quarta-feira, março 14, 2012

MOIRAS ENCANTADAS, TESTEMUNHOS DA ANCESTRALIDADE PAGÃ CELTO-ATLÂNTICA QUE O CRISTIANISMO NÃO CONSEGUIU APAGAR

Fonte: http://www.continuitas.org/texts/morais_portugal3.pdf
(...)
Torna-se necessário ler nas entrelinhas das narrativas das mouras encantadas, a fim de as desvelar, bem como ao seu reino subterrâneo da Mourama ou mundo dos mortos, a «terra da promissão», no dizer de Martins Sarmento, sempre cheio de tesouros encantados, como o ventre da Terra-Mãe paleolítica, de onde brotavam os frutos que ditavam a sobrevivência dos caçadores-recolectores de então. Com o tempo, torna-se um País imaginário, distante, o País do Além, «[...]uma região ultramarina, que acabou por ser identificada como a parte da África, onde se refugiaram os árabes, expulsos da península; mas é mais que provável que só a primeira parte tem uma raiz verdadeira[...] esta terra da promissão fica em pleno mar[...] é como a side irlandesa — uma localidade onde habitam os mouros encantados». Os mouros e mouras encantadas serão, como o mesmo autor afirma, semelhantes aos Tuatha de Dannan, os filhos da deusa Ana da tradição irlandesa, seres imortais e possíveis representantes dos antigos deuses destronados, devido à chegada do cristianismo. Uma e outra tradição vêm de um passado longínquo comum, que abarca todo o arco atlântico, e o paradigma da continuidade paleolítica ajuda a compreendê-lo melhor. Posteriormente, para as comunidades populares, estes seres sobrenaturais foram metamorfoseados no Diabo ou em Nossas Senhoras identificadas com a Virgem Maria, como em Fátima, à custa das novas configurações culturais nascidas do cristianismo. Mas eles continuam a deter os segredos da Vida e da Morte, os mais essenciais anseios do ser humano – «os pressupostos mais profundos e mais difundidos do comportamento humano» –, marcados por milénios de História. Mesmo com diferentes roupagens, dada a sua inapagável importância, explicam atitudes que hoje prevalecem, esclarecem crenças que se conservam e dão-nos a dimensão de um País real (mais pagão que católico) e não as ficções que se apregoam, marcadas sobretudo pelo supérfluo e pelos modismos.
(...)
Numa época em que os sacerdotes cristãos se arrogavam, e impunham pela força, o exclusivo da mediação com os céus, erguiam-se fáceis e ao alcance de todos as árvores, fontes e pedras sagradas! O mísero camponês preservou, assim, centros de ascensão por intermédio dos quais era ainda possível um contacto pessoal, directo e autónomo com o sagrado.
(...)

In Portugal, Mundo dos Mortos e das Mouras Encantadas, por Fernanda Frazão e Gabriela Morais

13 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Sabes qual a origem etimológica da palavra "moiras"? Pelo que sei as moiras encantadas já assim eram chamadas antes da invasão moura o que me leva a essa curiosidade. Porquê "moiras" e não "ninfas" por exemplo?

Saudações.

15 de março de 2012 às 14:45:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

NÃO ENTENDO O QUE MOURA ISLAMICA E PAGANISMO PRE-CRISTÃO TEM A VER..PARECE ANACRONICA TROJANICE TIPICA..

15 de março de 2012 às 20:47:00 WET  
Anonymous Cunistorgis said...

Obrigado por este post.

Na região de Aljezur ainda existia no século XIX a tradição de evocar gens. E o que são gens? Gnomos. A tradição pagã considera que existem quatro tipos de espíritos na natureza, sendo que os gnomos são os espíritos do elemento Terra. No século XIX, os habitantes de Aljezur deixavam os trabalhos artesanais que estavam por fazer na cozinha ou noutra divisão da casa. Evocavam os espíritos da floresta, e de manhã, quando acordavam, eis que os trabalhos estavam feitos! Os gnomos, tal como os outros espíritos da natureza (sereias, fadas, unicórnios, etc.) foram considerados demónios pelo cristianismo.

15 de março de 2012 às 23:40:00 WET  
Blogger Caturo said...

Gens? Não será Jans? As Jans são uma espécie de espíritos femininos da floresta, conhecidas no norte de Portugal como Janas e nas Astúrias como Xanas; noutras partes da Europa latina ou em tempos romanizada são também conhecidas com nomes similares e pensa-se que derivarão de Diana, Deusa da Floresta e da Lua.

16 de março de 2012 às 01:57:00 WET  
Blogger Caturo said...

«NÃO ENTENDO O QUE MOURA ISLAMICA E PAGANISMO PRE-CRISTÃO TEM A VER.»

