sexta-feira, novembro 08, 2013

«HOMEM DE AÇO»


Antje Traue, a saxónica (da Alemanha) que no filme faz o papel de Faora, vilã super-poderosa do espaço


Uma película com um dos melhores enredos que um filme do mais famoso super-herói da banda desenhada poderia ter - o tipo a enfrentar os ressabiados criminosos do seu planeta-natal, Krypton, libertados de uma prisão longínqua. O tema é forte e dá ou daria pano para mangas até em literatura e cinematografia da mais «séria»:  ressentimento, vingança, malandragem rejeitada pela sociedade mas com convicção ideológica, amargura, malta aristocrática com laivos megalomaníacos, enfim. E isto no segundo filme de Super-homem do final dos anos setenta estava razoavelmente bem apresentado. E sem politiquice correcta subtilmente anti-racista.
Na nova versão, de 2013, em contrapartida, a cambada argumentista arranjou maneira de atribuir ao mau da fita uma intenção de supremacia racial e, mais importante do que isso,
 
de criar uma situação em que o herói seja obrigado a optar por uma humanidade alógena em detrimento da sua própria estirpe.
 
Mete nojo, claro. Já se imagina qual a decisão do escuteiro de farda azul e nome judaico, Kal-El, mais conhecido por Clark Kent e mais ainda por Super-homem...
 
Fora isso, o filme tem um agradável tom épico, até majestoso, na primeira meia-hora, depois é que abandalha e americaniza um bocado. Mas, tomado cum grano salis, dá uma boa noite de entretenimento caseiro, despreocupado, sem grandes exigências, isto para quem gostar do género super-heroístico e futuristicamente marcial.

2 Comments:

Blogger Afonso de Portugal said...

Muito boa a análise! Tive exactamente a mesma sensação ao ver o filme. Até parecia que não estava a ver o super-homem, mas antes uma versão do Jesus Cristo sem barba e a dar socos nos seus familiares. Enfim, infelizmente esta tendência não é nova.

Mas mesmo exlcuíndo o messianismo, o filme é francamente inferior ao de 1978, em tudo menos na acção e nos efeitos especiais.

Eu até acho que só esta magnífica cena de abertura do filme dos anos setenta vale mais do que a nova versão inteira (até porque a música do John Williams é melhor do que do Hans Zimmer, por muito que custe ao clube de fãs deste último):

http://www.youtube.com/watch?v=XfIieHxfF3o&feature=player_detailpage

11 de novembro de 2013 às 22:11:00 WET  
Blogger Caturo said...

Olha que o início deste último super-homem até está bastante catita, quase nem parece um filme americano... mas de facto essa parte que aqui trouxeste é magistral.

11 de novembro de 2013 às 23:34:00 WET  

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