terça-feira, maio 28, 2013

ALA DIREITA DE PARTIDO DO PODER NA GRÉCIA BLOQUEIA LEI QUE CRIMINALIZARIA IDEOLOGIA

As dúvidas manifestadas pelo partido conservador grego Nova Democracia e as divisões internas no Governo de coligação impediram um acordo sobre a nova legislação antirracista e anti-nazi que tinha sido preparada pelo Ministério da Justiça.
"Não houve acordo político porque no partido Nova Democracia (ND) não estão convencidos", disse o líder dos socialistas (PASOK), Evangelos Venizelos, após uma reunião de três horas com o primeiro-ministro e líder do ND, Antonis Samaras, em que participou o presidente do Dimar, Fotis Kuvelis, partido de centro esquerda que faz parte da coligação governamental.
"Trata-se de uma questão de valores. Temos a obrigação perante o Conselho da Europa de termos uma legislação antirracista e antinazi. E aqui na Grécia é ainda mais importante porque temos um partido neonazi que viola as leis", acrescentou Venizelos, referindo-se ao Aurora Dourada, partido de inspiração nazi/fascista com 18 deputados no Parlamento de Atenas.
De acordo com a primeira proposta, a lei que foi preparada pelo Ministério da Justiça previa penas até seis anos de prisão, privação de direitos políticos e afastamento da função pública para os representantes políticos que promovam o ódio racial e a utilização de símbolos nazis.
De acordo com a imprensa grega, o projecto-lei passou mais tarde para a competência de membros da ala mais à direita do ND que, supostamente, retiraram ao texto a carga política que foi inicialmente proposta pelo Ministério das Justiça, o que terá provocado a polémica no interior da coligação.
Aliás, vários elementos do ND opuseram-se ao projecto-lei elaborado pelo ministério e mostraram-se contra a apresentação do documento no parlamento.
O vice-ministro grego do Interior, Jarábalos Athanasíu, disse mesmo, na segunda-feira, que "não é necessária" uma nova lei contra o racismo porque considera que a legislação em vigor já é suficiente.
Venizelos deixou bem claro que a posição dos socialistas prevê a apresentação imediata do projecto-lei ao parlamento para debate e votação, tal como defende o líder do Dimar.
Kuvelis reconheceu desconhecer a data da eventual apresentação do projecto-lei mas afirmou que o atraso é "inadmissível" e que a actual legislação não cobre "alguns pressupostos" contidos no novo texto.
O aumento da violência na Grécia provocou críticas da comunidade internacional e o Departamento de Estado norte-americano já fez saber que Washington vê com preocupação "o aumento do anti-semitismo e do racismo" na Grécia.
Também o Conselho da Europa criticou a falta de acção das autoridades gregas sobre os comportamentos e posições do Aurora Dourada, deixando claro que deve haver vontade política porque a "Grécia dispõe de legislação necessária para ilegalizar a formação política" de extrema-direita.
Por outro lado, o líder do PASOK criticou o funcionamento do executivo tripartido e pediu "mudanças", o que levanta interrogações sobre uma eventual crise governamental que, de acordo com notícias publicadas em Atenas, pode acontecer durante o verão.
Nos últimos meses, os neo-nazis do Aurora Dourada têm mostrado posições de força contra as autoridades e mesmo contra o parlamento e, na segunda-feira à noite, o líder do partido de extrema-direita, Nikos Michaloliakos, referindo-se às discussões sobre a nova legislação anti-nazi, disse mesmo que a formação política pode vir a "operar fora da lei".
Os gregos, que conseguiram enfrentar a invasão das tropas de Mussolini em 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, foram alvo da "Operação Marita" lançada pela Alemanha nazi em Abril de 1941, que obrigou à retirada das forças expedicionárias britânicas e à ocupação do país até Outubro de 1944, data em que os alemães e os aliados búlgaros saíram do país.
De acordo com historiadores, mais de 60 mil gregos foram executados por alemães, italianos e búlgaros, além da deportação de judeus e da grande fome provocada pela ocupação e que fez milhares de mortos em todo o país.

Isso, convém sempre contar, completamente a despropósito, um bocadinho de história que possa demonizar os «Nazis», mesmo que a AD não se tenha declarado «nazi»... além de que não é nada disso que está de facto em jogo mas sim o problema da iminvasão ou imigração em massa que também a Grécia está a sofrer, e que a elite quer menorizar ou dela desviar as atenções, por isso é que, também através desta imprensa, atira com estes baldes de areia aos olhos do povinho.

Uma saudação é devida, até ver, à ala direita da ND, que bem pode estar a preparar o salto para a AD...


1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Ou então o bloqueio foi apenas uma forma desesperada do ND ludibriar o povo fingindo-se de nacionalista só para impedir que a AD se torne ainda mais forte. Porque nesta altura o Sistema grego já está entre a espada e a parede, se não contem a AD a AD acabará por chegar ao poder, mas se tentar conter a AD ilegalizando-a a AD é capaz de se tornar uma organização ainda mais radical e agressiva, porque a AD já tem uma dimensão e um apoio popular de tal ordem que não seria a ilegalização que a faria sucumbir enquanto organização política, pelo contrário, só serviria para a acicatar.
Porque se o ND, o último partido do Sistema a quem os gregos aparentemente ainda dão crédito, ficar queimado aos olhos da população a AD ficará com o caminho para o poder desimpedido.
Portanto eu desconfio das intenções do ND, mesmo da sua ala "mais à direita", acho que eles apenas têm noção que são a última linha de defesa do Sistema contra o Nacionalismo grego.

28 de maio de 2013 às 18:35:00 WEST  

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