«JACK CAÇADOR DE GIGANTES»
Por sorte consegui ver o filme cujo título acima se lê, mesmo à tangente, já no último dia de exibição nos cinemas Lusomundo em Lisboa, ou penúltimo, que no dia seguinte, Joves, a única exibição era por volta do meio dia e tal... Segundo me disse a funcionária ao telefone, o filme não teve grande procura...
Trata-se de uma película quase toda feita com actores ingleses, integralmente falada no Inglês britânico, sem um único actor não branco, o que nos tempos que correm parece quase impossível. Os efeitos especiais são o chamado «quanto baste» e de modo algum servem ali como substituto ou compensação de qualquer coisa que falte no resto.
O enredo é simples sem ser simplista e baseia-se naquele que por acaso é o meu conto de infância favorito, o do pé de feijão - «João e o pé de feijão» na adaptação tradicional portuguesa, «Jack and the Beanstalk» na versão original, que é inglesa - história em que um jovem ousa trepar ao céu através de um pé de feijão que cresce para lá das nuvens e chega à «terra» aérea dos gigantes, Gantua. Gantua, nome que por seu turno não deixa de fazer lembrar o Gargantua de Rabelais, representante talvez dos míticos gigantes das origens de que falava Guy Tarade. Os do filme batem certo com o arquétipo clássico - bestialmente violentos e grotescos, em tudo evocam os Jotnar da mitologia nórdica, ou Gigantes - elemento de resto comum a várias senão a todas as mitologias, a começar pela helénica, com os Ciclopes, que de certo modo também se associam à tempestade, e os Hecatonquiros - particularmente os da tempestade. Talvez seja por isso que houve quem considerasse ter este conto infantil, o pé de feijão, chegado à Grã-Bretanha por meio das invasões das hordas dinamarquesas e norueguesas, numa palavra, viquingues.
Há em todo este imaginário adaptado a um público infantil - embora originalmente o conto tivesse causado polémica devido a um certo exemplo de libertinagem que oferecia - um eco da ligação heróica a colossais forças celestiais, cuja magnitude como que chamam ao alto os mais propensos a subir. E, quanto mais não seja, fertiliza a imaginação e a riqueza de espírito, que também é bom, útil ou não, mas seguramente bom, porque de bom gosto.
Recomenda-se por isso, especialmente a quem já tenha filhos e os queira educar num padrão imaginário e estético perfeitamente europeu.
Recomenda-se por isso, especialmente a quem já tenha filhos e os queira educar num padrão imaginário e estético perfeitamente europeu.
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