INDÍGENA E HINDUS PRESOS NA SUÍÇA POR TENTAREM QUEIMAR BÍBLIA E ALCORÃO EM PÚBLICO

Na Suíça
, as autoridades prenderam na passada semana três indivíduos, dois hindus e um suíço, que pretendiam queimar duas Bíblias e dois exemplares do Alcorão diante do Palácio Federal de Berna. Os hindus foram interrogados pela polícia; pretendiam queimar ambos os livros na noite de sexta-feira. Um dos indianos, Vinodh Kumar, diz-se pronto para morrer pela sua causa.

Os dois hindus - Kumar e Titus Leo Panakal - e o suíço - Jean-Louis Sterren - escolheram a praça diante do Palácio Federal da cidade para atraírem o máximo de atenção possível. Panakal afirma que ambos os livros apelam à pornografia e ao terrorismo, sendo por isso obra de Satanás.

Na Suíça, a discriminação religiosa e a incitação à violência são punidas com uma pena de até três anos de cadeia.

Se calhar fizeram a coisa mal feita...

Primeiro, queimavam a Bíblia. Provavelmente, nada lhes acontecia (a não ser que, por pretexto de se poder condenar quem ataca o Alcorão, as autoridades ocidentais, para escaparem à acusação de tratamento desigual, comecem também a castigar quem cometa actos  públicos de ofensa ao Cristianismo).

Só depois queimavam o Alcorão... para ver se havia nas autoridades nacionais quem tivesse o topete de os condenar...

Independetemente disso, o sucedido é um retrocesso civilizacional - certamente que há coisas melhores para fazer com livros do que queimá-los (como por exemplo lê-los), mas numa sã democracia há forçosamente liberdade de expressão, e esta inclui o direito de expressar como quiser o seu desagrado por uma determinada doutrina, desde que, claro está, não prejudique ninguém. Ora por «prejudicar» não pode entender-se «ofender a sensibilidade» seja de quem for, porque por essa ordem de ideias então nada se podia criticar, pois que há sempre quem se disponha a considerar ofensivas as palavras de outrém. «Prejudicar», em Democracia, não pode significar mais do que interferir negativamente na posse directa e privada, seja na propriedade (graffitis, por exemplo) na condição física (agressão corporal) ou na intimidade (divulgação de aspectos da vida íntima). Se não se conseguir distinguir entre o espaço público e o espaço privado, não pode haver nem liberdade nem respeito, seja por defeito ou por excesso, que, no caso, vão dar ao mesmo.