugal durante o domínio islâmico.
- Outras migrações contribuíram com os restantes 5,4%.115
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Portugueses
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