FOI UMA FUSÃO DE CONCEITOS PRODUZIDA PELA HISTÓRIA, MESCLANDO MITO ANTIGO COM HISTÓRIA MEDIEVAL, VIVÊNCIAS DA POPULAÇÃO DESTE EXTREMO OCIDENTE IBÉRICO.

16 de março de 2012 às 01:59:00 WET  
Blogger Caturo said...

«Sabes qual a origem etimológica da palavra "moiras"? Pelo que sei as moiras encantadas já assim eram chamadas antes da invasão moura o que me leva a essa curiosidade. Porquê "moiras" e não "ninfas" por exemplo?»

É uma boa pergunta. Pode tratar-se de um termo de origem pré-romana, eventualmente céltica («Mruo», morto sobrenatural), ou se calhar grega (as Moiras, também conhecidas como Parcas, que decidiam o Destino), que perdurou até hoje. Mais sobre o assunto foi aqui publicado:

http://gladio.blogspot.com/2008/09/as-moiras-encantadas-i.html

http://gladio.blogspot.com/2008/09/as-moiras-encantadas-ii.html

http://gladio.blogspot.com/2008/09/as-moiras-encantadas-iii.html


http://gladio.blogspot.com/2011/04/ha-moiras-e-moiras.html

http://gladio.blogspot.com/2010/10/sobre-as-moiras-encantadas-no.html

16 de março de 2012 às 02:07:00 WET  
Anonymous Cunistorgis said...

Athaide de Oliveira recolheu a prática durante o século XIX e usou a palavra gens... provavelmente a origem etimológica de gens e jans é a mesma.

16 de março de 2012 às 09:33:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Caturo, representante "ucraniana" da Eurovisão 2012:

http://www.youtube.com/watch?v=nbQM_dXusfM

16 de março de 2012 às 16:40:00 WET  
Blogger Caturo said...

Triste e preocupante. Na melhor das hipóteses, é a escolha feita por uma elite já em processo de ocidentalização acentuado. E que quer ganhar o festival a qualquer custo, daí a escolha de um pop de tipo particularmente comercial e cantado em Inglês. Nisso, Portugal tem sido exemplar, uma vez que praticamente todos os seus representantes cantam em Português, o que talvez lhes dê menos hipóteses de ganhar. Esse é um dos motivos pelos quais acho que todos os países deviam ser obrigados a apresentar representantes que cantassem na língua nacional, de modo a evitar tentações comercialóides. Assim, o evento deixaria de ser um festival do pop realizado por europeus para passar a ser um festival musical autenticamente europeu.

16 de março de 2012 às 19:37:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

foram considerados demónios pelo cristianismo.

15 de Março de 2012 23:40:00 WET

CLARO, ERA PRECISO DESTRUIR QUALQUER LINK CULTURAL QUE LEMBRASSE OS VALORES ORIGINAIS EUROPEUS E IMPOR OS DESVALORES ALIENS..

16 de março de 2012 às 19:38:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Triste e preocupante. Na melhor das hipóteses, é a escolha feita por uma elite já em processo de ocidentalização acentuado. E que quer ganhar o festival a qualquer custo, daí a escolha de um pop de tipo particularmente comercial e cantado em Inglês. Nisso, Portugal tem sido exemplar, uma vez que praticamente todos os seus representantes cantam em Português, o que talvez lhes dê menos hipóteses de ganhar. Esse é um dos motivos pelos quais acho que todos os países deviam ser obrigados a apresentar representantes que cantassem na língua nacional, de modo a evitar tentações comercialóides. Assim, o evento deixaria de ser um festival do pop realizado por europeus para passar a ser um festival musical autenticamente europeu.

FICA A PARECER AQUELES ENLATADOS DOS FINS DOS ANOS 90S/POS-62,5 DOS EUA..QUE SAUDADES DA EPOCA EM QUE KIEV, MOSCOVIA, O REINO POLACO-LITUANO E O LESTE TINHAM ORGULHO DE SEREM DO LESTE E NÃO ESSES PROTO-CAPACHOS DO EX-OESTE..

16 de março de 2012 às 19:42:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

NA EUROPA ORIGINAL O UCRANIANO NÃO TINHA VERGONHA DE SUA CIVILIZAÇÃO QUE GEROU KIEV, BASE DA CIVILIZAÇÃO ESLAVONICA..ELE NÃO QUERIA SER SÓ MAIS UM ENLATADO DOS EUA..A QUE PONTO CHEGAMOS..

16 de março de 2012 às 19:43:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

EU NÃO TINHA ABERTO O LINK..É MAIS NOJENTO AINDA DO QUE O CELSO DESCREVEU..

17 de março de 2012 às 04:47:00 WET  

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