quarta-feira, junho 26, 2013

PNR DENUNCIA A DOENÇA DA «SAÚDE» EM PORTUGAL

O relatório do Observatório dos Sistemas de Saúde  mostra a situação que se vive neste momento de grave crise, onde parecem coexistir dois mundos, o oficial,  “onde tudo está bem”, e o da experiência real das pessoas, em que temos empobrecimento, desemprego crescente, diminuição dos factores de coesão social, e também uma considerável descrença em relação ao presente e também ao futuro com todas as consequências previsíveis sobre a saúde.
Um “país em sofrimento”, com indícios de racionamento que estaria a dificultar o acesso dos portugueses a cuidados de saúde. Um dos estudos mostra que, entre uma amostra de idosos com mais de 65 anos, residentes em Lisboa, cerca de 30% deixaram de utilizar alguns recursos de saúde por não poderem comportar os custos. Outro fala num aumento de 47% de tentativas de suicídio e de 30% dos casos de depressão registado numa unidade local de saúde.
Outros dados, abrangendo uma amostra de 1252 idosos (com mais de 65 anos) da área de Lisboa, revelam que “cerca de 30% responderam que já deixaram de utilizar alguns recursos de saúde por não poderem comportar os custos, sendo que, destes, cerca de 60% referiram a consulta particular, 48% a medicina dentária, 47% referiram a aquisição de óculos e aparelhos auditivos e 25% serviços públicos de saúde de primeira necessidade”.
No capítulo da “Saúde Mental e Suicídio, Evidência Nacional”, constata-se que, “na Unidade Local de Saúde do Alto Minho verificou-se, de 2011 para 2012, um acréscimo no diagnóstico de depressão de 30% para os homens e 31% para as mulheres. Já relativamente aos registos de tentativas de suicídio, e no mesmo período, verificou-se um acréscimo de 35% para os homens e 47% para as mulheres”.
Todos sabemos já que os cortes orçamentais são superiores ao exigido pela troika. O documento destaca ainda o aumento das taxas moderadoras, concluindo que os valores “ poderão ser uma verdadeira barreira de acesso aos cuidados de saúde”. Também não foi cumprida a intenção de melhorar a rede e investir nos modelos de Unidade de Saúde Familiar.
São dados para reflectir e nos consciencializarmos de que todo o Sistema de Saúde tem de ser colocado em quarentena, para que receba um tratamento realmente eficaz.